Blog do Boleiro

Hino Nacional com Palmeiras na letra. Jogadores estranham, mas gostam

Luciano Borges

Um canto forte, alto e em uníssono. No momento da execução do Hino Nacional do Brasil, no Allianz Parque, antes da partida entre Palmeiras e Atlético Paranaense, a torcida da casa mostrou fervor. Só que mudou a letra escrita por Francisco Manuel da Silva.

Quem esperava pelo verso “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo heroico o brado retumbante”, escutou uma sequência de “Palmeiras, meu Palmeiras, meu Palmeeeiras”. E assim por diante. A música é a mesma composta por Joaquim Osório Duque Estrada, mas a maioria dos 38.784 torcedores que foram ao estádio, mandaram ver na nova versão, totalmente Palmeiras.

O clube e a administração da arena ainda se preocupam em colocar nos telões, a imagem da bandeira do Brasil e a letra correta do Hino para ajudar quem não sabe.

É o que o atacante Rafael Marques faz. “Eu procuro cantar o hino certinho. O telão ajuda bastante”, disse ao Blog do Boleiro antes de admitir: ele foi pego de surpresa com este jeito da torcida palmeirense trocar a letra. “Estranhei um pouco mesmo. Joguei sete anos fora e lá a execução do Hino Nacional é feita com respeito muito grande. Na Turquia então, o caso é sério”, afirmou o atleta que passou pelo Samsunspor e Manisaspor.

A uniformizada Mancha Alviverde foi quem criou a versão alternativa. Só ela cantava na inauguração da arena no dia 19 de novembro do ano passado, quando o time alviverde foi derrotado pelo Sport de Recife por 2 a 0. Foi virando mania. Na primeira partida final do Campeonato Paulista contra o Santos, o estádio todo cantou “Palmeiras, meu Palmeiras, meu Palmeeeiras”.

O volante Gabriel revelou que faz coro com a torcida: “Eu canto. Ajuda a concentrar mais ainda no jogo”, disse. Ele acha que esta é uma maneira dos palmeirenses mostrarem o tamanho do amor que eles têm pelo clube. “O Hino Nacional tem que ser respeitado, mas a torcida tem que ser respeitada também”, argumentou.

O problema é que este costume fere a Constituição Federal. Elas determina que não se pode desrespeitar os símbolos nacionais: a Bandeira Nacional, , o Brasão da República, o Selo Nacional e o Hino. Isso inclui não alterar música e letra, que pode ser considerada uma contravenção. A pena prevista é de “multa de uma a quatro vezes o maior valor de referência vigente no País (salário mínimo), elevada ao dobro nos casos de reincidência”.

O lateral Lucas não sabia deste detalhe. ''A gente vive num país onde isso não pesa tanto. Acho muito bacana essa demonstração de paixão da torcida. Ela é muito fanática'', disse. Ele mesmo não canta o hino em nenhuma das versões. ''Fico tão concentrado na partida e nem percebo as situações fora de campo. Lá dentro o bicho pega'', falou.

Tem quem chegou agora e nem sabia que a cantoria dos torcedores no Allianz Parque não era exatamente o Hino Nacional. ''Ah não era? Não, estou surpreso. Achei bonito o canto'', disse o atacante paraguaio Barrios. Ele ainda não conhece os símbolos nacionais, mas já percebeu que a torcida é forte. ''Ela apoiou o time o tempo todo. Joguei hoje por alguns momentos. Está na hora de retribuir a estes torcedores'', afirmou.

O procurador geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBF, Paulo Schmitt, disse que não há punição prevista na justiça desportiva para esta mudança na letra do hino.