Presidente da Gaviões apanha de barra de ferro. Promotor aponta dissidentes
Luciano Borges
A delegada Margarete Barreto, titular da Drade (Delegacia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva), abriu investigação para apurar a autoria da emboscada que vitimou dois dirigentes da Gaviões da Fiel, na tarde desta quarta-feira, na zona oeste de São Paulo.
A agressão ocorreu no estacionamento de um supermercado em frente ao Fórum Criminal da Barra Funda. Rodrigo de Azevedo Fonseca (Diguinho), presidente da Gaviões, e o primeiro secretário Cristiano de Morais Souza (Cris) foram cercados por jovens portando barras de ferro e atacados.
De manhã, às 10h30, os presidentes das maiores organizadas de São Paulo (Gaviões da Fiel, Mancha Alviverde e Torcida Independente) se reuniram com o promotor Paulo Castilho, do Juizado do Torcedor.
O encontro foi chamado por Baby, dirigente da uniformizada do São Paulo. ''Ele me ligou pedindo uma reunião para voltar a haver diálogo das uniformizadas comigo. Há um ano e quatro meses que não falava com nenhum deles'', explicou Castilho. A conversa durou cerca de uma hora e meia e, depois, os torcedores ainda conversaram no estacionamento do Fórum.
Diguinho e Cris atravessaram a avenida e foram ao estacionamento do supermercado Wallmart onde foram cercados e agredidos com barras de ferro. Feridos, os dois acabaram passando por hospitais diferentes, mas não prestaram queixa.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Militar recebeu a denúncia de que estava havendo uma briga perto do supermercado. Ao chegarem no local, os PMs não encontraram nem agressores nem agredidos.
Mas várias mensagens de áudio apareceram nas mídias sociais com supostos integrantes da Gaviões relatando uma ''bárbara agressão com barras de ferro'' e dizendo que tanto Diguinho quanto Cris foram severamente machucados. O presidente teria sofrido uma fratura no braço e Cris estaria com a boca muito machucada.
Oficialmente, a Gaviões da Fiel disse apenas, por meio da assessora de imprensa Gabriela que, ''O Rodrigo e o Cris estão em casa e está tudo numa boa''. No entanto, funcionários do supermercado confirmaram a briga e as lesões dos dirigentes da organizada. Em entrevista à Camila Mattoso, da Folha de S. Paulo, eles relataram a agressão e confirmaram a fratura do braço de um e a boca sangrando de outro.
Outros dirigentes das uniformizadas estão comentando o caso. ''Nós não temos nada com isso'', disse um diretor da Torcida Independente do São Paulo.
Paulo Castilho disse ao Blog do Boleiro que a linha de investigação da delegada Margarete ''é muito boa'' e aposta na solução rápida do caso.
''Eu não posso acreditar que um destes presidentes tenha participado da reunião, que foi realizada num clima cordato, e tivesse preparado uma coisa dessa. A suspeita é de que um grupo dissidentes de uma das uniformizadas adversárias do Corinthians tenha preparado a emboscada. Estamos investigando e não temos nenhuma acusação por enquanto'', falou Castilho.
O promotor foi procurado durante a tarde por Davi Gebara, advogado da Gaviões que disse: ''Nada disso teria acontecido se um pedido que fiz ao promotor Paulo Castilho tivesse sido atendido. Eu gostaria de uma reunião contando apenas com os advogados das torcidas. Ontem eu não fui chamado. Mas os advogados podem discutir com o promotor as diretrizes. Por que o Paulo Castilho convocou apenas os presidentes e diretores da uniformizadas? Agora ficou feio. A agressão foi na porta do Fórum'', afirmou.
Paulo Castilho respondeu a Gebara que, dentro do Fórum, todos os presidentes não foram importunados. ''Não dá para controlar o que acontece no estacionamento do supermercado'', afirmou.
Os presidentes da Independente e Mancha estão conversando. Interessa a eles descobrir quem foram os agressores. Baby e Fernando foram os que mais pediram a volta dos bandeirões aos estádios. Ouviram do promotor que, se andassem de acordo com a lei, havia a possibilidade deste retorno.