Atacante descobre mordida na bunda e quer distância de Ken no sábado
Luciano Borges
No próximo sábado, às 19h00, no Mamudão, o Democrata de Governador Valadares vai receber o URT de Patos de Minas. A partida vale pela quinta rodada do Campeonato Mineiro. O União Recreativa dos Trabalhadores tem um mascote famoso: o Pato Loko, que vai estar em campo antes, depois e no intervalo do confronto. Mas este bicho não mete medo no atacante João Paulo, do Democrata. ''Eu tenho medo é do outro'', disse.
O algoz do número nove atende pelo nome de Ken, tem sete anos e é um pastor alemão.
''Eu ouvi dizer que ele vai estar de novo no estádio. Ele vem sempre aqui. Não vou chegar nem perto'', disse o jogador do Democrata ao Blog do Boleiro.
João Paulo, 26, tem motivo. Dois motivos. Um é o curativo no braço direito, resultado da mordida que levou do cão da PM de Governador Valadares, durante o jogo contra o Tupi, neste domingo.
O outro, são duas marcas de dentes que a mulher ao atacante, Tatiana, descobriu à noite. ''Eu fui tomar banho e ela viu que fui mordido na bunda também'', contou o atleta.
Nesta segunda-feira, João Paulo acordou às 8h30 e constatou que virou celebridade. ''Recebi um monte de mensagens de amigos, de outros jogadores e dos familiares para saber o que aconteceu e como estou'', disse.
O que aconteceu: no segundo tempo, João Paulo tentou impedir que a bola saísse pela lateral. Não conseguiu e ainda perdeu o breque. ''Eu dei um encontrão num policial militar e o cachorro me mordeu'', lembrou.
Ken mordeu mesmo. Segundo o tenente Thiago Emanuel, chefe da seção de planejamento da PM de Governador Valadares, o pastor alemão reagiu à aproximação de João Paulo que apareceu de surpresa. ''O espaço ali entre a lateral e o alambrado é muito apertado. Isso prejudica'', falou.
João Paulo levou a mordida no braço e ficou deitado, enquanto o sargento Éberson segurava o cão na guia dele. O médico do Democrata, doutor Pedro Paulo Abranches Jr., fez um curativo no local. ''Fizemos a limpeza do local'', contou. O atacante voltou a jogar. ''Senti o braço meio dormente, mas com a adrenalina do jogo só senti dor depois no vestiário'', disse o jogador.
Como Ken é um animal devidamente vacinado, o médico esperou até o final da partida para levar João Paulo ao hospital. Por precaução, ele recebeu a primeira das cinco doses da vacina antirrábica que deverá tomar. Foi para casa e notou a segunda mordida. ''São duas marcas de dente na nádega'', contou.
Ao meio-dia, João Paulo foi à sede do clube. Fez novo curativo no braço. Almoçou no refeitório. O time está de folga até amanhã.
Ken treinou na manhã desta segunda-feira. No canil da PM, ele e outros cães do policiamento fizeram atividades de disciplina e de ações de policiamento.
O pastor alemão que mordeu João Paulo é um veterano, preparado pela PM de Belo Horizonte com várias operações no currículo. ''Ele é um animal disciplinado, treinado para cumprir suas missões, inclusive no estádio do Mineirão. Nunca tivemos uma ocorrência como esta com ele'', falou o tenente Emanuel.
À tarde, Ken saiu para trabalhar no policiamento da cidade. A PM deve mandá-lo em missão no Mamudão no próximo sábado. A ideia de ter cães policiais de frente para o alambreado é causar efeito intimidador. ''Funciona mais do que se colocamos vários policiais'', disse o tenente Thiago.
João Paulo, que começou a carreira no Fernandópolis (SP) e é titular do ataque do Democrata, está atrás do segundo gol da temporada. O primeiro, ele marcou contra o Atlético Mineiro no Independência. O Democrata perdeu por 2 a 1. Por isso, ele garante que joga contra o URT e vai correr atrás da bola. Só vai dar uma olhada antes onde estará Ken e outros cachorros. ''Não chego mais perto deles não'', afirmou.