Técnico sai do Furacão, lamenta fim de projeto e é sondado por outro clube
Luciano Borges
Entre 2001 e 2013, quando trabalhou como treinador ou auxiliar-técnico em times de Portugal (Machico, Bom Sucesso e Marítimo) ou do Catar (Qatar SC e Al-Shahaniya), Milton Mendes desenvolveu trabalhos com, no mínimo, duas temporadas de duração. No ano passado, quando voltou ao Brasil, descobriu um mercado de trabalho peculiar. ''As coisas são definidas no Brasil de forma meio diferente. Quando se fala em projeto nem sempre se vê o que era pretendido'', disse ao Blog do Boleiro o treinador de 50 anos que foi demitido pelo Atlético Paranaense nesta segunda-feira. A saída foi definida numa conversa com o presidente Mário Celso Petraglia e integrantes da diretoria. ''Construímos esta decisão mutuamente, juntos chegamos à conclusão'', disse Milton.
A diretoria do Atlético já tinha decidido pela troca de treinador depois da derrota para a Ponte Preta (1 a 2) na Arena da Baixada. Foi o quarto mau resultado do time em seguida, depois de ter sido batido por Vasco, Grêmio e Coritiba.
A posição de consenso era de que o grupo precisa de um ''chacoalhão''. ''Decidiram dar uma mexida e muito mais difícil demitir 30 jogadores. É mais fácil demitir o treinador'', falou Milton. Ele estava almoçando em um shopping de Curitiba antes de retornar ao CT do Caju para se despedir dos jogadores. ''Tenho grandes amigos no clube. Eles são minha família'', afirmou o técnico cuja família ainda mora em Portugal.
Milton Mendes acha que foi desligado quando já estava do meio para o fim do projeto desenhado para este ano. Ele foi procurado em abril pelo presidente Petraglia quando dirigia a Ferroviária, onde começou a trabalhar em 2013. ''Cheguei com a missão de tirar o time do torneio da morte do Estadual do paraná. Passamos. Depois chegamos a liderar a Série A do Brasileiro (por três rodadas) e houve um trabalho de resgate e crescimento. Lançamos vários jogadores jovens que têm futuro promissor. É o caso do volante Otavio, o atacante Nicão, Sidiclei, Marquinhos, o meias Bruno Mota e o garoto Evandro, canhotinho de 19 anos'', falou.
Por outro lado, o treinador acha que, nas últimas partidas, a juventude ajudou nos maus resultados. ''Contra a Ponte Preta, o time do meio para frente tinha um jogador de 21 anos e o ataque entre 19 e 20 anos. Não é à toa que o Atlético tem a quinta equipe que mais constróis e não finaliza'', disse Milton. ''Tivemos vários gols perdidos, talvez pela pressão por resultado'', afirmou. Foi o que Mendes explicou aos dirigentes atleticanos. Não adiantou muito. A demissão já estava decidida.
Milton Mendes sai do Atlético Paranaense com o time em 11º lugar no Brasileiro, com 38 pontos. Com Milton Mendes, o time curitibano passou sete rodadas dentro do G-4, três delas na liderança.
E ele deixou a sede do clube e recebeu sondagem de clubes interessados nele. ''A mudança está mais perto do que parece. Já recebi telefonemas. São conversas que devem evoluir. Eu sempre disse que o projeto e não o dinheiro me interessa'', disse.
Veja a nota publicada pelo Atlético-PR:
O treinador Milton Mendes e a direção do CAP realizaram uma reunião nesta manhã, no CAT do Caju. Ficou definido, em comum acordo, que o técnico Milton Mendes deixa o comando técnico do Clube a partir desta segunda-feira (28).
A direção do CAP agradece Milton Mendes pelos serviços prestados e deseja sucesso na continuidade de sua carreira.