Plano de Rosenberg: ídolos dos adversários com a camisa “Somos Todos Lusa”
Luciano Borges
Raí, Marcos e Ronaldo Nazário vestindo a camisa da Portuguesa de Desportos. O português Figo jogando pela Lusa. Intercâmbio com clubes portugueses. Apoio de grandes agremiações de São Paulo. Estes são alguns dos planos que o economista Luis Paulo Rosenberg está tocando como consultor de marketing da Lusa.
Ele planeja ajudar o clube a levar o time de volta à Série A do Campeonato Brasileiro no final do ano que vem. E aí anunciar a contratação de um craque português para jogar na temporada seguinte. “Seria algo como trazer o Quaresma para jogar”, disse ao Blog do Boleiro.
A participação dos ídolos do São Paulo, Palmeiras e Corinthians é mais imediata. Nos próximos dias, a Portuguesa lança as camisetas “Somos Todos Lusa”, que serão vestidas por atletas como Raí, Marcos e Ronaldo.
“Não só eles. Já falamos com a Sabrina Sato, o próprio Roberto Leal, gente de outros clubes. O presidente do Palmeiras Paulo Nobre vai aderir. O Andrés Sanchez (ex-presidente corintiano) também. A ideia é vender a camisa da Lusa como uma segunda pele. Afinal, a Portuguesa é o segundo time dos paulistas”, disse.
Essas camisas serão vendidas nas padarias de São Paulo. Parece piada de português, mas não é. O parceiro preferencial de Rosenberg neste início de trabalho para captar recursos são os cerca de 2.800 donos de panificadoras que têm origem lusitana. “Temos quatro mil estabelecimentos na cidade. Dois terços pertencem aos portugueses. Neste momento, conto muito com a participação deles. O Sindicato das Padarias está nos ajudando muito”, afirmou.
Esta estratégia vem sendo montada de acordo com a situação atual da Lusa.
Como a Portuguesa de Desportos está disputando a Série C do Campeonato Brasileiro, a avaliação é de que os tradicionais recursos vindos de patrocinadores, direitos de transmissão pela televisão e propaganda na camisa não são as melhores saídas.
“Temos que pensar fora da caixinha”, explicou Rosenberg. “Vamos procurar outras fontes de recursos e a campanha ‘Somos Todos Lusa’ é uma delas”, completou.
Para ajudar, o custo do futebol da Portuguesa é baixo. Hoje, a folha de pagamento está em torno de R$ 300 mil. O time, comandado pelo jovem treinador Lopes Junior (filho de Antonio Lopes) começou a jogar bem na terceira divisão. É o 4º colocado do grupo B com duas vitórias, um empate e uma derrota.
Vender camisetas foi um ótimo começo para Rosenberg quando assumiu o marketing do Corinthians em 2008, depois da queda do time para a Série B. Na época, o slogan foi “Eu nunca vou te abandonar”. Um sucesso de venda.
Mas os planos para o futuro são outros. Com a ajuda do empresário Fabiano Farah (que cuidou de Ronaldo, o Fenômeno e Marta), a Portuguesa está conversando com clubes de Portugal, especialmente Benfica, Porto e Sporting.
“Queremos trazê-los para jogar aqui. Estamos falando também em intercâmbio. A disposição dos dirigentes de lá e da Federação Portuguesa é muito grande de nos ajudar”.
Nesta quarta-feira, Rosenberg conseguiu o contato do ex-jogador Luis Figo. Quer trazê-lo para participar de um jogo amistoso vestindo a camisa da Portuguesa de Desportos.
Um outro projeto é mais polêmico porque prevê a extinção do estádio do Canindé. “A ideia é a de construir ali um empreendimento imobiliário em que a Portuguesa terá participação. O clube social poderá ter uma sede moderna, bacana, verticalizada, com quadras, teatro, piscinas, lugar para que os portugueses possam jogar sueca (um jogo de baralho) e outras comodidades”, disse Rosenberg.
Para isso, será preciso contornar entraves jurídicos. O Canindé está penhorado numa ação trabalhista. Além disso, é preciso concordância do Conselho Deliberativo.
Rosenberg acha este movimento viável. “Hoje, a oposição está num momento de grandeza e nos ajudando com ideias. O presidente da Portuguesa, Jorge Manuel Gonçalves, lidera uma diretoria extremamente jovem que quer inovar”, falou o homem que já foi vice de marketing do Corinthians.
O alvo principal destas campanhas é a torcida da Portuguesa. Segundo Rosenberg, trata-se de um contingente de apaixonados “extremamente fiéis” que recebem muito em troca. “O envolvimento deles é arraizado. Este amor não é correspondido há anos com alegrias. Eles não recebem nada em troca. É preciso dar a eles um time e uma marca que represente coisas boas”, afirmou.