Grandes de SP e RJ mostram interesse em Crislan, artilheiro de gols bonitos
Luciano Borges
No final do ano passado, o atacante Crislan recebeu uma proposta para jogar na Coreia do Sul. Os empresários que detêm os direitos econômicos do jogador e cuidam da carreira dele, recusaram. Preferiram manter o acordo feito com o Penapolense. Querem esperar para ver o jovem piauiense ''estourar'' no futebol paulista. ''Está dando certo. Já fomos sondados por equipes grandes de São Paulo e Rio de Janeiro. Ele vai colher os frutos do que está jogando'', disse Ricardo Valério, da Nordeste Agenciamento Esportivo.
Crislan sabe disso. ''Estou desempenhando um bom futebol, mas não vou pensar nisso agora'', disse ao Blog do Boleiro.
Aos 23 anos, ele é um dos artilheiros do Campeonato Paulista. Ao lado de Rafinha, do Audax, o atacante do Penapolense já fez oito gols. Nas três últimas partidas, ele mandou a bola para as redes em seis ocasiões. Contra o Rio Claro, levou seu time à vitória com um chute perfeito de fora da área. Na derrota por 5 a 3 diante do Corinthians, marcou duas vezes. Na primeira, driblou o marcador e encobriu o goleiro Cássio.
Na última rodada, anotou outros dois tentos e ajudou sua equipe a fazer 3 a 0 sobre o Audax. Foi neste jogo que ele fez sua melhor jogada. E ela não valeu: uma bicicleta perfeita, anulada pela bandeirinha Maiza Teles Paiva. Ela estava errada. ''Depois do jogo, conversei com ela e ela até pediu desculpas'', contou Crislan. ''Mas é válido. Todo mundo erra. Somos seres humanos'', completou em tom de perdão.
Se Maiza tivesse acertado, o centroavante nascido em Teresina poderia ter feito três gols e ganhado o direito de escolher uma música no programa Fantástico. Já tinha até escolhido qual canção pediria. ''É 'Uma Nova História', do cantor gospel Fernandinho. Essa música marca minha vida, porque a cada clube que passo, a cada nova dificuldade, Deus tem uma nova história para eu seguir'', justificou o atleta que é evangélico.
Caprichar nos gols é, segundo o próprio autor, mais comum do que se pode pensar. ''No decorrer da minha carreira venho fazendo gols bonitos, de voleio, de bicicleta, de longe, por cobertura. Isto é fruto do trabalho forte que o grupo do Penapolense vem fazendo. Facilita para mim'', disse.
Mas lembra que, apesar da cotação alta do seu nome, ele tem uma missão: ''Temos um objetivo dentro do campeonato. E vou trabalhar focado nisso'', garantiu.
O Penapolense quer vaga na segunda fase do Campeonato Paulista. Projeta também disputar a Série D do Campeonato Brasileiro pelo terceiro ano consecutivo. Segundo o gerente de futebol Paulinho de Carvalho, o clube vai fazer valer a prioridade de compra de 70% dos direitos econômicos de Crislan . O custo determinado pela Nordeste é inferior a R$ 500 mil. Mas o preço do atleta para sair do Penapolense deverá subir. ''Aí vamos ver o que é melhor para a carreira dele, disse Valério.
Ele acha que está taticamente melhor preparado. O técnico PC Gusmão o coloca mais centralizado no ataque. É onde Crislan gosta mais de jogar. ''Também jogo pelos lados, mas é ali que me identifico'', falou o jogador que é fã de Paolo Guerrero. ''Admiro o futebol dele por ser da mesma posição que a minha'', explicou.
E, pelo jeito, os dois têm estilos parecidos. ''Eu sou brigador. Não desisto de nenhuma bola. Procuro sempre estar me posicionando dentro da área para ajudar o time com gols'', falou.
Crislan começou a jogar profissionalmente no River, do Piauí. Foi contratado pelo Atlético Paranaense e disputou dois estaduais pelo time B, mas não foi promovido para a equipe de cima nas edições de 2013 e 2014 do Campeonato Brasileiro. Por isso, os empresários decidiram levá-lo para o Náutico. Lá, Crislan foi titular na Série B do ano passado. Mas saiu antes do último jogo porque o time pernambucano atrasou os direitos de imagem. ''O Náutico ainda tem pendência com ele'', disse Valério.
Da passagem por Pernambuco, Crislan adquiriu um hábito diferente. ''Quando não estou trabalhando, sou muito caseiro. Gosto de descansar, jogar video game e tomar tereré, uma bebida que os uruguaios do Náutico tomavam'', disse referindo-se ao mate inventado pelos índios paraguaios.
O jovem atacante, evangélico, conta quase sempre com a presença da mãe, dona Antonia. Ele o acompanhou em Curitiba, quando ele jogou no Atlético-PR. Nesta temporada em Penapólis, ela está de novo ao lado do filho, que deixou o alojamento do CT e alugou um apartamento. Ela volta para Teresina no dia 9, depois da partida contra o São Bento. Nesta quarta-feira, passou na loja do Penapolense e comprou quatro camisas do time. ''São para minhas sobrinhas'', explicou para a vendedora.
''Minha mãe é minha relíquia, meu objeto de adoração. Não só ela, como toda minha família. Quando ela está comigo, minha ajuda muito'', falou Crislan.
Jogar em um clube grande é, para Ricardo Valério, apenas mais um estágio na carreira do jogador. ''Ele tem perfil para jogar no futebol europeu. É alto, com 1,88 metro de altura. É veloz, canhoto, joga embaixo e no alto. E tem potencial para jogar mais do que está jogando. Por isso, é importante ele passar por estágios aqui no Brasil'', disse o empresário.