Muricy Ramalho muda rotina, vira atleta, perde peso e fica mais calmo
Luciano Borges
Nesta segunda-feira, sete e meia da manhã, Muricy Ramalho chegou no CT da Barra Funda. Seguiu para o Reffis e fez musculação por uma hora. O técnico do São Paulo está um atleta. Corre e trabalha força muscular todas as manhãs. Perdeu peso, nove quilos. ''Estou com 80 e dá para diminuir mais'', disse ao Blog do Boleiro.
Depois de ter sofrido uma arritmia cardíaca em setembro de 2014 e ter sido internado com uma crise de diverticulite em janeiro deste ano, Muricy entrou na linha. Não bebe mais cerveja. Abandonou o café. Não consome cafeína, que pode causar o batimento irregular do coração. Come menos. ''De noite, só como fruta'', contou. As refeições são leves, coloridas e balanceadas, o que facilita a absorção do organismo.
Com isso, o treinador – conhecido pelo humor irritadiço – anda mais tranquilo. ''Eu me sinto melhor e tenho procurado não me exaltar. Futebol é estressante e eu me envolvo mesmo'', falou.
CONTRA O DANÚBIO, MEIA PRESSÃO
Nem o fato de ter que vencer o Danúbio do Uruguai, na próxima quarta-feira no Morumbi, tira o técnico do sério. Ele explica que já sabe o que vai fazer no início do jogo. Decidiu que vai colocar o São Paulo exercendo uma marcação a partir da intermediária adversária. ''Vai ser meia pressão, porque se deixarmos eles jogarem, não vai dar'', afirmou.
Para o segundo jogo pela Copa Libertadores da América, a comissão técnica fez a lição de casa. O ex-volante (Marcos) Vizolli foi ao Uruguai acompanhar de perto o confronto entre o Danúbio e o San Lorenzo. A equipe uruguaia perdeu por 2 a 1 e o observador técnico voltou com o relatório. ''É um time rápido, marcador, meio chato. Joga com velocidade pelos lados e precisamos ter atenção e paciência'', analisou Muricy depois de ver o vídeo da partida e conversar com o auxiliar.
Se nada acontecer nos treinamentos desta segunda e da terça-feira, Muricy Ramalho já tem o time titular, com Ceni, Bruno, Rafael Toloi, Dória e Reinaldo, Denilson, Souza, Michel Bastos e Paulo Henrique Ganso; Alexandre Pato e Luis Fabiano.
Reinaldo parece ter ganhado a confiança do treinador depois da partida contra o Audax, no sábado. Na verdade, ele tinha ido mal contra o Santos, pelo Campeonato Paulista, o que fez com que Muricy optasse em colocar Michel Bastos na lateral diante do Corinthians, na estreia na Libertadores da América. A opção não deu resultado no primeiro tempo. O time perdeu, 2 a 0, e Muricy viu sua decisão tática ser questionada.
Pato joga porque marcou, se deslocou, fez dois gols e ficou ligado diante do Audax. Mas não pode bobear. ''Senão fizer isso, ele volta para o banco'', o treinador avisou.
Muricy Ramalho anda assim: calmo fora de campo, exigente dentro dele. E só anda irritado com o ''zum-zum'' que vem de fora.
Na entrevista coletiva de sábado, depois da partida contra o Audax, ele avisou que conhece todos os movimentos de bastidores, que não vai deixar de ser amigo do ex-presidente Juvenal Juvêncio, que trabalha de forma correta e que se alguém (entenda-se Carlos Miguel Aidar, presidente atual) quiser que ele saia é só demiti-lo.
Afinal, se dependesse das ordens dos médicos que o atenderam no Hospital São Luis no ano passado e no começo desta temporada, ele já estaria longe do trabalho. ''''A recomendação que eu tive era de ficar em Ibiúna'', disse Muricy, referindo-se ao sítio onde descansa nas folgas.
Ele desobedeceu esta orientação porque quer ficar até o final da temporada. E também porque sabe que a torcida gosta dele.
No sábado, a mesma Independente (organizada tricolor) que pediu sua demissão na sexta-feira, berrou seu nome no Morumbi. E na saída do estádio, o técnico teve que sair do carro em quatro ocasiões para posar com torcedores. Um deles, chegou a se ajoelhar na frente de Muricy e dizer que ele era Deus.