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Feliz no Flu, Antonio Carlos quer saber porque foi demitido pelo São Paulo

Luciano Borges

Antônio Carlos em 'selfie' para o Blog do Boleiro: "Estou feliz"

Antônio Carlos em 'selfie' para o Blog do Boleiro: ''Estou feliz''

Antonio Carlos está feliz no Fluminense. Diz que voltou para casa. Ele foi formado na base tricolor. Já no profissional, fez o gol do título do estadual de 2005. Saiu neste ano para jogar no Ajaccio, da França, Retornou ao Brasil. Foi capitão do Atlético Paranaense. Se firmou no Botafogo. Despertou o interesse do São Paulo onde jogou 63 partidas e anotou 12 gols.

E, em fevereiro deste ano, foi dispensado sem maiores explicações.

“Tinham que ter um pouco de consideração comigo pelo pouco que fiz lá. Não ganhei títulos, mas ajudei o time as sair do risco de rebaixamento em 2013, e foi um esforço grande”, disse ao Blog do Boleiro.

Na semana passada, o zagueiro Antonio Carlos completou 32 anos. Desde abril, ele é titular do Fluminense. Forma dupla de zaga com Gum. O tricolor carioca anda bem no Campeonato Brasileiro. É o terceiro colocado com 17 pontos, ao lado do São Paulo.

O ex-clube anda vendendo atletas como Rodrigo Caio, Denilson e Paulo Miranda, enquanto trabalha para segurar zagueiros.

E Antonio Carlos ainda não tem a resposta: por que foi dispensado pelo São Paulo?

“Até hoje, os torcedores me param para perguntar. Eu sei a resposta. Sei faltaram com um pouco de respeito comigo”, disse em entrevista nesta segunda-feira.

Blog do Boleiro – Rapaz, parece que você se deu bem no Fluminense.
Antonio Carlos –
Ah, estou feliz aqui. Comecei aqui no Flu. Tenho amigos que trabalham na comissão técnica. Eu precisava jogar para estar feliz. Precisava de uma oportunidade num time grande. No primeiro jogo (derrota para o Atlético Mineiro por 4 a 1) não fui muito bem. Mas hoje estou mais solto e entrosado.

O Fluminense também melhorou. Já está no G-4.
A gente começou mais ou menos e agora estamos entrando no eixo. As vitórias ajudam a dar tranquilidade. O grupo está entrosado. Está ficando muito bom jogar aqui.

A chegada do Enderson Moreira ajudou?
Muito. Ele é bom treinador. Eu não conhecia o trabalho dele. É um cara correto com todo mundo. Fala nossa língua.

Retornar ao Fluminense traz qual sensação?
A sensação de que voltei para casa. Agora estou perto da minha família, de todos os amigos, de Madureira onde cresci. Em São Paulo eu ficava muito distante disso. Via muito menos minha filha Júlia, de 14 anos, que mora aqui no Rio de Janeiro com a mãe. Mesmo a Pietra, que estava com a gente em São Paulo e tem sete anos, já se adaptou à escola no Rio. Ela está no segundo ano do ensino fundamental. Estou perto de casa e isso é ótimo. Mas antes de me mudar para o Fluminense, eu já vinha para cá nos finais de semana. Não dava para ficar em São Paulo sem jogar ou treinar.

Você já absorveu sua saída do São Paulo?
Ainda não. Até hoje procuro entender porque me dispensaram. Houve um pouco de falta de respeito. Fui pego de surpresa. Afinal, se eles decidiram que eu não estava mais nos planos, poderiam ter me avisado no início do ano. Mas não. Eles esperaram até fevereiro para me dizerem isso. Ficou difícil encontrar outro clube. Foram dois meses treinando sem saber para onde iria.

Você ficou chateado?
Fiquei. Faltou respeito pelo que fiz para o clube. Foi pouco tempo, mas me dediquei ao máximo. Durante um ano e meio, entre 2013 e 2014, joguei como titular, marquei gols. Tive a lesão na panturrilha depois da parada para a Copa do Mundo e, quando voltei, senti outra vez. Mas eu voltei bem, fazendo gol na época.

Por que você foi dispensado?
É o que eu quero saber. Eu ficaria mais tranquilo se soubesse o motivo, onde errei. Quando você faz uma coisa errada, mais ou menos já espera uma punição. Mas cumpri meu dever. Até hoje, quando encontro torcedores do São Paulo na rua, aí ou aqui no Rio, eles me perguntam o que eu fiz, se eu chegava atrasado nos treinos, se eu estava na noite, se xinguei alguém. A verdade é que não fiz nada disso.

O que o São Paulo alegou?
Um dia me chamaram na sala da comissão técnica. O Muricy Ramalho e o Milton Cruz falaram comigo. Disseram que não era uma coisa deles, mas da direção e que eu estava livre para negociar com outro clube. Eu fiquei preocupado se teria que treinar separado do grupo, mas eles me mantiveram trabalhando com o resto dos jogadores. Foram dois meses muito chatos. Eu treinava até sexta-feira e viajava para o Rio, para ficar perto da família e não sentir a angústia de ver o time jogar e não poder participar.

O São Paulo deve algo para você?
Tem alguma coisinha ainda para acertar. Mas acho que deve sair o acerto. O São Paulo sempre foi muito correto neste assunto. Quem joga lá não pode reclamar de que que eles não correm atrás.

No Fluminense está tudo certo.
Está tranquilo.

Até onde este time pode chegar?
Nosso planejamento é ir jogo a jogo, sem almejar título ou vaga na Libertadores da América. O importante é continuar dentro ou perto do G4. No Brasileiro, as dez últimas rodadas são as decisivas. É quando os clubes estão mais fortes, estruturados. Aí é que se define tudo. Nosso time é mineirinho, vai comendo pelas beiradas.

Você ainda não marcou um gol desde que voltou.
Já cabeceei umas boas bolas. Está faltando fazer o primeiro gol. O primeiro é sempre mais difícil, mas vai sair.