O que Ingrid de Oliveira, atleta do salto ornamental, e a judoca Rafaela Silva têm em comum?

Ambas passaram por uma experiência traumática em competições internacionais, deram a volta por cima e hoje contam com a mesma profissional em coaching e motivação.

Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, Rafaela foi eliminada logo na segunda luta, desclassificada por um golpe irregular de mão. No ano seguinte foi campeã mundial.

A participação de Ingrid no Pan Americano de Toronto, no ano passado, teve momentos de baixa. Uma foto dela sentada no trampolim, usando maiô, saiu nas redes sociais e a atleta ficou chocada com os comentários escritos por homens. “Do nada, começou a aparecer um monte de homens que nunca vi na vida comentando absurdos na minha foto. Já tomei a decisão de não postar mais fotos da minha bunda no Instagram por um bom tempo”, desabafou Ingrid na época,  ao Uol.

Para piorar, ela falhou no salto duplo e meio de costas carpado e tirou nota zero.

Depois, na competição de duplas ao lado de Giovanna Pedroso (Botafogo), Ingrid conseguiu a medalha de prata, aliviando a tensão.

A atleta do Fluminense e a judoca formada no Instituto Reação, projeto do campeão Flávio Canto na Cidade de Deus – onde ela nasceu – estão sendo orientadas por Nell Salgado, uma “coach esportiva”, especialista em desenvolvimento e motivação no esporte.

Ela tem no currículo trabalhos com lutadores de MMA e jogadores de futebol, como Willians (Cruzeiro) e o meia Carlos Alberto, do Figueirense.

Nesta quarta-feira, Nell esteve com as atletas (ela também orienta a judoca Mariana Silva, até 63 quilos) na Vila Olímpica. Ela faz parte de um grupo de profissionais que trabalham com a cabeça dos competidores brasileiros. Está credenciada e acompanha de perto.

O trabalho de coach tem importância tão grande para a Rafaela Silva , que ela colocou na ficha publicada pelo COB que a profissão que gostaria de seguir é “psicóloga esportiva”.

Nell garante que as três atletas estão focadas e motivadas.

Blog do Boleiro: Como está a Ingrid para esta Olimpíada? Afinal, no Pan, ela passou dois dissabores e terminou bem. E agora?
Nell Salgado – Está muito bem! A maior dificuldade era trabalhar o principal salto dela –aquele o que ela zerou no Pan- , mas essa questão já foi corrigida. Ela está com os cinco saltos preparadíssimos.

O que você trabalhou com ela?
Trabalhamos muita auto percepção corporal para os ajustes nos saltos e visualização para aumentar a segurança .

Assim como fechar os olhos, lembrar como o corpo deve se mover e aí fazer o movimento?
Exatamente! O cérebro recria com detalhes o ambiente, a movimentação, os movimentos a serem executados e os resultados. É uma ferramenta incrível para o atleta!

Rafaela Silva durante o Mundial de 2013

E as judocas, como estão do ponto de vista motivacional?
A Rafa e a Mari são mais experientes, estão na segunda olimpíada e estão com foco total. Fizemos um trabalho muito forte de base psicológica. Elas estão muito bem preparadas para esse momento.

Curiosamente, a Rafa também vem de um erro (mão errada), só que em Londres. Já é uma coisa do passado?
Com certeza! A Rafa é uma atleta especial. Além da força mental nata, ela cresce muito sob pressão, principalmente em casa. Competir no Rio de Janeiro só traz boas lembranças e a faz crescer em confiança e motivação.

Qual a estratégia para melhorar o desempenho destas meninas?
Meu trabalho como coach é dar ferramentas para que qualquer emoção das atletas seja transformada em combustível. Nesse caso é trazer ao consciente de cada uma delas o que as trouxe até o que as trouxe até esse momento, o que elas estão indo ''buscar'' na verdade, o que ''uma medalha olímpica'' vai trazer pra vida e para a história de cada uma delas.

Esta é a ideia principal?
A idéia é sempre a motivação e a confiança. O foco está nos ganhos.