A campanha do Botafogo no Campeonato Carioca pode empolgar o torcedor. O time é líder do torneio com 19 pontos ganhos, seis vitória e um empate. Está invicto e caba de derrotar o Flamengo por 1 a 0 no Maracanã. Mas estes números não tiram o técnico Renê Simões do foco: ''O Botafogo tem a obrigação de ser campeão brasileiro'', disse ao Blog do Boleiro nesta segunda-feira. De folga, ele estava brincando com a neta quando falou sobre o motivo que considera o principal para a boa produção botafoguense. ''O grupo está comprometido''.

Na próxima semana, o Botafogo terá outro clássico pela frente enfrentando o Fluminense. Por isso, Renê deu folga ao time nesta segunda-feira e avisou que a partir de amanhã vai trabalhar duro para que a equipe supere outro grande.

Depois de trabalhar como executivo de futebol no São Paulo e no Vasco, Renê se tornou comentarista de televisão, trabalhando no Fox Sports. Mas quis voltar ao trabalho de campo. ''É onde tenho mais identificação''. Na conversa por telefone, o treinador lembrou que a unidade e o comprometimento do grupo foram formados já na escolha dos atletas convidados para jogar nesta temporada,

Blog do Boleiro – O que está fazendo o Botafogo jogar direito e ter esta campanha no Carioca?
Renê Simões – O comprometimento dos caras. Está muito legal. Nós vamos completar dois meses de trabalho no dia 8 e dá para ver o quanto eles estão imbuídos do trabalho.

Mas isso é fruto de algum trabalho de convencimento?
Isso vem desde a hora em que montamos o elenco. O perfil de cada atleta foi o dado principal para a escolha dele. Fomos pinçando um a um. Dou um exemplo: William Arão (volante). Ele jogou no Corinthians e no São Paulo. Chegou a jogar na Espanha. Aí foi descendo e tem sido emprestado desde então. Eu conversei com ele e perguntei se ele poderia dizer como não conseguiu se manter no alto. Ele me deu vários argumentos e eu disse a ele: ''Isso são desculpas. O que aconteceu é uma falta de comprometimento. Estamos lhe dando a oportunidade de dar a volta por cima, mas você precisa querer''. Hoje, ele está muito bem, comprometido com o grupo, com o time.

Outro exemplo?
O Róger (Carvalho, zagueiro). Ele também tem uma trajetória que prova que ele pode jogar em qualquer clube grande do Brasil e de fora. Mas precisava atuar com comprometimento. Na verdade, este grupo todo quer crescer na profissão, ter carimbo no passaporte.

''JÓBSON PRECISA APRENDER A LIDAR COM O SUCESSO''

O Jóbson, que é tido como jogador problema, conseguiu a vaga de titular.
O Jóbson, quando jogou comigo no Bahia, eu o recebi com carinho e muita atenção. Não deu certo. Agora decidi abandoná-lo. Ele chegou, começou a treinar e deixei claro que ele era minha quarta opção no ataque. Nos treinos, ele nem chegou a jogar. Mas durante o ''camping'' que  fizemos de 21 dias na pré-temporada, Ele percebeu que tinha de buscar o espaço. O grupo o arrastou para dentro e ele foi trabalhando e está muito bem. Agora, é aquele negócio: vale só para hoje. É preciso ter muito cuidado. Eu disse a ele que, no Bahia, ele não soube lidar com o protagonismo. Ele não sabe lidar com o sucesso.

Como assim?
Com ele, sucesso é fracasso total. Ele sabe disso e tem falado comigo sobre isto, o que é um ótimo sinal.  Ele precisa aprender a lidar com a fama, com o assédio, com as facilidades.

Time líder, invicto, isolado, com o melhor saldo de gola do Campeonato Carioca. Dá para pensar no título, não?
Dá e será o meu primeiro. Mas eu lhe faço uma pergunta? Quantos times foram campeões estaduais e depois conquistaram o Campeonato Brasileiro: se me lembro, o Cruzeiro da tríplice coroa com o Vanderlei Luxemburgo e acho que o Flamengo. Ser campeão estadual é muito bom, mas a obrigação do Botafogo é a de ser campeão brasileiro neste ano. Por isso, não fico em empolgado com a liderança no Carioca, mas fico empolgado com a produção do time.

O objetivo do ano é a conquista da Série B?
Claro que é. O Botafogo tem obrigação de ser campeão. Vou trabalhar com os jogadores para este objetivo. Vou ficar satisfeito com o ascenso, mas quero o título.

Este elenco ainda precisa de algum reforço?
Vamos avaliando aos poucos, mas acho que vamos precisar de algumas contratações pontuais Vamos ver como o grupo evolui. Para você ver, do time que jogou contra o Flamengo, cinco jogadores nunca tinham pisado no Maracanã. Trabalhei durante a semana para mostrar a eles que o clássico era mais um jogo, nada de especial. Na sexta-feira, levei o time para treinar no Maracanã. Foi a primeira vez que um time ou seleção fez isso desde a reforma do estádio. Foi a primeira vez que dirigi o time no novo Maracanã. Lá, a torcida fica muito mais próxima dos jogadores do que no Engenhão. No final, o time se comportou muito bem, especialmente no segundo tempo.

Sem falar no gol do Tomas, com aquela sorte a favor, bola na trave,  bate no goleiro e entra.
Mas você vê. O tinha vinha perdendo muitos gols no campeonato. Contra o Nova Iguaçu tivemos 23 situações de fazer o gol. Ganhamos com um gol nosso e outro contra deles. Nosso ataque tem ido bem.