Blog do Boleiro

Carta a Ceni: “Nunca vi meu clube sem você. Mas vou superar, não esquecer”

Luciano Borges

foto: arquivo pessoal

foto: arquivo pessoal

 

''Pode comemorar torcedor são paulino. O mundo é seu.''

 Com muita frequência essa narração do Galvão Bueno vem na minha cabeça. E junto com ela passa um filme de tudo o que aconteceu na manhã daquele dia 18 de dezembro de 2005. 

Gol do Mineiro, desarmes do Lugano, gols anulados do Liverpool, suas defesas. Ah, suas defesas…

Eu era apenas um garoto de 14 anos que sonhava com aquele momento. Você, apesar da diferença de idade, também era um garoto que sonhava com aquele momento. 

Eu, completamente enlouquecido com aquela conquista, fui para a rua acompanhado da minha bandeira e corri alguns quilômetros. 

Você, completamente enlouquecido com aquela conquista, levantou uma taça que entrou para a história do São Paulo Futebol Clube. 

Mas você não conquistou o mundo sozinho. Sei que sempre fez questão de destacar aquele grupo por completo. Mas neste momento de despedida me permita resumir essa história a você. E se permita também. Olhe no espelho e tente calcular o que você significa. 

Cara, o que foi você na história desse clube? O que é você na história desse clube? O que será você na história desse clube? 

Eu sei que o velho ditado diz que ''os números falam por si só''. Mas não. Não mesmo!

Seria muito simplista dizer que você é o cara que mais vestiu o manto Tricolor… Que você é o 10º cara que mais fez gols com essa camisa… Que você… Não! Chega vai. 

Você não fez história porque acumulou números. Você fez história porque mostrou alma. Mostrou amor. Mostrou fidelidade. Mostrou dedicação. Tudo isso como nunca nenhum outro fez pelo meu São Paulo. Pelo nosso São Paulo. 

Daqui a alguns anos, quando eu tiver filhos, não vou comprar o Guinness Book e falar ''esse é o Rogério''. Eu vou abrir o Youtube. Eu vou colocar os DVD's do Tri do Brasileiro. Eu vou mostrar essa carta, que apesar de estar longe de ser a coisa mais brilhante já escrita sobre você, ela tem alma e coração. E um coração de cinco pontas que pulsa sangue Vermelho, Preto e Branco. 

Por volta das 18 horas de hoje, dia 11 de dezembro de 2015, estarei mais uma vez no Morumbi. Mas essa noite será diferente. Pela primeira vez eu vou entrar na nossa casa com a certeza que sairei triste. 

Não sei qual será a minha reação. Não sei qual será a sua. E o pior, não sei o que será do São Paulo. 

Eu nunca vi meu clube sem você, e sei que no começo será muito estranho. Mas eu vou superar. A enorme torcida Tricolor vai superar. Mas pode ficar tranquilo Capitão, superar não é esquecer. 

 

Você foi, você é e sempre será o maior que vestiu essa camisa. A carreira pode chegar ao fim, mas a idolatria jamais. Até depois da sua segunda morte vamos agradecer e reverenciar tudo o que fez por nós. 

Obrigado e boa sorte, M1to.

Guilherme Farias, 24 anos, jornalista e, como você deve imaginar, são paulino.