Danilo quer ser titular do Corinthians na bola: “Não adianta forçar”
Luciano Borges
*atualizado no domingo, dia 29 de março de 2015, às 18h45
Neste domingo, Danilo entrou em campo contra o Bragantino na função de armador do time considerado reserva. O Corinthians venceu por 1 a 0. E ele não tem vaga assegurada entre os onze que vão enfrentar o Danúbio, no meio de semana, pela Copa Libertadores da América. Alguma queixa? Nenhuma. O meia nascido em São Gotardo (MG) nunca tentou ser titular na base do grito. ''No futebol, as coisas são assim. Não adianta forçar'', disse ao Blog do Boleiro. ''O importante é você estar bem, trabalhar direito e aproveitar cada oportunidade'', completou.
Quem convive com ele, sabe que o discurso é sincero. ''Nunca vi um cara tão gente boa'', disse o empresário Álvaro Serdeira que ajuda o atleta desde que o empresário dele, Gilmar Rinaldi se tornou coordenador de seleções da CBF. ''Ele é tranquilo, não gosta de agito e acha que consegue tudo na calma'', contou.
Na temporada de 2015, o treinador Tite tem utilizado Danilo como reserva de Renato Augusto ou mesmo substituto do atacante Paolo Guerreiro. Foi como atacante, que ele fez gols contra Palmeiras e São Paulo. De 17 jogos oficiais, Danilo foi titular em sete e ficou de fora em seis.
Daria até para reclamar.
O currículo de Danilo é invejável. Aos 35 anos, o meia é bicampeão mundial de clubes e da Copa Libertadores da América, jogando pelo São Paulo e Corinthians. Já foi seis vezes campeão estadual, atuando no Goiás, São Paulo e Corinthians. Em três temporadas no Kashima Antlers, do Japão, acumulou cinco títulos nacionais. No total, em 15 anos de carreira, ele acumulou 22 conquistas locais, regionais, nacionais e mundiais.
Pelo Corinthians, ele tem ainda uma marca de respeito. É eficiente em clássicos. Já marcou 11 gols desde que chegou em 2010. Seis deles foram em cima do São Paulo, clube em que jogou de 2004 a 2006. Contra o tricolor, Danilo fez o tento do título da Recopa SulAmericana de 2013.
Para quem já trabalhou como serralheiro, ajudando o pai Gabriel na adolescência, Danilo acha que já realizou o sonho da vida: ser jogador de futebol e ter família formada. Fã de música sertaneja, ele conta que tem apenas uma mania: dirigir carros de modelos mais antigos. Ele vendeu há pouco tempo um Ômega 1998 e ficou apenas com o Opala 1978, prateado, que é conhecido pelos torcedores que visitam o CT Joaquim Grava. ''Eu procurei em jornal, internet e com amigos até achar o carro. Sempre quis ter um. Foi influência de um tio que gostava destes carrões'', contou.
Contra o Bragantino, o meia que nunca jogou pela seleção brasileira, tenta mais uma vez convencer o técnico Tite que pode ser titular. Mas na bola, sem forçar. ''Tenho que jogar bem e mostrar que estou no grupo'', disse.
Blog do Boleiro – Nesta temporada, você começou como reserva e ainda é considerado parte do time reserva. Isso não deixa você nervoso?
Danilo – No futebol ajuda ter este jeito tranquilo, sossegado. Eu procuro ter calma. As coisas são assim, não adianta forçar. No futebol todo mundo quer jogar. Não tem como forçar. Tem que respeitar o outro e seguir trabalhando. O importante ºe estar no bolo, mostrar que pode ajudar.
Como você avalia seu momento?
Acho que está muito bom. Tenho acertado passes, feito gols e dado assistências. O time está muito bem. Cada jogador tem sua autocrítica e sempre quero melhorar. Mas o momento está bom. Como o Corinthians está bem, todo mundo está jogando bem. Quem ganha é o Tite que pode fazer o rodízio. O grupo é muito forte.
Essa boa campanha do Corinthians na Libertadores e no Paulista surpreende?
Um pouco. Esse desempenho veio logo, não é. Mas precisamos ganhar títulos. No ano passado, passamos em branco, não ganhamos nada. Time grande é cheio de cobrança. Se ganha, melhor. Se perde, é ruim, um problema.
Você nunca perde a calma?
Às vezes perco sim. Mas é difícil. Procuro resolver as coisas de forma tranquila.
Jogando, você já se irritou?
Às vezes tem jogos que você fica nervoso com árbitros por algum lance não marcado ou até com coisas que acontecem no jogo. Mesmo assim, procuro ficar focado na partida e ficar tranquilo.
Você jogou no Japão. A experiência com os costumes e a cultura de lá influenciaram você?
Não digo que influenciaram. Lá foi o período mais difícil que passei em um clube porque não falava ao idioma, que é bem difícil. Depois de um ano, melhorou bem. No Japão, aprendi muito: todo mundo respeita todo mundo. É um traço da cultura deles que admiro.
No dia a dia, longe da bola, tem alguma coisa que tira você do sério?
Não. Sou de boa até no trânsito. Procuro estar bem tranquilo em tudo. Resolvo com calma as coisas.
Para você, o que é bom na vida?
Primeiro, jogar futebol. Este é um sonho que realizei. Depois, viver com minha família. Sou casado com a Miriam há 16 anos e tenho três filhos: Matheus, 13, Lucas, 9, e Davi, 4. Um churrasco nas folgas, quando dá – porque anda difícil agora com tantos jogos – é gostoso. Gosto de reunir amigos, a família, ouvir música sertaneja. Gosto de sertanejo mais antigo. Tenho discos do Teodoro e Sampaio, Rio Negro e Solimões, Ataíde e Alexandre, Gilberto e Gilmar, Gino e Geno. Eu escuto sertanejo a maior parte do tempo. Mas tempo livre é raro.
O que você fez nas últimas férias?
Passei uma semana na casa dos meus pais. Depois voltei para Goiânia, onde vivo hoje em dia, e fiquei quieto por lá.