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Luxemburgo reclama: “Querem me aposentar. Dizem que estou ultrapassado”

Luciano Borges

Luxemburgo, barba por fazer e sem terno Foto: Blog do Boleiro

Luxemburgo, barba por fazer e sem terno Foto: Blog do Boleiro

Vanderlei Luxemburgo anda com visual diferente. Depois dos dias em que treinou o Flamengo em um hotel na cidade de Atibaia (SP), o técnico deixou a barba crescer e só veste o agasalho oficial do clube. Aliás, ele tem deixado de lado os ternos de corte que vestiu durante anos, mesmo com o calor inclemente de regiões quentes do Brasil. Ele diz que queria marcar visualmente uma nova postura da profissão. E que hoje isso não é mais necessário.

Já em 1990, depois de ser campeão paulista comandando o Bragantino, Luxemburgo conseguiu um acordo com uma marca de roupas masculinas e vestiu o elenco de terno e gravata para viajar no Campeonato Brasileiro. ''Meu time tem que mostrar uma postura profissional, elegante'', disse na época.

Hoje, depois de ganhar cinco edições da Série A do Campeonato Brasileiro e conquistar mais de 40 torneios, o técnico carioca que vai completar 63 anos de idade lida com uma siutação que o incomoda: ser tratado como um treinador que está ultrapassado e não ganha mais campeonatos.

Nesta sexta-feira, durante um programa na TV Bandeirantes, ele fez uma análise de como o Bayern de Munique está jogando quando enfrenta o Barcelona. Ao final da explicação, ele não aguentou e disse: ''E dizem que estou ultrapassado''. Perguntado pelo apresentador Neto sobre quem diz, ele respondeu: ''Parte da imprensa''.

Depois do programa, a caminho do carro que o levou de volta a Atibaia, ele falou mais e mostrou que não aceita o rótulo de ''ultrapassado''.

Blog do Boleiro – Você vai deixar a barba crescer?
Vanderlei Luxemburgo – Nada. É que estou trabalhando, preparando o time para o Brasileiro e nem tive tempo. Chegando no Rio de Janeiro, eu faço a barba. Mas se as meninas disserem que ficou bom, é capaz de eu deixar. As meninas, entenda-se, minha filha.

Isso vale também para o agasalho do clube?
Estou treinando a equipe, este é meu uniforme. Mas não tenho mais dirigido o time em campo com o terno. Passou o tempo.

Por quê?
Eu usai o terno lá atrás, no início dos anos 90, como uma forma de valorizar a profissão de técnico. Acho que foi importante para a imagem. Mas agora, nem tanto. É preciso saber que um treinador é bom pelo trabalho dele, o que apresenta em campo.

Hoje, no programa Donos da Bola, na TV Bandeirantes, você disse que querem a sua aposentadoria. Isso incomoda?
Incomoda sim. A imprensa é uma merda. Ela resolve dizer que você está velho e quer determinar quando ele tem que deixar de ser técnico. Querem me aposentar. Dizem que estou ultrapassado. Eu estou muito bem. Continuo o mesmo. Minha história conta uma carreira de vitórias e conquistas. Você está velho?

Não considero assim.
Então, nem eu.

Você tem estudado o futebol atual?
Está vendo? Você voltou a estudar jornalismo?

Não.
Porque preciso voltar a estudar futebol? Isso é criado pela imprensa. Tudo o que está acontecendo agora eu já fazia em 92/93. Então querem que eu estude o que eu fiz lá atrás? Agora há pouco fiz uma leitura de como o Pepe Guardiola enfrentou o Barcelona. Ele está colocando o Bayern numa postura aguda, dentro do Barcelona, mostrando que vai jogar em cima e não ficar esperando no seu campo. O Barcelona também mudou um pouco da forma de jogar. Os dois times marcam lá em cima, dificultam as ações. E ficam mais perto do gol adversário. Como você vê, eu acompanho. Mas estudar futebol?

Quais times você aponta como favoritos neste Brasileiro?
Acho que tem oito: Grêmio, Internacional, São Paulo, Corinthians, Cruzeiro, Atlético Mineiro, Flamengo e Palmeiras, que virá muito bem. Nosso primeiro objetivo é disputar ali na zona da Libertadores.