Aluno de Telê, Zago mata coletivo, não tem titulares e acha Juventude zebra
Luciano Borges
O Juventude, finalista do Campeonato Gaúcho, tem chance de ser campeão depois de enfrentar o Internacional em duas partidas?
O técnico Antonio Carlos Zago é realista: ''Campeão? Acho muito difícil. A nossa realidade é diferente da realidade do Internacional. Eles são favoritos. A gente joga como zebra. Vai ser time pequeno contra time grande. Mas este pode ser um título que vai ficar marcado na história'', disse ao Blog do Boleiro.
Com uma carreira de 21 anos como jogador, campeão no Brasil e no exterior, Zago dirige o Juventude e é, nesta temporada, o técnico de uma das surpresas dos estaduais. ''Acabaram esquecendo do Juventude e estamos na decisão'', falou. Para ele, a campanha é até surpreendente, mas é fruto de uma mudança de diretoria que colocou os salários em dia, está montando um novo centro de treinamento e melhorando a estrutura do futebol.
Antonio Carlos já tinha começado a trabalhar como treinador. Entre 2009 e 2012, ele começou no São Caetano, teve uma passagem relâmpago pelo Palmeiras e dirigiu outros quatro times.
Esta passagem pelo Juventude é o novo cartão de visitas.
Três temporadas fora do Brasil, trabalhos como assistente na Roma e no Shakthar Donetsk, dois cursos de treinador da Uefa. Entre 2012 e o final do primeiro semestre de 2015, o ex-zagueiro Antonio Carlos Zago rodou pela Europa para se preparar melhor e aprimorar o estilo do técnico de futebol que pretende ser.
Ele tem algumas certezas: ''O treino coletivo que dura uma hora e quinze, uma hora e meia , não existe mais. O mais importante é que os atletas entendam e executem o que você quer ver em campo. Os treinos têm que ter amplitude e intensidade. O jogador tem que ser trabalhado dentro e fora de campo. E não existe mais time titular e time reserva. Só a imprensa insiste nisso''.
O técnico do Juventude, finalista do Campeonato Gaúcho, retornou ao futebol brasileiro no meio do ano passado, retornando ao clube onde jogou em 2005 e 2006. O objetivo estabelecido é o de fazer o time retornar à Série B. Brigar pelo título estadual em 2016 veio de bônus. ''A final do Gaúcho caiu no nosso colo. Mas não custa sonhar em ser campeão'', disse ao Blog do Boleiro.
Nesta edição, o Juventude realizou uma campanha que começou com cinco vitórias seguidas. O time mostrou regularidade, chegou nas quartas de final goleando o Ypiranga (4 a 1) e, no mata mata semifinal, fez 2 a 0 sobre o Grêmio, em Caxias do Sul. ''Na volta, em Porto Alegre, jogamos com o regulamento na mão e nosso time fez o que vinha fazendo no campeonato: marcou pelo menos um gols fora de casa'', disse Zago, referindo-se à derrota por 3 a 1 que, graças ao tento de honra, levou o Juventude à decisão.
A final do Gauchão começa domingo com a primeira das duas partidas sendo disputada no estádio Alfredo Jaconi. Jogar em casa é um trunfo. ''A cidade está empolgada. Nosso objetivo ainda é subir o time para a Série B, mas se der para ser campeão, será histórico'', falou o treinador.
Antonio Carlos tem um técnico que influenciou seu modo de trabalhar: Telê Santana. É dele que Zago aprendeu a ter cuidado nos treinos, olhando cada jogador e tentando corrigir defeitos que deveriam ter sido corrigidos na base. ''''Eu tenho muita paciência. Gosto de pedir para o atleta repetir um chute, um passe, até ele fazer melhor. Aprendi com o Telê que é preciso ficar atento aos treinos de dois toques, a bola de pé para pé, as triangulações'', contou.
Da mesma maneira que Fernando Diniz, técnico do Audax, Zago diz que é preciso preparar o jogador como homem para a sociedade:. ''O atleta tem que passar por todos os fundamentos, dentro e fora do campo''.
O time do Juventude tem uma característica: vocação ofensiva. O time tenta jogar na frente. Tem um dos artilheiros do campeonato, Brenner (7 gols), que já foi contratado pelo Internacional. Mas onze atletas marcaram durante todo o torneio. O meia Hugo, aos 35 anos, é o líder da equipe. ''Ele tem família aqui em Caxias do Sul. Joga mais à frente e está muito bem'', disse Zago.