Diogo – Blog do Boleiro http://blogdoboleiro.blogosfera.uol.com.br Boleiro é boleiro dentro e fora de campo. O Blog se propõe a contar o que estes caras e outros atletas fazem dentro e fora de suas modalidades. Tue, 20 Sep 2016 22:34:23 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Elefantes, coreografia e treino no exército: a vida de Diogo na Tailândia http://blogdoboleiro.blogosfera.uol.com.br/2015/03/09/elefantes-coreografia-e-treino-no-exercito-a-vida-de-diogo-na-tailandia/ http://blogdoboleiro.blogosfera.uol.com.br/2015/03/09/elefantes-coreografia-e-treino-no-exercito-a-vida-de-diogo-na-tailandia/#comments Mon, 09 Mar 2015 17:26:24 +0000 http://blogdoboleiro.blogosfera.uol.com.br/?p=145 Diogo já conheceu elefantes e seus espirros Foto: arquivo pessoal

Diogo já conheceu elefantes e seus espirros Foto: arquivo pessoal

Dançar para a torcida na apresentação. Jantar com um elefante espirrando logo atrás na janela. Treinar com o exército em batalhas de “paintball”. Para o atacante Diogo, jogar na Tailândia está se tornando uma experiência e tanto. Contratado pelo Buriram United, time do interior do país, o ex-palmeirense encontrou futebol e cultura diferentes das que já conhecia. Aos 28 anos, Diogo forma dupla de ataque da equipe tailandesa com outro brasileiro, Macena, e está mostrando serviço. Em seis partidas, marcou três gols e deu duas assistências. “Jogo mais solto na frente”, disse ao Blog do Boleiro em entrevista nesta segunda-feira.

Diogo está na Tailândia há dois meses. Mora numa casa em um condomínio onde o filho Enzo, de quatro anos, é convidado para jogar futebol na rua. “Outro dia, tivemos um probleminha com o chuveiro e usamos a mangueira no gramado. Isso me lembrou a minha infância na zona sul”, disse o atleta que é paulistano. A mulher dele, Natália, é quem cuida da casa e da comida. A adaptação está sendo rápida, segundo o jogador. “Ele têm arroz, carne, frango. Nesta semana, comi carne de panela. E estava muito gostosa”, afirmou.

Em campo, Diogo é dirigido pelo treinador brasileiro Alexandre Gama. O time conquistou a Supercopa da Tailândia, no mês passado, depois de vencer o Bangkok Glass por um a zero, gol do brasileiro. Na Liga da Tailândia, o time ocupa a décima colocação com dois empates e uma vitória em três jogos. Já na Copa da Ásia, o Buriram, clube do político e ex-ministro Newin Chidchob desde 2009, lidera o grupo F com seis pontos, depois de derrotar o Seongnam (Coreia do Sul) por 2 a 1 e o Guangzhou R&F (China) por 2 a 1.

Na carreira, Diogo acumula a experiência de ter jogado no Olympiacos da Grécia. A melhor fase da carreira iniciada na Portuguesa de Desportos foi nos campos gregos. Ele disputou 80 partidas e anotou 23 gols. O contrato com o Buriram dura duas temporadas e o brasileiro nem pensa ainda no próximo passo. Está feliz na Tailândia, um país que tem lá suas surpresas.

Blog do Boleiro – Quais as diferenças que você notou chegando aí na Tailândia?
Diogo – Bom, logo que eu cheguei e me apresentei, isso era na véspera do ano novo, o treinador disse para mim: “Vai lá no centro de treinamento do clube, toma um banho e participá do ensaios das danças”. Eu disse: “O quê?”. O Akexandre explicou: “É, você vai ter que dançar para a torcida na apresentação doo time”. Beleza, cheguei lá e tinha até um coreógrafo que ensaiou os passos de duas danças. Uma era tradicional tailandesa e outra era para aquela música  coreana, “Gangnam Style”. E o time teve que dançar.

Para quem?
Para a torcida. Na hora eu estranhei, mas depois foi legal. Tinha muita gente, muita gente mesmo (a estimativa é de 80 mil torcedores). Eu comecei a dar risada. Eu e o Macena, outro brasileiro que joga comigo. Se ficasse parado ia ser pior. Então dançamos.

E teve mais?
Ah teve. Ganhamos um dia de folga na pré-temporada e na volta o Alexandre avisou que íamos fazer um trabalho de integração porque o elenco mudou muito, tinha vários novos atletas. O treinamento era legal. A gente foi a um local do exército tailandês e fizemos várias atividades deles, quase como uma gincana. Fomos divididos em três equipes e competíamos uma contra as outras. No primeiro dia teve uma prova com canoa no rio onde cada um tinha uma função, um empurrava, outro remava e assim foi. Eu gostei do último dia quando tivemos uma batalha de “paintball”. O nome desta integração é Ice Breaker (Quebrador de Gelo).

E você já experimentou a comida tailandesa?
Então, teve uma noite que a Natália ainda não estava aqui e fui jantar com o Macena. Até nosso treinador estava no restaurante. O Macena tem um espirro esquisito e eu brinco com ele. Aí, de repente, escuto um espirro alto atrás de mim e ainda mexi com o Macena. Só que era um elefante filhinho que estava na janela. Acredita? Troquei o Macena por um elefante. Algumas pessoas levam este elefantes para tirar fotos com turistas e ganhar um dinheiro. Mas o barulho do espirrou dele é igual ao do Macena.

Já a comida…
Eu nunca tinha experimentado antes de vir para cá. Muita gente não gosta porque ela é muito apimentada. Eu gostei. Também porque tem o arroz, o frango, tudo com pimenta. Mas como lá em casa quem cozinha é a Natália, a gente come mais comida brasileira.

Diogo com cara pintada em batalha de paintball Foto: Buriram United

Diogo com cara pintada em batalha de paintball Foto: Buriram United

O Macena já é seu parceiro?
Ele chegou depois de mim. É um amigo que estou fazendo. A gente está se ajudando.

Como você se comunica com os colegas de time?
Eu falo um pouco de inglês e estou prendendo as besteiras em tailandês. Você sabe que a primeira coisa que a gente aprende em outro país é a falar as besteiras. Mas o time tem um zagueiro venezuelano, o Andrés Tuñez,  e outro espanhol (David Rochela). Dá para entender.

Você vem fazendo gols e dando assistências. No Palmeiras, você marcou apenas uma vez em 34 jogos. O que mudou?
No Palmeiras, eu me sacrificava bastante na marcação e era mais difícil chegar perto do gol. Aqui, o time atua com três zagueiros, dois alas, dois volantes, um armador e dois atacantes, eu e o Macena. A gente reveza na hora de sair para o lado ou quando eu, por exemplo, venho buscar a bola. Os gols estão saindo.

Então está fácil jogar na Tailândia.
Está difícil. Quando vim para cá imaginei que a qualidade do futebol aqui seria muito inferior ao que eu estava acostumado. A verdade é que não tem o mesmo nível do Campeonato Brasileiro, mas é muito competitivo. Na Liga dos Campeões da Ásia, encaramos times fortes como o Seongnam e o Guangzhou. Tem ainda o Gamba Ozaka, do Japão. Nas três primeiras rodadas aqui pegamos clássicos como, por exemplo, contra um time de Bangkok que é forte. E estamos jogando como no Brasil, todo sábado e quarta-feira. Viajamos muito. Na pré-temporada, tivemos treinos em dois períodos todos os dias. É bem puxado.

A família passeia enquanto isso?
Quando estou em casa, a gente sai para jantar, para brincar com o Enzo no parque. É tranquilo. Outro dia, a Natália e o Enzo fora até Bangkok e conheceram um lugar onde se faz passeios com elefantes e tem também um passeio dos tigres, onde dá para dar mamadeira para filhotes. Isso é coisa que eu já não teria coragem de fazer, mas a Natália e o Enzo fizeram.

Neste pouco tempo, você já é parado parado nas ruas?
Os torcedores conhecem. Em geral, eles chegam e fazem um cumprimento com as mãos juntas, como se estivessem rezando. Ele pedem autógrafos, às vezes uma foto. Uma coisa: eu nunca vi um tailandês de cara amarrada. Eles são muito sorridentes.

Buriran United venceu o Bangkok na final da Supercopa da Tailândia Foto: Buriran United

Buriran United venceu o Bangkok na final da Supercopa da Tailândia Foto: Buriran United

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