Vice da CBF diz que Marco Polo tem que ir à reunião da Fifa na Suíça
Luciano Borges
''O presidente tem que ir lá''. A frase é de Delfim Pádua Peixoto, 74, presidente da Federação Catarinense de Futebol. Na condição de vice da CBF, ele acha que Marco Polo Del Nero, mandatário da Confederação, tem que participar da reunião extraordinária da Fifa, marcada para o próximo dia 20, em Zurique (Suíça). ''Eu acredito que ele vá. Aliás, ele tem que ir. O presidente da CBF é quem representa a entidade na Fifa'', afirmou ao Blog do Boleiro.
Del Nero ainda não confirmou se vai ou não à reunião. Na última segunda-feira, o dirigente foi cobrado ao vivo pelo narrador e apresentador Galvão Bueno, no programa ''Bem Amigos'', do canal Sport TV.
''Se nós não tivermos representatividade na reunião da Fifa no dia 20, se não for ninguém com medo de ir na Suíça, então é hora de zerar a pedra e começar de novo. Não podemos não ter o presidente da CBF na Copa América e não podemos não ter o presidente da CBF na reunião da Fifa que funciona para decidir o destino do futebol mundial. O Brasil é peça importante. Então vai caber a ele ter que entender que não pode mais exercer o cargo'', disse Galvão.
No recado, a desconfiança de que o presidente da CBF pode evitar deixar o Brasil para evitar o risco de ser detido por alguma ordem de prisão como aconteceu com José Maria Marin, antecessor de Marco Polo, que permanece preso em uma cela em Zurique.
Marin fez parte de um grupo de sete dirigentes da Fifa que foram presos quando estavam em um hotel de luxo, antes da assembleia que votou pela reeleição de Joseph Blatter. Eles caíram na investigação feito pelo FBI que tenta desmontar um esquema de corrupção na venda de direitos de TV para jogos da Concacaf e Conmebol.
No dia seguinte, o presidente da CBF, que estava no mesmo hotel, chegou ao Brasil. Daqui não saiu mais, nem para acompanhar a seleção brasileira de perto na Copa América, disputada no Chile. Iniciou uma série de reuniões e ações para passar uma agenda positiva dele no comando do futebol.
Mas sempre no Brasil.
A CBF também não designou alguém para ir à Suíça. Delfim não foi convidado. Nem acha que seria.
Desde 11 de junho, quando frustrou o movimento de Del Nero para mudar regra de sucessão da CBF, Delfim Pádua Peixoto Filho não apareceu mais na sede da Confederação no Rio de Janeiro.
''Sei que lá está sendo muito visitada, mas desde que não conseguiram dar aquele golpe para cima de mim, não fui mais chamado. Então fico aqui cuidado do que é meu'', disse o presidente da Federação Catarinense de Futebol há 30 anos.
Delfim, por ser o vice mais velho, é o primeiro vice na linha de sucessão da CBF. Se por algum motivo – e a Justiça Americana pode aparecer com um pedido de prisão, se conseguir provas para incriminar Del Nero nos esquemas de propinas e corrupção da Conmebol, Concacaf e CBF – o atual presidente for afastado do cargo, é ele quem vai comandar o futebol brasileiro.
Marco Polo tentou acabar com a regra do estatuto que dá ao vice mais velho a vaga de sucessor. Na reunião de junho, Delfim articulou com 17 federações e acabou com a proposta antes mesmo dela entrar em votação.
O presidente da FCF tem evitado falar sobre uma possível saída de Del Nero por conta das investigações da Justiça dos EUA. Já fez isso uma vez, dizendo estar preparado para ser o sucessor.
Por enquanto, ele diz apenas que Marco Polo Del Nero precisa ir à Suíça. ''Antes, o José Maria Marin e o Marco Polo Del Nero iam sempre juntos nestes encontros da Fifa. Acredito que o presidente vá'', falou.