Convocação do Chile é armadilha na relação entre Valdívia e Palmeiras
Luciano Borges
Valdívia soube que está lista dos jogadores convocados pela seleção Chile nesta terça-feira. O técnico Jorge Sampaoli quer ver o meia nos amistosos com o Irá (dia 26) e Brasil (dia 29). Por isso, enviou à Federação Nacional de Futebol do Chile a lista dos atletas que atuam fora do país. O Palmeiras já foi informado. Maurício Precivalle Galiotte, vice-presidente palmeirense, disse antes do clássico contra o Santos, na Vila Belmiro, que o clube encarou como ''uma coisa normal'' o chamado da ''Roja'': ''Ele é importante para a seleção chilena'', falou.
A partir desta quinta-feira começa um novo episódio da novela ''Valdívia x Palmeiras''. Afinal, o meia vai se apresentar ao time chileno no dia 23, antes do embarque para a Áustria?
A convocação é uma armadilha. O Blog do Boleiro já contou que existe no clube gente que apostava na volta do Mago somente com a equipe nacional do Chile. Clinicamente, ele está curado e liberado pelo Departamento Médico palmeirense. O trabalho dele agora é físico e já começa a tratar a bola. Se Valdívia aceitar a convocação e se colocar à disposição de Sampaoli, seria melhor que ele jogasse pelo menos contra o São Bernardo, no dia 22. Para a partida contra o XV de Piracicaba, no próximo domingo, o retorno aos gramados é pouco provável.
Valdívia não sente mais dores na coxa esquerda que estava lesionada desde dezembro de 2014. No dia sete daquele mês, ele agravou o problema ao jogar no sacrifício contra o Atlético Paranaense. Na Academia de Futebol, os olhos e as lentes dos jornalistas estão voltados para ele. Valdívia ajeita a bermuda sob a calça? No dia seguinte, o gesto é interpretado como dor na coxa. Para amigos, ele se mostrou incomodado pelo fato de não poder fazer gestos sem que eles sejam motivo de debate sobre sua condição física.
Se viajar com o selecionado do Chile sem ter atuado pelo Palmeiras, Valdívia vai dar munição a quem o critica dentro do Departamento de Futebol. Corre o risco também de se indispor com a torcida que o tem como principal ídolo, mas está vendo o time vencer sem que ele esteja jogando.
O atleta tem sentido cansaço com o trabalho forte de corridas, piques e movimentação que vem fazendo. E anda mais cansado – ou quem sabe, irritado – com os últimos episódios em que se envolveu. Nesta semana, ele trocou farpas via internet com o diretor de futebol Alexandre Matos.
As arestas estão aparadas porque Matos e Valdívia acabaram se entendendo.
O pai do jogador já se reuniu com o executivo alviverde e as partes abriram o diálogo para tentarem a renovação de contrato. O chileno garante que quer ficar no Palmeiras, que não vai jogar por outro clube brasileiro e que nem sequer ouviu uma proposta de Mattos. O contrato de produtividade não entrou na mesa de negociações. Ainda. Mas o presidente Paulo Nobre lembra que até agora nunca deixou de renovar ou assinar um contrato por causa da ''produtividade''. ''Não renovei porque o jogador queria ganhar 600 mil e eu só podia pagar 200. Mas nunca por causa desta política'', falou.
Na história entre Valdívia e Palmeiras, o ruído de comunicação tem rendido bons capítulos. O jogador deixou o Departamento Médico e passou para as mãos dos preparadores físicos. Em nenhum momento, o clube informou prazo e tipo de trabalho que está sendo feito para colocar o meia em campo. Matos e Valdívia falaram sem terem conversado uma vez sequer sobre o tema em discussão: renovação de contrato.
Sem falar que até jogadores do elenco acham que Valdívia vai embora mesmo em agosto, quando o contrato acaba. Valdívia não deu nenhuma declaração a respeito, mas ajuda quando coloca nas redes sociais uma foto de uma caneca com o nome do Rio de Janeiro escrito nela.
Os próximos desdobramentos começam nesta quinta-feira.