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Longe do Palmeiras, Brunoro e Feitosa montam o Brasília. Eles têm autonomia

Luciano Borges

A vitória do Brasília sobre o Goiás por 2 a 0, eliminando o time goiano da Copa Sul-Americana, surpreendeu muita gente. Até mesmo os responsáveis pelo projeto de colocar o time do Distrito Federal em pé. “Depois de ontem (quarta-feira), não sei  mais nada de futebol. Viu como a equipe jogou? Parecia time grande”, disse José Carlos Brunoro, executivo de futebol.

O tom de brincadeira se justifica. O ex- homem forte do futebol do Palmeiras foi contratado pelo advogado e empresário Felipe Belmonte, que mora na Inglaterra, para estruturar o Brasília, clube que estava perto de fechar as portas. Belmonte comprou o BFC e estabeleceu uma meta. “Pretendemos estar na Série B em seis  anos”, explicou Brunoro.

Hoje, o Brasília não participa de nenhuma das quatro divisões do futebol brasileiro. Precisa se tornar campeão brasiliense para entrar na Série D. Nesta temporada, o time só tem a Sul-Americana para disputar. A vaga no torneio foi conseguida com o título da Copa Verde.

As dificuldades são imensas.

O Brasília não tem centro de treinamento nem local para concentrar, nem adversários fortes para enfrentar em amistosos. “A gente treina em lugares alugados. Estamos jogando contra times daqui. As equipes de fora estão todas disputando campeonatos”, falou Brunoro.

A base do time é de atletas de Brasília e arredores. “Começamos a montagem há três meses. Utilizamos atletas que já estavam aqui e trouxemos alguns reforços. Pedro Ayub e o Bruno Morais têm experiência até fora do país”, afirmou Brunoro.

O Brasília está agora na fase internacional do torneio, o único tem para jogar até 2016.

Para seguir em frente – o próximo adversário sairá do confronto entre Atlético Paranaense e Joinville – o time do DF vai usar as armas que ajudaram a eliminar o Goiás: estudo do adversário e tempo para treinar.

O técnico Omar Feitosa é a novidade do clube. Ex-preparador físico e gerente de futebol do Palmeiras no ano passado, ele foi chamado por Brunoro que decidiu apostar no amigo. “Ele queria ser treinador. Trabalhou com vários técnicos importantes quando era preparador físico. Ele é muito estudioso e dá treinos bons. É um profissional competitivo”, disse Brunoro.

A dupla, demitida pelo presidente palmeirense Paulo Nobre no final do ano passado, voltou à ativa montando um time praticamente do nada, com poucos recursos e com um projeto a longo prazo.

Já surpreendeu muita gente logo de cara.

Segundo Brunoro, este desafio tem uma vantagem em relação ao que fazia no Palmeiras: “A gente pelo menos tem autonomia”, disse.