Leco deve formar chapa de pacificação; núcleo duro de Aidar está fora
Luciano Borges
O advogado Carlos Augusto de Barros e Silva deve assumir a presidência do São Paulo assim que Carlos Miguel Aidar oficializar a renúncia que anunciou ao repórter Guilherme Palenzuela, do UOL. Leco, como é conhecido, é o presidente do Conselho Deliberativo. Ele terá até 30 dias para convocar novas eleições.
E já confirma: ''Eu sou candidato''.
E deverá ser único. Desde a última sexta-feira, ficou claro que as principais correntes políticas do São Paulo trabalham para criar um ''governo de coalizão'' que facilite o trabalho da nova direção. Kalil Rocha Abdallah, candidato de oposição no último pleito, passou os últimos dias ''acompanhando de fora o que está acontecendo''. Ele não quer a presidência. Acha inclusive que, um disputa acirrada pode provocar mais estragos ao clube. ''Há uma nova correlação de forças'', afirmou.
O caminho para Leco assumir fica mais fácil. O médico e conselheiro Marco Aurélo Cunha, coordenador do futebol feminino na CBF, acha que o presidente do Conselho deve montar uma gestão ''com os melhores quadros''.
O chamado ''núcleo duro'' de Carlos Miguel Aidar deve ser afastado do processo. Júlio Casares, ex-vice presidente, é um dos aliados que encontra resistência entre os conselheiros. Douglas Schwartsman, ex-vice de marketing, ainda precisa lidar com as referências feitas a ele no e-mail que Ataíde Gil Guerreiro enviou ao CD. Ele afirma que, na gravação que fez de uma conversa com Aidar, o presidente que pretende renunciar deixou claro que Douglas teria se beneficiado de contratos da área dele.
Parte dos conselheiros acha melhor encerrar o caso com a renúncia. Outra fatia quer que os casos citados no e-mail de Ataíde sejam apurados. Até mesmo a postura do ex-vice de futebol poderá ser questionada.
A questão passa a ser, nos próximos dias, como criar uma chapa única de pacificação quando os ânimos ainda estão acirrados.
Afinal, Juvenal Juvêncio acordou animado neste domingo. Foi ele quem escolheu Aidar para sucessor, deixando Leco de lado quando dava sinais de que o colocaria como candidato da situação na última eleição.
Para o torcedor, existe a garantia de que o futebol continuará blindado até que a situação política do clube se defina. Mas é preciso que Leco acene logo como será feito, na gestão tampão, este trabalho de afitar a contaminação entre os jogadores.
Os problemas num futuro próximo são claros: Rogério Ceni deve parar de jogar, Luis Fabiano não sabe se renovará contrato e o clube ainda não conseguiu viabilizar um plano para comprar Pato do Corinthians.
Leco, que é candidato declarado, disse o que espera do São Paulo agora: ''Espero que, pacificado, o clube volte a ser o grande São Paulo''.