Blog do Boleiro

Marinho Peres: como Cruyff explicou a “linha de impedimento” da Holanda 74

Luciano Borges


1974, dois meses depois do encerramento da Copa do Mundo na Alemanha. O zagueiro Marinho Peres já estava treinando no Barcelona, time onde jogou por uma temporada. E conversava com Johan Cruyff sobre a seleção da Holanda, vice campeã do torneio.

O brasileiro, titular da defesa da seleção brasileira, formando dupla com Luis Pereira, enfrentou a equipe holandesa na semifinal. E ficou amigo do Cruyff, quando os dois jogaram juntos na equipe catalã. ''Ele era muito legal. Nos tornamos bons amigos logo. Era um cara apaixonado pelo futebol brasileiro'', contou Marinho, 69 anos.

Tão apaixonado que contou a Marinho Peres porque a Laranja Mecânica (apelido dado ao time holandês de 1974) usou e abusou do recurso da linha de impedimento.

''Ele me explicou que o motivo era simples: os holandeses achavam que seria muito difícil marcar brasileiros e sul-americanos do modo tradicional. Eles achavam que a gente era muito mais habilidosa do que eles. Então bolaram a linha de impedimento para diminuir o espaço e permitir com que pudessem dobrar a marcação nos adversários em um campo de, digamos 30 metros'', disse ao Blog do Boleiro.

Marinho contou que Cruyff foi um dos idealizadores desta forma de marcar. ''Hoje, a gente chama esta linha de impedimento de 'linha burra', mas naquela época não existiam os recursos de vídeo e a gente demorava para saber como atuavam as equipes de países da Europa. Hoje a gente sabe como sair desta tática, mas naquela época foi uma surpresa'',afirmou.

O ex-zagueiro contou também que em 1979, Cruyff – que estava de passagem pelo Brasil e a caminho da Argentina – apareceu no Palmeiras para cumprimentar o velho amigo. ''Você acredita? Ele me pegou du surpresa. O engraçado foi que ele ficou conversando no vestiário e fumando. Eu até disse para ele que não era permitido. Aí foi ele quem ficou surpreso'', falou.