Brasileiros do futebol turco já pensam em voltar com atentado e golpe
Luciano Borges
Logo que foi avisado por um colega de time, o volante Souza ficou no apartamento onde vive em Istambul, vendo imagens do movimento de tanques de guerra nas ruas da maior cidade da Turquia. ''Ver tanques assim, assusta. O pessoal do Fenerbahce pediu para ficar em casa. É preocupante'', disse o brasileiro.
Há quem esteja mais do que preocupado. O meia Márcio Mossoró, atleta do Istambul, já fala em voltar para o Brasil. ''Se continuar este clima tenso, não vamos voltar a jogar aqui. Já falei para os dirigentes'', disse ao Blog do Boleiro por telefone. Mossoró nem está em território turco. Ele faz a pré-temporada em Salsburgo, na Áustria. ''A gente vai ficar aqui mais uma semana, mas todo mundo anda preocupado'', afirmou.
Assim que as tropas militares começaram a movimentação na capital Ancara (com vôos rasantes de jatos da aeronáutica) e em Istambul, os parentes do atletas turcos do Istambul receberam a notícia de que o governo acusou o golpe em movimento.
''No começo, achamos que era mais um ato terrorista, mas era esta coisa aí'', disse Mossoró.
Mossoró já andava preocupado depois do atentado no aeroporto de Istambul, que causou mais de 40 mortes no final do mês passado. ''Eu moro muito perto. Aliás, um dia antes (28) eu e um amigo decidimos adiar um vôo que iríamos tomar no dia 29. Ainda bem. Mas quando embarcamos para a Áustria, só de passar pela ala de embarque me senti tenso'', contou.
Tanto Souza quanto Mossoró não têm familiares vivendo na Turquia. ''Minha mulher e meus filhos estão no Rio. Isso é mais tranquilo'', disse Souza que, como Mossoró, se mostra preocupado. ''Vamos ver como as coisas vão andar. Olhei agora na janela e as ruas estão vazias. Nem sei se vamos treinar neste sábado'', falou.