Maicon saiu do São Paulo porque vaias da torcida viraram “coisa pessoal”
Luciano Borges
Maicon, 29, deve assinar contrato com o Grêmio neste sábado à tarde. O meia foi emprestado pelo São Paulo até o final do ano. O jogador pediu para sair. Motivo: ele se sentiu perseguido pela torcida que o vaiava quando jogava e mesmo quando ficava de fora. ''Virou uma coisa pessoal'', disse o atleta em entrevista ao Blog do Boleiro.
Há duas semanas, ele pediu ao técnico Muricy Ramalho que o liberasse para jogar em outra equipe. Já sabia do interesse gremista. Tem consciência de que vai jogar num clube que iniciou a temporada com maus resultados no Campeonato Gaúcho e ocupa a nona colocação. Promete muito trabalho e vai respirar o que chama de ''novos ares''.
Nesta semana, Maicon vai procurar um lugar para morar e deverá vir a São Paulo fazer a mudança e levar a família. Nos dois últimos dias, ele não treinou no CT da Barra Funda por contar de uma infecção na garganta. Nesta sexta-feira à noite, correu na esteira. ''Vou fazer mais um trabalho físico amanhã (sábado) de manhã e viajo em seguida. Se o Grêmio quiser, posso jogar rápido. Estou em forma'', garantiu.
A seguir, a conversa por telefone. Leia:
Blog do Boleiro – Por que você decidiu deixar o São Paulo?
Maicon – Um mês atrás, meu empresário (Eduardo Uram) tinha me falado que o Grêmio tinha procurado para me contratar. Fiquei animado. É um grande clube que está passando por um momento difícil, mas que é grande e vai superar esta fase. Quero agradecer ao Muricy Ramalho que entendeu quando expliquei minha situação.
O seu problema era o comportamento da torcida do São Paulo?
Sou jogador profissional. Acho que cobranças, críticas e elogios vão sempre acontecer. O que não pode acontecer é perseguição. Eu fiquei chateado com o que aconteceu na partida contra o Capivariano. Eu estava jogando bem e parte da torcida me vaiava cada vez que tocava na bola. Senti um pouco de perseguição. No jogo contra o Audax, eu estava na reserva. Fui para o aquecimento e os caras ficavam me xingando. Quando vira coisa pessoal, é complicado. Os caras vaiam quando você está jogando e xingam quando você não está. Mas pedi para sair muito mais pela proposta que recebi.
Mas deixar este ambiente ruim ajuda.
Eu preciso respirar novos ares, viver um novo ambiente.
Mas, como você mesmo disse, o Grêmio anda em dificuldades neste início de temporada.
No futebol tudo muda muito rapidamente. O time tem bons jogadores, vai contratar mais reforços, o treinador (Luiz Felipe Scolari) é muito bom. Você vai ver. O Grêmio vai melhorar e vou fazer o meu melhor lá. Estou feliz com esta oportunidade.
Para o seu estilo de jogo, o futebol gaúcho não assusta pela pegada?
Eu tenho que me adaptar ao estilo de jogo do Grêmio. Agora, todos me conhecem, sabem como jogo. Meu estilo é mais técnico. Mas vou me adaptar rapidamente. Até porque não são todos os jogadores do futebol gaúcho que são de força. O Grêmio mesmo tem caras habilidosos como o Douglas e o Giuliano. Não é só raça. Tem que ter toque de bola, gente de criação. Eu vou correr atrás do meu espaço, com muito respeito, sem sacanagem. Eu sempre procuro fazer o que é correto.
Você hoje se despediu dos jogadores, mas o empréstimo dura até o final do ano.
Depende de como vou me sair. Quem sabe o Grêmio decide me contratar. É muito complicado sair depois de três anos e dois meses. Fiz amizades muito fortes no grupo. Mesmo com os novos jogadores eu estava começando a criar laços. Eu me despedi deles, almocei com o Michel Bastos e com o Antonio Carlos. E de tarde fui ao CT da Barra Funda. Fiz questão de cumprimentar os porteiros, os seguranças, as tias da cozinha, os caras que cuidam do gramado, enfim, todo mundo. Estou feliz por ter jogado no São Paulo. Não tenho mágoas. Torço para que o São Paulo tenha muito sucesso. Eu vou atrás dos meus objetivos.