Blog do Boleiro

Menos faltas. Mais jogo. Cartão para reclamação. O que muda no Brasileiro

Luciano Borges

Nas primeiras quatro rodadas do Campeonato Brasileiro, que começa neste sábado, os times vão receber – ainda no vestiário, antes das partidas – uma cópia da circular que resume toda a orientação da arbitragem para a edição de 2015: jogo duro com reclamões, menos faltas e mais bola correndo.

A distribuição deste ''caderno'' serve para suprir a falta de interesse dos clubes. Até esta sexta-feira, véspera do início do torneio, nenhum clube pediu a presença de monitores da Comissão de Arbitragem para explicar as regras do jogo aos atletas. ''Em 2014, só o Internacional pediu a presença de um isntrutor para tirar dúvidas'', disse Sérgio Corrêa, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF.

Entre outras novidades, o documento  avisa que os juízes têm ordem para advertir e até expulsar de campo o atleta que reclamar ostensivamente ou mesmo sair pedindo cartão para o adversário. Está proibida também a rodinha de jogadores pressionando o homem do apito.

Os próprios juízes serão pressionados a colocar em prática esta atitude mais dura. Caso contrário, a Comissão de Arbitragem da CBF vai punir quem não for firme com afastamento ou ''geladeira''.

Para Sérgio Corrêa, presidente da CA, trata-se de uma medida educativa. ''O futebol é reflexo da sociedade e hoje em, dia o respeito anda em falta também em outras áreas. O professor hoje em dia já não é respeitado pelos alunos nas escolas. Então, os árbitros de futebol têm que dar um exemplo. Há cerca de um mês, a UEFA soltou uma orientação no mesmo sentido. Não dá mais para ver cada lance ser polêm,ica, com cinco jogadores cercando o árbitro. Até o goleiro vai lá'', disse.

O ítem da circular número 8 diz o seguinte:

RECLAMAÇÕES CONTRA DECISÕES DA ARBITRAGEM.

Todos os árbitros designados para as competições coordenadas pela CBF que não tolerem desrespeito e atos de indisciplina de qualquer natureza às regras do futebol e aos próprios árbitros.

As recorrentes e acintosas reclamações, individuais ou em grupo, contra as decisões do árbitro e de qualquer oficial da arbitragem, tanto durante como após o encerramento das partidas, exigem adoção de medida disciplinar adequada, pois as regras do jogo o permitem e exigem.

A proximidade dos lances, critérios iguais para lances semelhantes, postura firme e destemida, o correto uso do apito e palavras firmes, mas respeitosas – nunca desafiando – são os meios mais eficazes para evitar atos dessa natureza.

Sendo assim, os árbitros que não atuem de acordo com as regras e que permitam, sem adoção das medidas disciplinares comportáveis, transgressões dessa natureza será solicitado à CA-CBF que sejam sumariamente afastados das programações, pois o futebol não pode ser vítima nem de árbitros fracos, nem de jogadores ou dirigentes indisciplinados, que atentam contra a boa conduta esportiva.

Tal fenômeno, que não é privilégio do futebol brasileiro, precisa ser freado imediatamente e com firmeza, tanto que a UEFA adotou, recentemente, punição semelhante a esta.

 

Além disso, abordar o árbitro depois do primeiro tempo ou no final da partida também deverá ser tratado com muito rigor.

Qualquer pessoa que, durante ou ao final da partida, se dirigir à equipe de arbitragem para aplaudir (de forma irônica), reclamar de qualquer marcação ou ofender a equipe de arbitragem deverá ser EXPULSA (se for jogador ou substituto) e EXCLUIDO (se oficial de equipe), devendo o fato ser registrado fielmente e em linguagem clara e objetiva no relatório da partida.

Os fatos dessa natureza ocorridos fora do campo, inclusive na saída do estádio também devem ser registrados no relatórios, inclusive entrevistas, acaso ouvidas pessoalmente, por qualquer dos integrantes da equipe de arbitragem.

Por outro lado, a Comissão da Arbitragem quer mais jogo, com bola rolando,  e menos faltas em campo. ''è uma questão de respeito ao torcedor que paga para ver um espetáculo e fica sujeito a ver estas cenas de reclamações'', justificou o homem forte do apito nacional.

CA vem adotando critérios para equilibrar o estilo de arbitragem no Brasileiro. Nos últimos anos, a preocupação é de, a cada rodada, ter cinco árbitros mais modernos, que gostam de ver o jogo correr.  Os outros cinco têm estilo mais conservador, que seguram mais a partida. ''Mas mesmo eles são orientados para deixar a bola rolar mais. Futebol é jogo de contato. Atleta que não entende isso e cai toda hora, parando a partida, que vá jogar tênis ou vôlei, com uma rede no meio'', afirmou.

Segundo levantamento da CA, o número de faltas por partida vem caindo no Campeonato Brasileiro. De 1988 a 2014, o índice foi de 53 para 32,68 infrações por jogo. O número do ano passado está um pouco acima da Copa do Mundo disputada aqui no Brasil: 30,1. ''Queremos diminuir ainda mais. O jogo tem que fluir'', decretou Corrêa.

Outras medidas tomadas na temporada passada serão mantidas: trios de arbitragem de um mesmo estado, a presença de um observador com estas equipes antes dos jogos e a ajuda de psicólogos para determinar perfis compatíveis nas arbitragens.

COMEMORAÇÕES PROIBIDAS

Comemorar gol com a torcida nas novas arenas, que não têm alambrado, também será motivo de advertência. A medida, adotada a partir do segundo semestre do ano passado, ganhou apoio da Fifa. ''Consultamos da Federação Internacional porque a regra fala em alambrado. O jogador não pode subir aquela escadinha para abraçar os torcedores. A Fifa nos respondeu dizendo que esta interpretação é a correta'', afirmou Corrêa. 

A curiosidade é que o jogador poderá ser advertido mesmo se o gol for anulado.

A orientação sobre as comemorações é esta:

COMEMORAÇÃO DE GOLS

As advertências com CA em razão de comemoração de gols devem ser mantidas mesmo quando os gols sejam anulados, pois a punição decorre da conduta antidesportiva adotada, que não se desfaz em razão da anulação do gol.

Além das recomendações da FIFA, que são reforçadas pela CA/CBF, os árbitros devem observar se a comemoração tem objetivo de zombar do adversário ou, especialmente, da torcida contrária. Em caso positivo, o infrator deve ser punido, no mínimo, com cartão amarelo. Todos os integrantes da equipe de arbitragem devem ficar atentos.

Novas arenas – Nos novos estádios, os alambrados foram substituídos por equipamentos modernos e em que há escadas móveis para facilitar o acesso do público ao campo em situações emergenciais, a subida dos atletas em tais escadas corresponde à subida nos alambrados, sem desconsiderar que a proximidade dos jogadores com o público tornou-se ainda maior, fazendo crescer o nível de risco. A aplicação, portanto, do Cartão Amarelo ao jogador que primeiro subir em tais escadas continua sendo exigida.

 

Mais uma vez, a orientação sobre bola na mão ou mão na bola está publicada na circular. É a mesma desde setembro do ano passado.

 

BOLA NA MÃO E MÃO BOLA

A marcação de falta em toque involuntário é tão errada como a não marcação quando há intenção. Os árbitros devem analisar todos os elementos para definir tais lances:

  •  o movimento da mão em direção à bola (e não da bola em direção a mão);
  •   a distancia entre o adversário e a bola (bola que chega de maneira inesperada), a posição da mãonão pressupõe necessariamente uma infração;
  • tocar a bola com um objeto segurado com a mão (roupa, caneleira etc.) constitui uma infração;
  • atingir a bola com um objeto arremessado (chuteira, caneleira, etc.) constitui uma infração.
  • Também deve ser observado: O movimento do braço ou da mão: natural ou antinatural; e,principalmente, se o jogador, se podia, tentou evitar o toque.