Boicote de uniformizada, festa de torcedores e dúvida de Lugano na chegada
Luciano Borges
Diego Lugano ainda não sabe como vai aparecer na ala de desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, nesta terça-feira por volta das 20 horas. Perguntado pelo Blog do Boleiro se pretende chegar já com a camisa do São Paulo, ele respondeu: ''Não seria má ideia. Mas não sei ainda''. Problema: a única camisa que ele tem é a que ganhou do clube quando participou da festa de despedida do goleiro Rogério Ceni. O zagueiro de 35 anos está voltando e vai pensar se veste ou não aquele uniforme preto.
Afinal, Diego Lugano tem regras específicas para vestir o uniforme do time onde joga. Ele nunca troca a camiseta dentro de campo. Acha falta de respeito para com o torcedor. E, se o time dele perde, aí é que ele não troca mesmo. Há dez anos, ele contou: ''Desde que eu era menino, achava feio um ídolo do Nacional, para quem eu torcia, deixar o campo depois de um jogo contra o Peñarol com a camisa deles nas costas”. Na cidade de Canelones, onde o mais recente reforço tricolor nasceu, metade da população é torcedora do Nacional e a outra metade gosta do Peñarol. “Eu sei o sacrifício que o torcedor faz e o amor que ele tem pelo clube e sua camisa. Não gostaria de decepcioná-lo”.
Diego é generoso. As camisas dos adversários que ganhava na primeira passagem pelo Morumbi, ele dava para um amigo de infância que era colecionador. As duas camisetas que usou na final do Mundial de Clubes de 2005, contra o Liverpool, foram dadas para Marco Aurélio Cunha, na época gerente de futebol do clube e hoje coordena o futebol feminino na CBF, e para o pai.
Como tudo na vida tem exceção, Diego Lugano abriu uma para um personagem especial do futebol brasileiro. Hoje, ele diz ter guardado algumas camisetas que trocou por aí. ''Tenho várias. Por enquanto estão dobradas. Quando acabar o futebol vou arrumar direito'', disse.
Duas ele separa há anos, porque considera especial: a primeira que ele vestiu pelo São Paulo e outra da seleção brasileira, que trocou com Mario Jorge Lobo Zagallo. ''Lembro claramente até hoje. Foi num jogo entre Uruguai e Brasil pelas eliminatórias da Copa do Mundo da Alemanha. Ele me pediu para trocar camisa. Fiquei surpreso e feliz. Ainda guardo ela''. Naquele momento, ele quebrou a regra de não trocar uniforme em campo. ''Poxa, era o Zagallo'', justificou.
A torcida do São Paulo está se organizando para recepcionar o ídolo Lugano na chega em Guarulhos. Foi criada uma página no Facebbok que tinha mais de 550 adesões por volta das 12h40. O próprio clube está usando as mídias sociais para convocar os são paulinos para esta recepção. Afinal, o estádio do Morumbi passa por reformas e não foi possível organizar um evento para o retorno do jogador que encarna o que os tricolores e o presidente Carlos Augusto de Barros e Silva chamam de ''espírito guerreiro'' do São Paulo.
Mas a maior uniformizada do São Paulo avisou na semana passada que não vai participar desta feste de boas vindas. Ela publicou o motivo do boicote no perfil nas mídias sociais.
Eis o texto?
Sabemos das dificuldades financeiras que o São Paulo passa, mas não nos esquecemos que muitas dessas dívidas que ocasionam falta de dinheiro, foram em razão de escândalos, guerra política, ladroagem no clube.
Onde estão os punidos?!
Queremos respostas! Da gravação, das denúncias passadas e de agora, que o SPFC deve apurar e resolver.
Ataíde teve a segunda chance que pediu, o Gustavo ganha alto salário, onde estão os reforços? E as dispensas dos que não honraram a camisa tricolor?
A gigante celebração que promovemos pelo M1to Rogério Ceni, maior de todos, foi em agradecimento por uma vida dentro do São Paulo. Lugano já fez muito também, mas está ainda retornando para um elenco que passou pelas maiores humilhações na temporada passada.
Nos preocupamos com Lugano, sua história, sua imagem. O momento é de chegar na humildade, trabalhar, porque jogadores de peso não chegaram para justificar empolgação e confiança total. A cobrança depois cairá em quem?
O apoio ao Lugano estará presente na arquibancada, nos jogos, como a Independente sempre faz. Mas repetimos, pra nós, não é hora de festa!
Quando a diretoria apresentar um elenco que honre a tradição do São Paulo, punir seus dirigentes acusados, mostrar que realmente mudou, aí sim, teremos motivo pra festejar.
A DIRETORIA