Aos 36, Índio quer jogar em São Paulo e angariar alimentos para a tribo
Luciano Borges
Índio, 36, está em São Paulo e tem duas missões: promover um jogo beneficente no dia 6 de dezembro, em Diadema, e arrumar um time para disputar o0 Campeonato Paulista de 2016. De preferência, que seja uma equipe da Série A1. Mas se não der, pode ser da segunda ou terceira divisão. O lateral campeão do mundo de clube em 2000, jogando pelo Corinthians, ainda adora o futebol.
Por isso, ele não parou até agora. Depois de ser campeão brasileiro duas vezes pelo Corinthians e também campeão paulista em 1999, José Sátiro do Nascimento rodou o mundo e o Brasil. Jogou na Coreia do Sul (Daegu), na Grécia (PAOK) e no Peru (Alianza de Lima). Em terras brasileiras, o filho do cacique da tribo Xucuru-Cariri, atuou em várias equipes: Vitória, Francana, Noroeste, Remo, Andorinhas, Imbituba e Grêmio Osasco.
Em, 2015, ele foi campeão em Rondônia (Genus) e no Paraná (Cambé).
Agora quer voltar ao futebol paulista.
E quer ajudar a tribo dele, que se deslocou da Bahia para Minas Gerais (na cidade de Caldas). É para este índios que o jogo beneficente em Diadema foi organizado. A empresária Ilde Apolinaryo tem experiência em organizar e promover uma partida para angariar alimentos e roupas. Já faz isso há alguns anos com o ex-jogador Denilson, comentarista da TV Bandeirantes.
''Vai ser um jogo entre os amigos do índio e craques da bola de hoje e do passado. O ingresso será alimento que vai ser destinado para a tribo do Índio e para crianças carentes. Estamos ainda em fase de trazer parceiros. Precisamos, por exemplo, de um fornecedor de camisas para os dois times disse Ilde. Quem quiser ajudar é só procurar pelos perfis de Ilde Apolinaryo nas redes sociais.
Índio está em férias há 20 dias. Visitou a mãe e a família em Caldas e está hospedado na casa de um amigo. Ele conversou com o Blog do Boleiro por telefone.
Blog do Boleiro – Aos 36 anos, você ainda dá caldo?
Índio – Lógico que tenho caldo para dar. Com certeza posso dar conta do recado. Estou à procura de um clube aqui em São Paulo. Quero jogar o Campeonato Paulista da Primeira Divisão. Mas posso jogar também na segunda, terceira divisão. Quero jogar, gosto muito ainda do futebol.
Você está bem fisicamente? Ainda joga de lateral-direito?
Posso jogar na lateral e também no meio, de volante. E meu preparo físico é melhor do que muito moleque novo que está jogando.
Por que você quer continuar jogando?
Adoro jogar futebol. Queria ser mais moço hoje em dia. Futebol dá dinheiro e você ganha a vida fazendo o que gosta. Gostaria de jogar para sempre. Por isso vim para São Paulo e estou atrás de um time. Não posso ficar escondido.
Quem contratar o Índio, vai contar com que tipo de jogador?
Vai ter um cara que vai levar torcida para o estádio. Não vai estar perdendo nada. Vai ter um jogador que pode dar exemplos aos mais novos e que vai chegar lá para ser campeão. Nos clubes onde passei, fui campeão.
E neste ano, duas vezes.
Isso. Fui campeão estadual em Rondônia, no Genus e fui campeão da terceira divisão do Paraná com o Cambé. Lá, pude mostrar aos jovens como levar a profissão a sério e ainda brincava nos treinos e dizia que eles é que tinham de correr por mim.
A temporada no Paraná acabou. Você tem treinado?
Assim que terminou o campeonato, eu fui para Caldas ver minha família, minha tribo. Fui ver minha mãe, Josefa, que tem 50 anos de idade. Estou lá com eles. Vim para São Paulo para promover o jogo beneficente e também para aparecer um pouco enquanto minha empresária Ilde (Apolinaryo) faz contatos com clubes para ver onde posso jogar.
Você ganhou muito dinheiro no futebol?
Não ganhei. Ganhei mais em prêmios. Meu salário no Corinthians não era alto. Mas meu momentos mais emocionantes são aqueles em que joguei no time campeão Brasileiro de 1999 e no Mundial de Clubes, em 2000. Foi muito bom. Até hoje falo com amigos daqueles tempo, como o Dida, Gamarra e o Vampeta. O Vamp é meu amigo mais próximo.
Você é casado? Tem filhos?
Sou solteiro e tenho sete filhos. E ajudo todos eles quando me pedem e é preciso. Se não dá B.O. Eu não pago pensão. Quando precisam, meus filhos ligam pra mim e eu ajudo. Meu filho mais velho, o Patrick, trabalha em circo com malabares. É muito talentoso.
São todos da tribo Xucuru Cariri?
Três são: a Tainara, o Tamarildo e a Tainã.