Blog do Boleiro

Alívio, desastre, zica e a boa ideia. Cartolas erram e acertam na rodada

Luciano Borges

O treinador e comentarista Mário Sérgio já disse mais de uma vez que “técnico pode não ganhar jogo, mas ele consegue perder uma partida”. Treinadores costumam dividir os louros da glória com os atletas e muitas vezes assumem derrotas sozinhos. Os atletas, por sua vez, já foram a público centenas de vezes para dizer que o “professor” não era o culpado por maus desempenhos.

E os dirigentes?

Na 17ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, quatro episódios mostram como as decisões dos cartolas podem ou não dar certo.

O atacante que está chateado e suspenso, consegue efeito suspensivo e vira peça fundamental num clássico. A mudança de técnico que acabou em desastre. A resistência ao dinheiro que animou o time em campo. E uma ideia de marketing que deu para trás.

No mundo incerto da bola, às vezes, “as coisas acontecem”.

UMA IDEIA QUE DEU CERTO

No início da semana passada, o vice presidente de futebol do São Paulo, Ataíde Gil Guerreiro,  acionou o departamento jurídico do clube e pediu para que os advogados conseguissem o efeito suspensivo para Luis Fabiano.

O atacante ficaria fora do clássico contra o Corinthians, porque foi punido pela expulsão na partida contra o Sport Recife. Na sexta-feira, a boa notícia chegou por volta do meio-dia, quando o técnico Juan Carlos Osorio concedia entrevista coletiva: o Fabuloso estava garantido.

“O mérito é dos advogados”, disse Guerreiro que é advogado e tem uma das maiores bancas do país. O dirigente chegou a parabenizar o pessoal do jurídico via e-mail.

Em campo, Luis Fabiano provou que merecia a luta no tapetão. Jogou bem, mandou duas bolas na trave, participou de várias ações perigosas e fez o gol do empate no Morumbi. “Ele jogou muito bem. Para nós, era importante a presença dele”, disse Ataíde.

Luis Fabiano deixou o gramado reclamando do juiz, da sorte e da posição da diretoria que não liberou o atacante para jogar no Cruz Azul, do México.

Mas a decisão de coloca-lo em campo contra o Corinthians rendeu.

 

UMA DECISÃO E O DESASTRE

Na última sexta-feira, o vice presidente de futebol do Internacional – Carlos Pellegrini – disse ao Blog do Boleiro: “Eu e o presidente entendemos que era a hora de mudar, assim perto do Gre-nal. Seria importantíssimo para que os jogadores tenham a exata noção do que quer a direção. Eles têm condições de render mais. Vencer o Gre-nal é essencial”.

Opa-lê-lê.

48 horas depois, o time do Internacional foi atropelado pelo Grêmio. Perdeu o clássico gaúcho por 5 a 0, fora o pênalti desperdiçado por Douglas.

O desastre obrigou o presidente Vitorio Piffero a passar pela zona de entrevistas do visitante na Arena do Grêmio e ter que assumir o erro. “A responsabilidade é totalmente minha. A decisão foi totalmente errada porque perdemos. Eu entendo que a decisão de demitir o treinador (Diego Aguirre) foi correta, mas o momento não foi o melhor”.

E agora?

A pressão é quase toda sobre o presidente Piffero e o vice Pellegrini. A escolha do novo técnico terá que ser mais rápida e cirúrgica. Nesta segunda-feira, nome como o do argentino Jorge Sampaoli (seleção do Chile), Guto Ferreira (ex-Ponte Preta com passado no Internacional) e Argel (do Figueirense), passaram a ser citados.

E os jogadores vão receber a pressão de terem sido causadores da maior humilhação colorada sofrida em 103 anos.

O presidente deixou claro: ele quer ver os atletas treinando mais, se dedicando mais para retomar o rumo das vitórias.  “É hora de ver quem é homem”, disse referindo-se ao jogo de quarta-feira contra o Flumino estádio Beira Rio.

 

O ALÍVIO DO NILTON

Há duas semanas, o presidente do Avaí não aceitou a proposta de levar o jogo do time catarinense contra o Fluminense para Brasília. Em troca da mudança de mando, o clube receberia uma cota de R$ 700 mil.

O Avaí encarou o tricolor carioca neste sábado, no estádio da Ressacada, em Florianópolis. O público que pagou ingresso: 11.033 torcedores. A renda bruta chegou aos R$ 288.720,00, o que rendeu ao Avaí pouco mais de R$ 200 mil.

O time da casa venceu o jogo por 1 a 0. Soma agora 20 pontos ganhos e, embora seja a primeira equipe fora da zona de rebaixamento, abriu uma distância de cinco pontos para o 17º colocado (Goiás).

O presidente Nilton Macedo Machado acertou na decisão?

Ele disse que o objetivo principal foi alcançado, mas admitiu: acha que escapou de uma fria.

“Mais do que feliz, estou aliviado. Já pensou se a gente perde? Eu seria criticado por deixar de faturar uns R$ 500 mil e o time ainda teria sido derrotado”, falou ao Blog do Boleiro.

Como deu certo, o dirigente sabe até quem ajudou o Avaí a vencer: “A torcida fez o que a gente imaginava e apoiou o time do começo ao fim. O time lutou muito, foi guerreiro. Ficamos orgulhosos”, afirmou.

Durante a semana, os atletas e o técnico Gilson Kleina conversaram bastante sobre a importância da vitória e da decisão da diretoria em permanecer na Ressacada. O objetivo do Avaí é fechar o primeiro turno com 23 pontos ganhos. Restam duas partidas: contra a Ponte Preta, em Campinas, e diante do Corinthians, em casa.

“Esta vitória pode ajudar a trazer mais torcedores ao nosso estádio diante do Corinthians. Esperamos 15 mil pagantes”, falou o presidente Nilton.

 

A CAMISA DA DISCÓRDIA

Parecia uma boa ideia. Aproveitar que o Palmeiras iria jogar no Mineirão contra o Cruzeiro para reforçar o apelo de venda das camisas amarelas, que parecem da seleção brasileira, criadas no ano passado para lembrar o jogo em que o time paulista representou o Brasil e venceu o Uruguai por 3 a 0, em 1965, na arena mineira.

O pessoal da Adidas fez a sugestão, a direção concordou e o time vestiu canarinho e azul para encarar outro ex-Palestra Itália em Belo Horizonte. Resultado: Cruzeiro 2 x 1 Palmeiras.

Boleiro que é boleiro acredita nestas superstições: a camisa comemorativa só encontrou maus resultados.

Consequência imediata: os palmeirenses foram ao Twitter para tocar bem alto as cornetas contra este fardamento.

Lauro de sousa (@laurodesousa_): “sobre a camisa amarela do palmeiras: GOL DA ALEMANHA.”

Ale Rudge Ramos (@Ale_rudgeramos): “Palmeiras homenageou a seleção de 1965 com a camisa amarela e o futebol da seleção de 2014 ta loko, #faltoufutebolhj”

Ariel (@ariel_martins_): “Palmeiras foi jogar com a camisa amarela e pegou a zika da seleção”

Raphael Evangelista (@rapha_rge): “Lembrando que o Palmeiras não ganhou NENHUM JOGO usando essa camisa amarela. Deixem a camisa de festa apenas para FESTA, porra.”

Geanini Grejamin (@GeGrejamin): “Essa camisa amarela do Palmeiras é linda, melhor do que a da seleção mas… aposentem ela por favor, o time nunca ganhou jogando com ela!”

bellini (@bellinicris): “Essa camisa amarela do palmeiras que ta dando azar! Camisa nojenta.”

Grazi (@GraziSEP): “Essa camisa amarela fez o meu Palmeiras amarelar em campo hoje…”

Helton Verão (@heltonverao): “Camisa amarela dando muito azar pro #Palmeiras . Nunca ganhamos com essa”

Bruna Jordany (@brunajordany): “O palmeiras com essa camisa amarela em homenagem a seleção brasileira.. Legal fera, seleção não tem boas lembranças no Mineirão”

Alguns até tentaram sair em defesa da novidade que nem é tão nova assim. Mas, afinal, este é o ano do cinquentenário do jogo.

“DOUGLASPALMEIRAS (@DouglaSPagode): “PALMEIRAS jogou de amarelo mimimi é Verde e Branco então Adidas só faça uniformes Verde e Branco pros bonitinhos pararem de reclamar”

EL DIABLO (@The_Muri): “Camisa do palmeiras amarela é mais bonita que a da própria seleção atual!”

Carolina Fernandes (@carolsep): “Eu gosto da camisa amarela, na verdade gosto de basicamente tudo relacionado ao Palmeiras. beijas”

Júlia (jubsmachado): “Esqueci de falar… Quero a camisa amarela do Palmeiras!”

 

Agora fica a dúvida sobre a eficácia da jogada de marketing do uniforme fora de campo. Porque dentro, vai ser difícil vestir o time outra vez com o visual “seleção brasileira”. Até porque, Mineirão e time do Brasil é uma combinação que não remete mesmo a um momento glorioso.

Gol da Alemanha.