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Fabrício volta para São Paulo; primeiros técnicos estranham surto em campo

Luciano Borges

Os técnicos Édson Só e Vagner Benazzi estão espantados com o que viram e ouviram do surto que Fabricio teve na partida entre Internacional e Ypiranga, disputada na última quarta-feira na Arena Beira Rio. ''Eu ouvi o presidente do Internacional dizendo que o Fabrício era bom menino, mas que tinha a cabeça meio quente. Eu não conheço este Fabrício'', disse Só. ''Ele é uma pessoa maravilhosa. Me surpreendi bastante quando vi atitude dele na televisão'', falou Benazzi.

Os dois treinadores conhecem bem o atleta que fez gestos obscenos para torcedores colorados, recebeu cartão vermelho, jogou a camisa do Internacional no gramado, saiu de peito nu, gesticulando que ia embora e ofendendo geral pouco antes de entrar no vestiário. Eles treinaram Fabrício quando ele estava no início de carreira e, de certa forma, moldaram o lateral-esquerdo que chegou a ser cotado para jogar na seleção brasileira.

Fabrício está em São Paulo desde esta quinta-feira de manhã. Ele deixou Porto Alegre e nem quis treinar separado do grupo até segunda-feira, quando o clube gaúcho vai anunciar o destino dele. O empresário Bruno Paiva deve conversar com Vitorio Píffero (presidente do Internacional) somente no inicio da semana que vem para definir o futuro do jogador.

O passado no Monte Azul, time que Edson Só dirigiu em 2009, não condena Fabrício. ''Ele veio do Corinthians. Era atacante e artilheiro. Marcou 15 gols na Série A2. Fomos campeões e ele era ídolo na cidade'', contou o técnico. Ele era um jovem nervoso? ''Nada, nada. Era até sossegado demais. Muito calmo. Nunca deixou de treinar numa boa. Foi bem pra caramba com a gente'', completou.

De Monte Azul, Fabrício seguiu em 2010 para a Portuguesa de Desportos. Quem o indicou foi Vagner Benazzi. ''Eu já tinha visto ele jogando no Monte Azul. Um cara vigoroso e canhoto. Lá ele era atacante. Na Portuguesa, eu o coloquei de lateral-esquerdo. Ele foi tão bem que o time passou depender das avançadas dele'', lembra o atual treinador do Bragantino.

Benazzi só tem elogios ao comportamento de Fabrício na Lusa. ''Ele chegava cedo para treinar, cumprimentava todos os funcionários que encontrava, era dedicado. Sempre me disse que queria ajudar a família e os irmãos'', revelou. Ele arrisca dizer que o lateral devia estar enfrentando algum problema familiar ou mesmo dentro do Internacional. ''Falo de longe, mas deve ser uma coisa parecida'', falou.

Depois de Benazzi, Sérgio Guedes e Jorginho foram treinadores de Fabrício no Canindé.

O que os dois técnicos, Só e Benazzi, temem agora é que este episódio manche a carreira de Fabrício. ''Futebol é fogo. Você está com tudo bem e, de repente, não tem nada. É obrigado a deixar o clube depois de quatro anos jogando bem. É chato'', disse Benazzi.

''Ele vai ficar marcado. A televisão vai repetir a cenas muitas e muitas vezes. É ruim'', completou Edson Só.