Blog do Boleiro

Arquivo : fevereiro 2015

Jogadores devem ir a Brasília contra projeto de refinanciamento para clubes
Comentários 5

Luciano Borges

Convencer parlamentares a adiar ou impedir que o PL 5201/2013 seja votado e até mesmo enviar um grupo de atletas para Brasília a fim de fazer um corpo a corpo. Estas são duas das medidas que o Bom Senso FC está organizando desde a noite de ontem. A entidade que representa os jogadores de futebol tenta barrar a votação do projeto de refinanciamento das dívidas fiscais dos clubes de futebol. Uma manobra da bancada da bola na Câmara dos Deputados acelerou a tramitação do PL que corre agora em regime de urgência e pode ser votado na próxima terça-feira.

O Projeto de Lei 5201/2013 pode ser aprovados antes mesmo do governo federal, através da Casa Civil, apresentar uma Medida Provisória sobre o tema, que atende aos anseios do Bom Senso. Esta é outra ação que os atletas querem fazer: apressar o ministro Aloísio Mercadante para enviar a MP sobre o tema que foi discutida com vários segmentos do esporte.

O PL que ganhou velocidade no Congresso, permite que os clubes de futebol quitem as dívidas fiscais que têm em 25 anos. A contrapartida é exigir o fair-play financeiro, ou seja, o compromisso das agremiações em pagar em dia os salários de atletas e funcionários, sob a ameaça de rebaixamento de divisão.

A MP cuja redação está centralizada no Governo Federal, é mais dura nas punições, prevendo inclusive penas para os dirigentes. Hoje, a dívida estimada dos clubes com a Fazenda Nacional (INSS, Imposto de Renda, FGTS e débitos referentes à Timemania) é de R$ 3,7 bilhões.

No final do ano passado, em outra manobra dos parlamentares ligados a clubes de federações estaduais de futebol aprovaram um Projeto de Lei que, no seu bojo, refinanciava as dívidas dos clubes da maneira desejada pelos dirigentes. A presidente Dilma Rousseff vetou o projeto. A Lei da Responsabilidade Fiscal do Futebol passou  a ser discutida por vários segmentos da sociedade e o texto final ficou a cargo da Casa Civil.

As notícias de que as punições previstas para quem não andar com as contas em dia, fez com que a bancada da bola adotasse a manobra de regime de urgência. Na prática, o texto do PL 5201 não passará mais por comissões e vai direto para votação.

O Bom Senso FC sabe que tem dificuldade para impedir esta “avalanche” parlamentar. O lobbying dos clubes é muito forte. “Eles são muitos. Estamos falando de 40, 50 clubes. Se cada um tiver dois deputados sob controle, eles terão uma força muito maior do que a nossa que temos um trabalho mais simples”, disse Ricardo Borges, diretor executivo do Bom Senso FC.

O trabalho para convencer os deputados que não são ligados a clubes de futebol ficou mais difícil também depois que a posição do governo Dilma no Congresso é delicada. “Ele anda mais assanhado do que o normal”, afirmou um aliado do Bom Senso.

Curiosamente, a manobra da bancada da bola deu certo no mesmo dia em que a Confederação Brasileira de Futebol convocou os presidentes dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro para uma reunião nesta segunda-feira no Rio de Janeiro. Há a expectativa de que a CBF quer convencer os cartolas a aderirem ao “Fairplay Financeiro” ainda nos próximos dias.


Wesley deverá ser anunciado pelo São Paulo neste domingo
Comentários 41

Luciano Borges

O São Paulo planeja anunciar a contratação de Wesley no domingo, quando o time enfrenta o Rio Claro na casa do adversário. Se tudo seguir como os dirigentes tricolores querem, o jogador  deverá ser apresentado no início da semana que vem. Um dia antes, sábado, termina o contrato do atleta com o Palmeiras.

Wesley já tinha acertado, no final do ano passado, sua ida para o vizinho de centro de treinamento. As duas partes decidiram negar este fato até o encerramento do compromisso do jogador com o Palmeiras. Mesmo assim, os torcedores palmeirenses já vinham hostilizando o atleta nos últimos jogos do Campeonato Brasileiro de 2014.

Para o Palmeiras, Wesley custou cerca de R$ 31 milhões. Contratado quando jogava no Werder Bremen, ele jogou 103 partidas e marcou 12 gols em três temporadas. Em 2012, quando chegou, ficou seis meses parado para se recuperar de uma lesão grave.

O técnico do São Paulo, Muricy Ramalho, já dirigiu Wesley no Santos. Gosta da versatilidade do jogador que pode atuar como volante, como meia e também pelos dois lados do campo.


Rio 2016 prevê veto da Fifa a Manaus e tem pressa para vender ingressos
Comentários Comente

Luciano Borges

A indicação da Arena Amazônia, em Manaus, para ser um dos estádios do torneios masculino e feminino de futebol dos Jogos Olímpicos Rio-2016 deverá ser mesmo recusada pela Fifa. O Comitê Organizador Rio 2016 avalia que esta decisão será a mais provável da entidade máxima do futebol. Numa reunião realizada nesta quinta-feira no Rio de Janeiro, os integrantes do comitê discutiram o que vão dizer na reunião marcada para o dia 16 de março em Zurique.

Segundo Agberto Guimarães, diretor de esportes do Comitê, o tempo está ficando curto e a Fifa precisa definir logo locais e sedes dos jogos. “Para nós, o mais importante é decidir isso para podermos começar a venda de ingressos e trabalhar na organização destes torneios. Precisamos já ter o calendários dos jogos”, disse.

Há duas semanas, o Rio 2016 sugeriu Manaus como uma das sedes. Em comunicado oficial, a Fifa indicou que não considera a capital amazonense como uma opção prioritária, pela distância e dificuldades de deslocamentos das equipes.

No texto, a Federação Internacional deixou claro que seu Comitê Organizador da Fifa na Olimpíada gostaria de utilizar estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014. Mas acha que o raio de ação deve ser menor: “Dado que o torneio olímpico de futebol dura apenas duas semanas, a preferência da Fifa tem sido sempre por distâncias curtas entre os outros locais de competição e a Cidade Olímpica do Rio de Janeiro, para permitir que as equipes participantes tenham a melhor experiência olímpica possível”.

Se Manaus for rejeitada, os dois torneios de futebol serão disputados em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Paulistas e cariocas deverão ter dois estádios indicados. O Maracanã deverá ser poupado nas primeiras fases. O outro local indicado é Estádio Olímpico, nome que será dado ao Engenhão.

A Allianz Arena é forte candidata a ser uma da praças da competição. Mas ela tem um problema para solucionar: a infraestatura para a imprensa e mídia ainda não foi resolvida a contento. A Fifa quer utilizar também o Itaquerão.

Somente depois das indicações da entidade é que o Comitê Organizador Rio 2016 vai poder entrar em contato com as administrações destes estádios para saber custos e viabilidade. Até porque, estão previstas sete rodadas duplas que podem judiar dos gramados ainda na primeira fase das disputas.

O Comitê Olímpico Internacional deixa a organização dos torneios de futebol a cargo da Fifa. Normalmente, estas competições olímpicas ficam num plano inferior aos Mundiais e Copas do Mundo. Mas, desta vez, no Brasil, o fracasso da seleção brasileira no ano passado deve aumentar o interesse em torno da primeira medalha de ouro em Jogos Olímpicos tanto na seleção masculina como na feminina.

Sem falar na saudade que a festa da Copa do Mundo trouxe para turistas estrangeiros e brasileiros.

 

 

 


Preço do ingresso da Libertadores não será reduzido, diz cartola do SP
Comentários 13

Luciano Borges

Nesta quinta-feira, a diretoria financeira do São Paulo vai se reunir para avaliar problemas e soluções na operação de venda e entrega de ingressos. Na partida contra o Danúbio, sócios-torcedores reclamaram da demora no site eletrônico e na entrega dos ingressos no estádio do Morumbi. Mas, segundo Osvaldo Vieira de Abreu, vice-presidente administrativo e de finanças do clube, pouca coisa vai mudar. O preço dos ingressos será o mesmo, a prioridade aos sócios torcedores também.

Para o segundo jogo do time de Muricy Ramalho na Copa Libertadores da América, contra o Danubio do Uruguai, o time foi bem em campo e venceu por 4 a 0. As arquibancadas estavam praticamente vazias. Pouco mais de 16 mil ingressos foram vendidos, cerca de 25% da oferta (64.000 entradas).

O vice-presidente aponta outras causas que teriam contribuído com esta pouca procura: a chuva torrencial que caiu em São Paulo nesta quarta-feira, um menor interesse histórico na primeira fase da Libertadores e a derrota para o Corinthians na primeira partida do Grupo 2. E torce para uma revanche no dia 8 de março, pelo Campeonato Paulista, para aquecer a procura dos ingressos para a partida contra o San Lorenzo.

Blog do Boleiro – O São Paulo pode mudar a forma da venda de ingressos?
Osvaldo Vieira de Abreu – Com relação ao sistema implantado, não vamos mudar. Podemos fazer algumas correções pontuais. Temos uma reunião hoje e vamos ver o que deu certo e o que podemos mexer. A troca de empresas responsáveis por esta operação traz algumas dificuldades na transferência de dados, na linguagem. Estou falando do sócio-torcedor. Também a mudança de empresa fornecedora foi feita em cima da hora. Mas ontem as catracas eletrônicas funcionaram bem, enfim, já melhorou.

Mas vários sócios-torcedores reclamaram que não conseguiam completar a compra eletrônica e também da demora no processo.
Olha, ontem eu fiz um teste. Sou sócio-torcedor e, entre comprar ingresso, pagar com o cartão de crédito e rever o bilhete eletrônico foi instantâneo. Não teve este ‘delay’ na compra com cartão. Não sei se dei sorte, mas acho que é assim que funciona. Mas vamos analisar todos os aspectos desta operação. Este sistema vai funcionar muito bem.

Vocês colocaram 64 mil ingressos à venda e somente 16.689 compraram as entradas. Por quê tão pouca gente?
Normalmente, e isso aconteceu em outras edições da Libertadores da América, o torcedor do São Paulo costuma esperar para ver evolução do time nesta primeira fase. Historicamente, a venda antecipada de ingressos na Libertadores não passa de 10%. Na medida em que a equipe tem bons resultados, o torcedor vai ao Morumbi. Mas também, a chuva de ontem foi muito forte. Eu tenho um neto que iria comigo à partida, mas ele trabalha no centro e ficou impossível ir comigo por causa do trânsito.

A derrota para o Corinthians influenciou?
O fatídico jogo no Itaquerão causou, sim, um certo desânimo nas pessoas. Eu diria até que este fato teve a maior influência na queda de público.Normalmente, o torcedor do interior de São Paulo comparece e não vimos os ônibus de outras cidades, aquelas mais perto de São Paulo. Depois desta vitória sobre o Danúbio por 4 a 0, posso dizer que o público na próxima partida será de 30 a 40 mil torcedores. Até porque, no dia 8 de março, teremos um clássico contra o Corinthians, pelo Campeonato Paulista, antes deste terceiro jogo na Libertadores, que será no dia 18 contra o San Lorenzo. Um vitória vai atrair muitos torcedores.

Na reunião de hoje, você podem decidir baixar os preços dos ingressos?
Eu defendo esta ‘precifitação’. O São Paulo elegeu dar ao sócio-torcedor uma condição melhor para ver os jogos do time. Temos uma política forte para atrair mais gente que queira se tornar sócio-torcedor. O pacote está fechado e deverá ser assim do início ao fim, na Copa Libertadores da América e no Campeonato Paulista. Para o Campeonato Brasileiro, ainda não decidimos.,

De qualquer forma, quem quiser comprar o pacote de jogos da Libertadores a partir de agora vai pagar menos. Um jogo já se foi.
Vamos discutir isso hoje para definirmos como será feito. Logicamente, o sócio-torcedor que comprar o pacote não vai mais pagar R$ 100 reais. Vamos definir como será.

Desde janeiro, o São Paulo atraiu 14.228 novos sócio-torcedores e já passou da marca de 50 mil. A tendência é seguir o que Palmeiras e Corinthians fazem, dando prioridade a este segmento da torcida?
Exato. Acho possível a gente colocar pelo menos 30 mil lugares à venda para os sócio-torcedores, garantindo uma renda mínima nos jogos. No Morumbi, dá para colocar 70 mil pessoas. Fazemos carga de 67, 64 mil. Há um plano maior para fortalecer o sócio-torcedor. Tem dado resultado. Diariamente, cerca de 600 são paulinos aderem ao programa. Quase todos os dias, o call center lota.

 

 

 

 

 


Jadson ficou porque acha que será campeão da Libertadores
Comentários 44

Luciano Borges

Jadson decidiu ficar e anunciou sua decisão no final da tarde desta terça-feira para Marcelo Robalinho, um dos empresários que cuidam da carreira do jogador. O meia quis ficar no Corinthians, mesmo sem ter ouvido dos dirigentes algum tipo de apelo para que permanecesse. Pesaram a opinião da família, assustada com a possibilidade de morar na China, e, mais importante, a certeza de Jadson de que vai ser campeão este ano jogando como titular da camisa alvinegra.

O jogador foi na contramão da história recente de brasileiros que não resistiram ao apelo do dinheiro oferecido por clubes do futebol da China e do mundo árabe.

Jadson iria ganhar mais do que o dobro do que recebe no Corinthians. Teria participação no valor da transação. O Jiangsu Sainty se mostrou disposto a investir cerca de R$ 16 milhões, pagando a multa rescisória prevista no contrato entre Jadson e Corinthians. 

O clube chinês tinha pressa. A janela de transferência do futebol da China termina na próxima sexta-feira.

O negócio não foi definido antes porque Jadson relutou em dar a decisão final. Eles adiou este momento por três dias. Nesse meio tempo, pesou muito a boa fase que vive no time dirigido pelo técnico Tite. Jadson é titular, vem jogando bem, foi importante na vitória do Corinthians sobre o São Paulo (2 a 0) marcando um gol e dando uma assistência.

Ele ficou porque acha que vai ser campeão da Libertadores.

Na noite da segunda-feira, Jadson viu pela televisão, o volante Elias dizer que ele iria fazer muita falta ao time. Mesmo sem ter sido procurado pelo clube com algum aceno para que ficasse, o armador sentiu: “Agora que o grupo está encaixado, jogando bem, se eu saio e o time perde vão dizer que foi por minha causa”, teria dito mais ou menos assim para as pessoas próximas. Ele não quis prejudicar uma equipe que está vencendo.

Sobrou para os empresários comunicarem ao Jiangsu que Jadson decidiu ficar. Já na tarde de ontem, os dirigentes chineses foram alertados de que o “gato tinha subido no telhado”. Por volta do meio-dia desta quarta-feira na China (meia noite de terça no Brasil), eles receberam a resposta negativa do jogador brasileiro. Ficaram irritados.

Jadson optou pela felicidade. Ele se sente bem no Corinthians. Acha que está jogando em alto nível e que faz parte de um time que pode ser campeão da Libertadores. Para ele o dinheiro não pesou.

Os empresários garantem que não pressionaram Jadson a aceitar a oferta chinesa, mesmo deixando de ganhar uma comissão. O Corinthians anda pensando no dinheiro que deixou de faturar (cerca de R$ 5 milhões), que ajudaria até na renovação do contrato de Paolo Guerrero.

Jadson ficou livre e sozinho para definir o futuro imediato. Ele escolheu o Corinthians, mesmo sem saber se o clube o considera essencial.


Andrés Sanchez diz que ser deputado é prioridade nos próximos quatro anos
Comentários 13

Luciano Borges

Deputado Federal pelo Partido dos Trabalhadores e Superintendente de Futebol do Corinthians. Andrés Sanchez garante que pode executar as duas funções sem ter problemas. Mas avisa: “Nos próximos quatro anos, minha prioridade é aqui no Congresso”, disse o ex-presidente corintiano que mantém 100% de presença no plenário da Câmara dos Deputados em Brasília.

Até agora, ele não apresentou projetos de lei. “Quando eu apresentar meu primeiro projeto de lei, todos vocês vão ficar sabendo”, disse ao Blog do Boleiro no final da tarde desta quinta-feira.

O deputado retornou a ligação do Blog, sabendo da repercussão do apoio que deu ao projeto de lei que pede a criação do Dia do Corinthians. “Quem fez este projeto não foi eu. Foi o Goulart e eu simplesmente apoiei. O projeto é dele”. Ou seja, o corintiano Andrés sequer participou da elaboração do texto enviado à mesa diretora.

Goulart, deputado federal do PSD tem mostrado prolífico desde que assumiu a cadeira na Câmara. O PL do Dia do Corinthians é um dos quatro projetos já propostos por ele. Os outros três são na área da educação. Um deles versa sobre a alimentação orgânica na merenda escolar.

Embora garanta que vai priorizar o mandato parlamentar, Andrés Sanchez acha que vai cumprir com a função na gestão do presidente Roberto de Andrade, no Corinthians. “Lá é só para dar conselhos. Se o Corinthians precisar, o pessoal sentir que tem algum problema que eu possa ajudar, eles entrarão em contato. Não vai haver choques de interesse ou de horários”, falou.


Governo de SP estuda criação de Juizado do Torcedor “turbinado”
Comentários 1

Luciano Borges

Paulo Castilho, 47, foi jogador profissional e combate a violência há nove anos Crédito - Blog do Boleiro

Paulo Castilho, 47, foi jogador profissional e combate a violência há nove anos
Crédito – Blog do Boleiro

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre Moraes, tem em mãos uma proposta para formalizar a criação do Juizado do Torcedor que tenha representantes do Judiciário, do Ministério Público e das polícias Militar e Civil.

Na última quinta-feira, em reunião na Secretaria, Moraes ouviu dos promotores públicos Paulo Castilho (JECrim), Roberto Senise (Consumidor) e do juiz Ulisses Augusto Pascolati que somente uma  estrutura articulada com o comando institucional do Estado poderá combater com eficácia a violência das torcidas de futebol.

“Este assunto se tornou uma questão de Estado”, disse Castilho ao Blog do Boleiro. “Este Juizado terá como apurar, afastar, punir e prender os torcedores que provocam conflitos dentro e fora dos estádios. Eles serão tratados criminalmente. E será possível ter o controle do acessos nos estádios e também, o que é importante, o controle da venda dos ingressos”, completou.

Este último item tem um motivo: embora digam que não ajudam as uniformizadas, os dirigentes dos clubes grandes destinam boa parte dos ingressos vendidos – em jogos como visitantes – para estas torcidas.

Na verdade, a criação do Juizado do Torcedor já é prevista em lei. Mas ele nunca funcionou de maneira eficiente porque não centraliza os diversos casos de brigas, conflitos e mortes. “Hoje, estes casos são distribuídos em 31 varas que tem 62 juízes e 124 promotores. Se não concentrarmos em um lugar só, acaba se perdendo eficiência na punição”, justificou Castilho.

O promotor Paulo Castilho cuida da violência no futebol há nove anos. Ele faz parte do Juizado Especial Criminal e já elaborou propostas para se diminuir os conflitos nas arenas e fora delas. É um dos pais da proibição da venda de bebidas alcoólicas e do cadastro de torcedores que hoje é feito pela Federação Paulista de Futebol. Mas ele mesmo admite: estas medidas estão longe de atacar o problema que é, para ele, uma “questão de Estado”.

Blog do Boleiro – Por que este Juizado do Torcedor,  com polícias, juízes e promotores integrados, pode funcionar melhor do que já temos?
Paulo Castilho – Com um juizado especializado, teremos um juiz que sabe, por exemplo, que uma briga de torcida é orquestrada dias antes, não é um fato isolado. Ele vai relacionar a morte em uma rodovia à briga que começou no estádio. E a polícia precisa realizar um serviço de inteligência, com escutas telefônicas, para descobrir quem está levando drogas e armas aos estádios, quem está tramando explodir uma bomba, como se articulam as torcidas violentas.

“AS ORGANIZADAS DEVEM SER TRATADAS COMO ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS”

As torcidas organizadas estão aí há muito tempo. Como elas devem ser tratadas?
Na Alemanha, elas são tratadas como organizações criminosas. E é assim que devemos tratar estas torcidas. Lá como aqui, as uniformizadas se tornam organizadas e se desvirtuaram. Virou uma relação perniciosa porque elas têm integrantes que não são gente boa, nem honestos. A torcida organizada depreda, mata, agride e lincha. O Estado tem que entrar com uma estrutura para proibir e trabalhar em cima destas torcidas como organizações criminosas.

Isso vale para todas?

Vale para quem quiser receber este tratamento. Hoje, algumas uniformizadas não dão o menor trabalho. É o caso da Dragões da Real (São Paulo), da TUP (Palmeiras) e da Sangue Jovem (Santos). Estes torcedores organizados precisam repensar o que querem. Se uma pessoa vai ao jogo e, no caminho para o estádio, agride um torcedor adversário, quebra orelhões na rua, o que a PM vai fazer com ela? Prender e autuar. Aí pergunto: por que não se faz o mesmo com 500 torcedores organizados?

No primeiro jogo entre Corinthians e São Paulo, pela Libertadores, na semana passada, a PM escoltou a torcida do São Paulo.
É isso. A Polícia Militar não pode gastar dinheiro do povo para escoltar torcida. Não é possível se fazer uma operação de guerra para que uma uniformizada não sofra emboscada e nem agrida ninguém. O cavalo está em cima do jóquei.

“NO ALLIANZ PARQUE NÃO DÁ PARA TER TORCIDA VISITANTE”

O senhor e o promotor Roberto Senise tentaram fazer do clássico entre Palmeiras e Corinthinas num jogo de uma só torcida, a do mandante. No final, entraram 1.800 corintianos. Vocês perderam a quebra de braço?
De maneira alguma. Nós temíamos, pelo histórico recente de conflitos entre corintianos e palmeirenses, que houvesse novo episódio de violência. No final, a Polícia Militar entrou em conflito com torcedores do Palmeiras na porta do estádio. Durante o jogo, organizadas do Corinthians brigaram entre elas numa disputa de espaço. E ainda quebraram cadeiras do setor onde ficaram. No Allianz Parque não dá para ter torcida visitante.

Por que?
A arena não tem uma entrada independente para torcida organizada adversária. A entrada prevista para os ônibus dos times fica na Rua Turiassu onde estão uma sede de uniformizada e vários bares lotados de torcedores do Palmeiras. Além disso, não há uma proteção de acrílico de, digamos, um metro de altura, para servir como barreira.

Mas no jogo entre Corinthians e São Paulo, no Itaquerão, tivemos poucas ocorrências.
De uma maneira geral sim. Sabe por quê? A ameaça de clássicos como uma torcida só pesa. Eles estão pensando duas vezes. Mesmo assim, 30 torcedores da Estopim da Fiel de Campinas foram detidos e autuados por porte de armas dentro do ônibus.

No conflito com a PM, os palmeirenses atiraram garrafas de cerveja nos policiais. Ou seja, não se pode consumir bebidas alcoólicas dentro do estádio, mas fora…
É verdade que no entorno dos estádios o torcedor encontra pinga, conhaque e até drogas para consumir. O ideal seria combater este comércio fora do estádios. É possível a venda de cerveja dentro das arenas, antes, no intervalo e depois dos jogos. Hoje, a despesa de uma partida está com os clubes e a receita fica com os bares e os ambulantes. Os clubes poderiam faturar mais. Mas é preciso coibir a venda fora.

Voltando à reunião com o secretário Alexandre Moraes, ele gostou da ideia proposta por vocês?
Ele se mostrou animado e ficou de levar a ideia adiante. O doutor Alexandre é um dos maiores constitucionalistas do país. Ele está chegando agora na secretaria e mostrou vontade de nos ajudar.

Há um prazo determinado para que este Juizado seja criado?
Não há, mas o tempo corre contra a gente. Do jeito que é hoje, estamos enxugando gelo. O Juizado do Torcedor tem que ser posto em prática ontem. Estou nesta luta há nove anos. Eu vou vencer esta batalha. Mas se não der, eu desisto. Estou cansado.

 
 

 

 

 

 

 

 


Em vídeo, torcedores do West Ham ironizam cena de racistas do Chelsea
Comentários Comente

Luciano Borges

 

“Nós não somos racistas e esta é maneira como somos”. Assim começa um vídeo curto, de apenas 49 segundos, gravado por três torcedores do West Ham United, clube da região leste de Londres. Eles satirizam a atitude racista de fãs do Chelsea, outro clube londrino, que expulsaram o passageiro francês Suleyman Shah, de ascendência africana, de dentro de um vagão de trem em Paris.

O episódio aconteceu na semana passada, quando o time britânico enfrentou o PSG. Os dirigentes do Chelsea, clube onde jogam os brasileiros Oscar, Willian, Ramires, Filipe Luis e Diego Costa, identificaram, localizaram e puniram os três torcedores racistas. Ele estão impedidos de assistir aos jogos do time no estádio Stamford Bridge.

Além disso, o técnico português José Mourinho convidou Suleyman para ir a Londres e acompanhar a partida de volta entre Chelsea e PSG, no dia 11 de março. O francês recusou o convite, dizendo: “Eu não conseguiria levantar a cabeça no estádio”. No último  sábado, na partida contra o Burnley no seu campo, o Chelsea distribuiu e exibiu cartazes e frases de desagravo contra a atitude racista ocorrida em Paris.

O vídeo gravado por outro inglês na estação de trem parisiense rodou o mundo. Nele, os fãs do Chelsea cantavam que eram racistas e gostavam disso.

No vídeo de provocação, postado neste domingo, os torcedores do West Ham – time que contratou o meia Nenê na semana passada – ironizam com uma cena simples: um um homem negro caminha na plataforma de uma estação e diz: “Assim é como fazemos no West Ham”. Ele chega na porta do trem e pergunta se pode entrar. Imediatamente dois torcedores brancos o puxam para dentro, dizendo: “Aqui é o West Ham, meu amigo”.

A provocação foi gravada antes da partida do West Ham contra o Tottenham, outro adversário londrino. O jogo terminou empatado por 2 a 2.

Conhecido nos anos 70 e 80 por ser um time com torcedores violentos, o WHU possui grande rivalidade contra o Chelsea e Tottenham. Mas as brigas mais notórias de seus hooligans aconteciam quando o time enfrentava o Millwall. Os dois clubes são de origem operária, com adeptos vindo da classe trabalhadora das fábricas ao largo do Rio Tâmisa.

Hoje, com a mudança na legislação inglesa, os “hooiligans” estão praticamente extintos, com ações se limitando quando a equipe sai de Londres.

 

 

 


Atacante descobre mordida na bunda e quer distância de Ken no sábado
Comentários 3

Luciano Borges

João Paulo levou mordidas no braço e na nádega Crédito: Leonardo Morais/ Estadão conteúdo

João Paulo levou mordidas no braço e na nádega Crédito: Leonardo Morais/ Estadão conteúdo

No próximo sábado, às 19h00, no Mamudão,  o Democrata de Governador Valadares vai receber o URT de Patos de Minas. A partida vale pela quinta rodada do Campeonato Mineiro. O União Recreativa dos Trabalhadores tem um mascote famoso: o Pato Loko, que vai estar em campo antes, depois e no intervalo do confronto. Mas este bicho não mete medo no atacante João Paulo, do Democrata. “Eu tenho medo é do outro”, disse.

O algoz do número nove atende pelo nome de Ken, tem sete anos e é um pastor alemão.

“Eu ouvi dizer que ele vai estar de novo no estádio. Ele vem sempre aqui. Não vou chegar nem perto”, disse o jogador do Democrata ao Blog do Boleiro.

João Paulo, 26, tem motivo. Dois motivos. Um é o curativo no braço direito, resultado da mordida que levou do cão da PM de Governador Valadares, durante o jogo contra o Tupi, neste domingo.

O outro, são duas marcas de dentes que a mulher ao atacante, Tatiana, descobriu à noite. “Eu fui tomar banho e ela viu que fui mordido na bunda também”, contou o atleta. 

Nesta segunda-feira, João Paulo acordou às 8h30 e constatou que virou celebridade. “Recebi um monte de mensagens de amigos, de outros jogadores e dos familiares para saber o que aconteceu e como estou”, disse.

O que aconteceu: no segundo tempo, João Paulo tentou impedir que a bola saísse pela lateral. Não conseguiu e ainda perdeu o breque. “Eu dei um encontrão num policial militar e o cachorro me mordeu”, lembrou.

Ken mordeu mesmo. Segundo o tenente Thiago Emanuel, chefe da seção de planejamento da PM de Governador Valadares, o pastor alemão reagiu à aproximação de João Paulo que apareceu de surpresa. “O espaço ali entre a lateral e o alambrado é muito apertado. Isso prejudica”, falou. 

João Paulo levou a mordida no braço e ficou deitado, enquanto o sargento Éberson segurava o cão na guia dele. O médico do Democrata, doutor Pedro Paulo Abranches Jr., fez um curativo no local. “Fizemos a limpeza do local”, contou. O atacante voltou a jogar. “Senti o braço meio dormente, mas com a adrenalina do jogo só senti dor depois no vestiário”, disse o jogador.

Como Ken é um animal devidamente vacinado, o médico esperou até o final da partida para levar João Paulo ao hospital. Por precaução, ele recebeu a primeira das cinco doses da vacina antirrábica que deverá tomar. Foi para casa e notou a segunda mordida. “São duas marcas de dente na nádega”, contou.

Ao meio-dia, João Paulo foi à sede do clube. Fez novo curativo no braço. Almoçou no refeitório. O time está de folga até amanhã.

Ken treinou na manhã desta segunda-feira. No canil da PM, ele e outros cães do policiamento fizeram atividades de disciplina e de ações de policiamento.

O pastor alemão que mordeu João Paulo é um veterano, preparado pela PM de Belo Horizonte com várias operações no currículo. “Ele é um animal disciplinado, treinado para cumprir suas missões, inclusive no estádio do Mineirão. Nunca tivemos uma ocorrência como esta com ele”, falou o tenente Emanuel.

À tarde, Ken saiu para trabalhar no policiamento da cidade. A PM deve mandá-lo em missão no Mamudão no próximo sábado. A ideia de ter cães policiais de frente para o alambreado é causar efeito intimidador. “Funciona mais do que se colocamos vários policiais”, disse o tenente Thiago.

João Paulo, que começou a carreira no Fernandópolis (SP) e é titular do ataque do Democrata, está atrás do segundo gol da temporada. O primeiro, ele marcou contra o Atlético Mineiro no Independência. O Democrata perdeu por 2 a 1. Por isso, ele garante que joga contra o URT e vai correr atrás da bola. Só vai dar uma olhada antes onde estará Ken e outros cachorros. “Não chego mais perto deles não”, afirmou.

Pato Loko é o mascote do URT Crédito: Site do URT

Pato Loko é o mascote do URT
Crédito: Site do URT


Muricy Ramalho muda rotina, vira atleta, perde peso e fica mais calmo
Comentários 15

Luciano Borges

Nesta segunda-feira, sete e meia da manhã, Muricy Ramalho chegou no CT da Barra Funda. Seguiu para o Reffis e fez musculação por uma hora. O técnico do São Paulo está um atleta. Corre e trabalha força muscular todas as manhãs. Perdeu peso, nove quilos. “Estou com 80 e dá para diminuir mais”, disse ao Blog do Boleiro.

Depois de ter sofrido uma arritmia cardíaca em setembro de 2014 e ter sido internado com uma crise de diverticulite em janeiro deste ano, Muricy entrou na linha. Não bebe mais cerveja. Abandonou o café. Não consome cafeína, que pode causar o batimento irregular do coração. Come menos. “De noite, só como fruta”, contou. As refeições são leves, coloridas e balanceadas, o que facilita a absorção do organismo.

Com isso, o treinador – conhecido pelo humor irritadiço – anda mais tranquilo. “Eu me sinto melhor e tenho procurado não me exaltar. Futebol é estressante e eu me envolvo mesmo”, falou.

CONTRA O DANÚBIO, MEIA PRESSÃO

Nem o fato de ter que vencer o Danúbio do Uruguai, na próxima quarta-feira no Morumbi, tira o técnico do sério. Ele explica que já sabe o que vai fazer no início do jogo. Decidiu que vai colocar o São Paulo exercendo uma marcação a partir da intermediária adversária. “Vai ser meia pressão, porque se deixarmos eles jogarem, não vai dar”, afirmou.

Para o segundo jogo pela Copa Libertadores da América, a comissão técnica fez a lição de casa. O ex-volante (Marcos) Vizolli foi ao Uruguai acompanhar de perto o confronto entre o Danúbio e o San Lorenzo. A equipe uruguaia perdeu por 2 a 1 e o observador técnico voltou com o relatório. “É um time rápido, marcador, meio chato. Joga com velocidade pelos lados e precisamos ter atenção e paciência”, analisou Muricy depois de ver o vídeo da partida e conversar com o auxiliar.

Se nada acontecer nos treinamentos desta segunda e da terça-feira, Muricy Ramalho já tem o time titular, com Ceni, Bruno, Rafael Toloi, Dória e Reinaldo, Denilson, Souza, Michel Bastos e Paulo Henrique Ganso; Alexandre Pato e Luis Fabiano.

Reinaldo parece ter ganhado a confiança do treinador depois da partida contra o Audax, no sábado. Na verdade, ele tinha ido mal contra o Santos, pelo Campeonato Paulista, o que fez com que Muricy optasse em colocar Michel Bastos na lateral diante do Corinthians, na estreia na Libertadores da América. A opção não deu resultado no primeiro tempo. O time perdeu, 2 a 0, e Muricy viu sua decisão tática ser questionada.

Pato joga porque marcou, se deslocou, fez dois gols e ficou ligado diante do Audax. Mas não pode bobear. “Senão fizer isso, ele volta para o banco”, o treinador avisou.

Muricy Ramalho anda assim: calmo fora de campo, exigente dentro dele. E só anda irritado com o “zum-zum” que vem de fora.

Na entrevista coletiva de sábado, depois da partida contra o Audax, ele avisou que conhece todos os movimentos de bastidores, que não vai deixar de ser amigo do ex-presidente Juvenal Juvêncio, que trabalha de forma correta e que se alguém (entenda-se Carlos Miguel Aidar, presidente atual) quiser que ele saia é só demiti-lo.

Afinal, se dependesse das ordens dos médicos que o atenderam no Hospital São Luis no ano passado e no começo desta temporada, ele já estaria longe do trabalho. “”A recomendação que eu tive era de ficar em Ibiúna”, disse Muricy, referindo-se ao sítio onde descansa nas folgas.

Ele desobedeceu esta orientação porque quer ficar até o final da temporada. E também porque sabe que a torcida gosta dele.

No sábado, a mesma Independente (organizada tricolor) que pediu sua demissão na sexta-feira, berrou seu nome no Morumbi. E na saída do estádio, o técnico teve que sair do carro em quatro ocasiões para posar com torcedores. Um deles, chegou a se ajoelhar na frente de Muricy e dizer que ele era Deus.