Chefe do apito da CBF diz que origem do árbitro não garante neutralidade
Luciano Borges
Sérgio Corrêa, presidente da Comissão Nacional de Arbitragem, disse nesta quinta-feira que é praticamente impossível escalar quartetos de arbitragem que 1) não possam ser acusados de envolvimento no interesse de clubes de vários estados e 2) não errem pontualmente.
''Hoje, se eu for levar ao pé da letra, não posso escalar juízes de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Pernambuco nos jogos envolvendo os oito primeiros colocados da Série A. O que é neutralidade? Para mim, o árbitro quer fazer o melhor porque se errar, será suspenso e vai deixar de ganhar sua cota em dinheiro'', disse.
Por exemplo, Sandro Meira Ricci (SC) receberá a cota de R$ 3.675,00 mais R$ 500,00 de diária porque é árbitro Fifa. Um aspirante ao quadro da Federação Internacional recebe R$ 2.500,00 por jogo em que trabalha. Um novato tem cota menor: R$ 1.800,00.
Daí a disposição do dirigente em continuar com a mesma política de escolha dos quartetos que vão a sorteio nos jogos da Série A.
Por isso, na próxima rodada do Campeonato Brasileiro, a última do primeiro turno, o mesmo Sandro Meira Ricci vai apitar a partida entre Sport e Ponte Preta, em Recife, no domingo, na Ilha do Retiro. Ele terá ao lado os bandeirinhas Clovis Amaral da Silva e Francisco Chaves Bezerra Junior, e o quarto árbitro Nielson Nogueira Dias. O quarteto é quase todo de árbitros da Federação Pernambucana de Futebol. O próprio Sandro, que atua hoje pela Catarinense, trabalhou em Pernambuco até o ano passado.
Para Sérgio Corrêa, , este ''quarteto pernambucano'' sorteado para um jogo do Sport de Recife é a prova de que a CBF não vai voltar atrás na decisão de colocar árbitros e auxiliares locais para os sorteios de partidas envolvendo equipes da mesma localidade. ''O pessoal tem que se acostumar. Aqui a coisa é séria'', disse o dirigente ao Blog do Boleiro.
O Sport não parece estar se acostumando. Nesta quinta-feira, depois da derrota para o Corinthians por 4 a 3, no Itaquerão, o presidente rubro-negro Humberto Martorelli anunciou que vai à Justiça para acionar a Confederação e Luiz Flávio por danos morais e financeiros. Tudo porque 1) Luiz Flávio teria anotado erradamente uma penalidade máxima em favor do Corinthians aos 42 minutos do segundo tempo e 2) a CBF foi temerária ao colocar um quarteto paulista no sorteio para este confronto.
O presidente da Conaf discorda da reclamação do Sport. ''O Luiz Flávio acertou e foi extremamente feliz. Foi uma grande partida, com um grande público, com duas grandes equipes, um 4 a 3, tudo o que sonhamos. Uma arbitragem qualificada, jogadores disputando futebol sem reclamação'', afirmou Corrêa.
Ele aproveitou para cutucar o meia Diego Souza, do Sport, que deixou o gramado na Arena reclamando muito do juiz que anotou uma penalidade máxima, toque de mão de Rithely, que decretou a vitória corintiana.
''Ele disse que é preciso profissionalizar a arbitragem. Então me responda: os jogadores são profissionais e não erram? Fosse assim, e nenhum atacante poderia perder gol, goleiro não deveria engolir frangos. Mas isso acontece, mesmo que eles sejam profissionais. Porque o ser humano erra. Perfeição é com Deus'', disse.