Blog do Boleiro

Tite planeja 2016 e fala da boa fama: “Não me considero unanimidade”

Luciano Borges

 

Tite não se considera uma unanimidade. O técnico campeão brasileiro de 2015, eleito como o melhor do Campeonato Brasileiro recusa esse rótulo. E não vê perigo algum nos elogios que vem recebendo nesta temporada que se encerra no domingo, depois da partida contra o Avaí.

Ele vai entrar em férias, a partir da semana esperando que a diretoria do Corinthians faça duas coisas: mantenha jogadores como Renato Augusto, Jádson e Ralf no elenco.

Sobre o volante, Tite diz que não pode entrar na discussão de contrato, mas que espera ter o atleta em janeiro: “O Ralf sabe a importância que o Corinthians tem para ele. E o Corinthians sabe a importância do Ralf. Fico na torcida”, disse.

E espara que os dirigentes tragam também  reforços que possam fortalecer o time.

O técnico divide as metas para o ano que vem em duas etapas iniciais. Na primeira, ele quer colocar o time no mesmo nível técnico, tático e físico que apresentou no final e 2016. Depois, a conquista da Copa Libertadores da América.

Em conversa via “whatsapp”, Tite falou com o Blog do Boleiro.

Blog do Boleiro – Tite, você está gostando de ser unanimidade?
Tite –
Não sou unanimidade. Não me considero unanimidade. Não me vejo desta forma não. Me considero um profissional em busca de crescimento, em busca de aperfeiçoamento.

Você acha perigoso receber este tratamento de melhor treinador do Brasil?
Não vejo nenhum perigo. Não vejo nenhum demérito ou supervalorização. Apenas aceito democraticamente o que as pessoas podem pensar, assim como as pessoas que não pensam desta forma. O meu estilo pode ser bem visto por alguns e não ser bem visto por outros. A minha preocupação maior é meu crescimento profissional. Quero estar bem comigo e ser fiel aos meus princípios, aos meus conhecimentos e ser fiel ao meu estilo. Isso eu considero mais importante.

O que você pensa implantar no time na próxima temporada?
Primeiro, é preciso retomar o estágio, o nível de futebol que nós terminamos nesta temporada. Este é o primeiro objetivo. As etapas têm que ser cumpridas. Eu não posso pensar em crescer sem retomar o padrão que nós estávamos no final do ano. Então, na volta das férias, temos que retomar o estágio individual e coletivo. Nisso, está a permanência dos principais atletas.

Você pensa em novidades táticas? Quais as variações que você pode aplicar em 2016?
As variações que temos implantado de 4-1-4-1 como um sistema. Tem o 4-2-3-1como uma variação. E duas linhas de quatro com dois atacantes como uma terceira alternativa. Isso vai depender muito também dos atletas que forem contratados. O objetivo um é a permanência dos principais atletas e o objetivo dois é, dentro da realidade financeira do clube, trazer alguns atletas que venham agregar qualidade à equipe.

A diretoria de futebol já sabe os jogadores que você gostaria de ter em 2016?
Eu quero dizer que uma direção de futebol e um clube de futebol  – e aí um esclarecimento para as pessoas que não conhecem como é a engrenagem – ela não está à mercê da vontade do técnico. Ela decide junto com o técnico. Então, o que nós fizemos? Nós, o presidente Roberto (Andrade), Andrés (Sanchez, superintendente), Eduardo (Ferreira, diretor adjunto), Edu (Gaspar, gerente de futebol), Alessandro (coordenador) e eu, sentamos e avaliamos aquilo que é importante de permanecer e onde nós precisamos acrescentar . Então não é a vontade do técnico ou vontade de um ou de outro. É de um grupo de pessoas daquilo que entende ser o melhor para o Corinthians.

Se o Alexandre Pato voltar, você vê o atacante jogando em qual função?
O Pato tem condições de jogar como atacante no 4-1-4-1 como o central. Ele pode jogar pelo lado no 4-1-4-1. No 4-2-3-1 também pelo lado. Das vezes em que trabalhou comigo, sempre pelo lado esquerdo onde ele produz mais. Ou em duas linhas de quatro com dois atacantes. Lembro que, quando nos jogamos contra o Tijuana, nós jogamos com o Renato Augusto de um lado. Jogou Danilo do outro. E jogou ele enfiado com o Guerrero. Então ele pode jogar como segundo atacante.  Então, o Pato pode jogar como último atacante, como penúltimo atacante. E pelos lados do campo, preferencialmente pela esquerda.

É bom ter no time dois armadores de talento como Jádson e Renato Augusto?
Eu vejo sim a formação do meio campo com dois jogadores dois jogadores de articulação, quatro no seu total. Independentemente do sistema, ela é importante para o desenvolvimento criativo, para o processo de finalização, de transições tanto ofensivas quanto defensivas. Não sei o meio de campo é o coração ou o cérebro ou os dois juntos de uma equipe. No início tinha o Renato e o Jádson, assim como teve eventualmente o Rodriguinho e o Danilo, jogadores da função como Elias, Bruno Henrique, Ralf  e Cristian. Este foi um dos pontos altos da nossa equipe neste ano.

Até onde o Corinthians pode chegar na próxima temporada?
É muito difícil tu estabelecer limites, mas uma coisa eu tenho certo: a equipe precisa estar constantemente em evolução. Vai depender da retomada, do crescimento, do amadurecimento, da permanência de seus principais atletas, de acréscimo de atletas qualificados. Esse é um processo que envolve os jogadores e o clube. O próximo passo que temos, terminado neste ano, é a conquista da Libertadores. Este é nosso próprio objetivo.

E os outros objetivos para 2016? Novamente: não sou que coloco. É um planejamento da direção em que eu estou inserido. Nós passamos de uma primeira etapa para uma segunda etapa. A primeira etapa foi o título nacional e a formação e consolidação da equipe. Uma segunda etapa passa a ser a Libertadores da América. Uma terceira, que é sonho e futuro, é o Mundial. Mas necessariamente, ela passa necessariamente pela segunda, pela manutenção de seus principais atletas, pela retomada do ritmo tal qual terminou este ano, e a partir daí crescer.