Preso de Oruro vê solução para fim de brigas de torcidas: “põe na cadeia”
Luciano Borges
Tadeu Macedo Andrade, integrante da uniformizada Gaviões da Fiel, jura que só entrou no conflito entre quase 30 corintianos e três palmeirenses, depois do final do clássico de domingo entre Palmeiras e Corinthians, para tirar os companheiros. “Era um absurdo com aqueles três palmeirenses. Falei para voltarem para o caminhão”, afirmou ao Blog do Boleiro.
Ele foi detido e passou a noite de domingo no 91º Distrito Policial.
Tadeu é conhecido do noticiário envolvendo casos de violência com torcedores organizados corintianos. No início de 2013, Tadeu foi preso em Oruro (Bolívia), acusado da morte do torcedor do San Jose, o adolescente Kenin Spada. Foram 12 corintianos encarcerados por, segundo os policiais bolivianos, terem disparado um foguete sinalizador que atingiu e matou o garoto de 14 anos.
No conflito de domingo, o quarto episódio de violência entre uniformizados do dia, também estava outro preso de Oruro: Leandro Silva de Oliveira.
Segundo a PM, três torcedores do Palmeiras caminhavam pela via quando foram abordados pelo grupo corintiano, que estava em um caminhão com instrumentos musicais e bandeiras da organizada. Tadeu garante que desceu da caçamba para tirar os companheiros da briga e acusa os palmeirenses de provocarem o conflito.
Tadeu é casado e tem dois filhos. A caçula nasceu há cinco meses. “Ela nasceu prematura de seis meses, passei vários dias no hospital”, contou o comerciante de roupas que é formado como técnico de Raio X. “Eu fiz cursos de 2013 para cá, mas ainda não estou trabalhando na área”, falou.
Na conversa por telefone, o torcedor corintiano admite que frequenta os estádios, diz que não vai mais diariamente à sede da Gaviões e afirma que não se envolveu em nenhum outro conflito desde Oruro. Ele tinha passagens de voo para Bogotá. Ia torcer pelo Corinthians. A prisão frustrou os planos. Ele acha que está tendo azar.
Perguntado sobre qual a solução para parar a violência entre torcidas organizadas, ele disse: “Põe na cadeia”.
Blog do Boleiro – Você participou da briga na Av. Dr. Arnaldo?
Tadeu Macedo Andrade – O que aconteceu foi que dei muito azar. Eu tinha passagem voo para Bogotá na segunda-feira às oito da manhã. Se eu fosse pegar metrô até a estação Armênia, caminhar até a sede da Gaviões, pegar meu carro e ir para casa, ia chegar uma da manhã. Minha mulher ia reclamar. Ia ficar só um pouco em casa e já ia viajar para a Colômbia. Na saída do Pacaembu, vi os moleques que cuidam das bandeiras e peguei carona com eles no caminhão. Fui com eles na caçamba.
Você participou da agressão aos três palmeirenses?
Não. Teria sido pior se eu não estivesse lá com os meninos.
Por quê?
Porque a gente estava no caminhão e os três palmeirenses apareceram e ficaram mexendo com o pessoal da cabine, uma mulher, o filho dela e o motorista. Os caras ainda chamaram o motorista pra briga. Ele abriu a porta e saiu. Os moleques viram e pularam e foram pra cima também. Aí eu vi que brigar com os três palmeirenses seria um absurdo. Falei para os moleques para a gente ir embora e eles me obedeceram. Aí, mais na frente, a PM parou a gente e nos levou para a delegacia, aquela do Ceagesp (91º DP). Só saímos na manhã da segunda-feira (os 32 detidos assinaram termo circunstanciado e foram liberados) .
Desde Oruru, você tinha se envolvido em outro conflito?
Não, de maneira alguma. E esta vez nem deveria ter acontecido. Eu só queria chegar mais cedo em casa.
Você ainda é diretor da Gaviões?
Não sou mais. Fui diretor de 2011 a 2013. Hoje vou lá só quando tem eventos sociais. .
Mas você vai aos jogos?
Quando tem um jogo importante como um clássico, eu vou. Quem vai perder um Corinthians e Palmeiras onde se a gente vencesse podia eliminar o Palmeiras do Campeonato Paulista. É jogo histórico. Teve partidas de meio de semana que não fui, mas jogos assim eu não perco.
No domingo, o conflito em que você estava foi o quarto confronto entre corintianos e palmeirenses. O que fazer para acabar com isso?
Põe na cadeia. Quando ladrão rouba, ele não vai para a cadeia. Então, se acerta a cabeça de outra pessoa, prende o cara e põe na cadeia. Agora os caras fazem esta papagaiada de ontem. Resolve alguma coisa? Qual o início disso aí? Estamos em ano de eleição. Será que tem pré-candidato ali no meio? A gente conhece estes caras. O problema começa na cabeça.
Você não viajou para a Colômbia?
Não viajei. Fiquei em casa. É capaz de acontecer alguma coisa lá e vou ser culpado. Ando com a sorte grande né?