Crise na Fifa e CBF faz Bom Senso apostar na aprovação integral da MP
Luciano Borges
A partir da semana que vem, o Bom Senso FC vai voltar ao corpo a corpo no Congresso Nacional. A crise desencadeada na CBF, depois da detenção de onze dirigentes da Fifa, Conmebol e Concacaf – incluindo aí o vice da Confederação Brasileira, José Maria Marin – criou ventos favoráveis para quem luta pela aprovação da Medida Provisória do Refinanciamento das Dívidas dos Clubes do jeito que ela foi enviada pelo governo federal. ''O momento favorece a mudança da opinião e postura dos parlamentares que costumam apoiar a CBF'', disse o diretor executivo do BS, Ricardo Borges Martins.
Nos últimos dois dias, Ricardo tem falado com deputados por telefone. Percebeu que as denúncias de corrupção feitas pelo FBI e as ramificações que o caso pode ter no futebol brasileiro tem criado um constrangimento na defesa dos interesses da Confederação que, ao lado dos clubes, tem trabalhado a bancada da bola para alterar o texto da MP na parte em que falam das contrapartidas ao novo financiamento das dívidas fiscais e criam punições aos dirigentes que não seguirem à risca regras como a do fairplay financeiro.
Entre os presidentes de federações, o sentimento é o mesmo. Até oposicionistas do atual comando da CBF, com o presidente Marco Polo Del Nero, preferem o silêncio. ''Não sei exatamente quais são as denúncias. Não vi o processo e prefiro esperar sem fazer nenhum comentário'', disse o presidente da Federação Gaúcha de Futebol. No em tanto, ele mesmo conta que vem trocando telefonemas com colegas e os dirigentes ainda tentam entender o tamanho do problema.
Além disso, pegou mal entre os dirigentes, a entrevista dada por Delfim Pádua Peixoto Filho, de Santa Catarina, que disse estar pronto para assumir a presidência da CBF, caso Marco Polo Del Nero seja tirado do cargo por um suposto envolvimento nas acusações da polícia dos EUA. Há dois motivos: 1) Marco Polo Del Nero está no poder e não foi arrolado, além de ter avisado nesta sexta-feira que não pretende deixar a CBF tão cedo e 2) se Del Nero e Marin fosse afastados do poder, terá que ser organizada uma assembleia geral para votar um quinto vice-presidente que poderia tomar o lugar de Delfim no quesito idade.
O clima na CBF chegou ao Congresso. Na Câmara Federal, deputados que se mostravam favoráveis aos pleitos dos clubes e da CBF, estão falando em esperar para ver o que acontece antes de brigarem por alterações na MP.
''No momento atual, ficou clara a necessidade de mudança da estrutura do futebol brasileiro'', insiste Ricardo. A comissão que estuda a medida provisória tem mais 15 dias até enviar o tema para plenário. O prazo final para votação é 17 de julho.