Blog do Boleiro

Arquivo : agosto 2015

Investidor desmente Valdívia: “Ele nem fez contraproposta ao Palmeiras”
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Luciano Borges

O empresário Osório Henrique Furlan Junior rebatou uma das críticas feitas por Valdívia à direção do Palmeiras, em entrevista ao Estado de S. Paulo. Segundo o jogador, ele não ficou no clube porque “foi oferecido uma proposta (sic) que eu não aceitei e que não teve segunda chance de me oferecerem algo novo”. A intenção do chileno é mostrar que o presidente Paulo Nobre e o executivo de futebol Alexandre Matos diziam publicamente que queriam renovar o contrato do jogador e, internamente, não fizeram esforço para que isso acontecesse. Osório, que investiu R$ 5,5 milhões para ajudar na contratação de Valdívia, negou esta versão.

“Não é verdade. O Valdívia e o pai dele nunca apresentaram uma contraproposta ao que o Palmeiras ofereceu. Eles esperaram chegar ao prazo de seis meses quando poderiam negociar pré contrato com outras equipes. O valdívia foi empurrando até chegar este prazo. Ele não quer jogar mais no palmeiras”, disse o investidor que não teve retorno financeiro com a vinda de Valdívia. Agora, Furlan busca um acordo com Palmeiras para receber alguma compensação. O caso está sendo analisado pelo Conselho de Orientação e Fiscalização do clube.

Na entrevista publicada nesta segunda-feira, Valdívia deixou no ar que o departamento médico do Palmeiras poderia ser um dos culpados pelos longos períodos com problemas físicos. “Mas será que a culpa é do Valdivia? Se é, por que está mudando toda a estrutura médica do Palmeiras?”, disse o jogador. O Blog do Boleiro apurou que os médicos do time preferem o silêncio. Não vão responder, a menos que sejam acionados pelo comando do clube. Desde a chegada de Alexandre Matos no departamento de futebol, o setor ganhou novos equipamentos e instalações, muitos solicitados pelos mesmo médicos e fisioterapeutas que trataram de Valdívia.

Antes mesmo da definição da saída de Valdívia, já era comentário corrente na Academia que o jogador parecia mais preocupado em se preparar para a seleção chilena que disputou e ganhou a Copa América. No torneio sul-americano, o meia atuou em todas as partidas. Ele alega ser melhor cuidado pelo fisioterapeuta cubano José Amador, que trabalha na comissão técnica chilena.

O executivo de futebol Alexandre Matos preferiu ficar em silêncio nesta segunda-feira.

 

 


“Migué”, rolinho, reza para descanso. As marras de Walter, herói do Furacão
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Luciano Borges

48 minutos do segundo tempo. O Atlético Paranaense está no ataque, gastando tempo para garantir a vitória sobre o Palmeiras por um a zero, no Allianz Parque. Walter já tinha disputado a bola contra três marcadores. Um jogo de corpo aqui, uma dividida ali e ele cavou um escanteio.

De novo com a pelota em seu domínio, o atacante do time de Curitiba ficou de costas para o volante Andrei Girotto e mandou um “rolinho” humilhante entre as pernas do adversário. A torcida do Palmeiras odiou, vaiou e xingou. A partida terminou e o jogador nascido em Pernambuco, foi o herói do Furacão.

“O rolinho é minha marra de todo jogo”, disse ao Blog do Boleiro, lembrando que esta jogada em que coloca a bola entre as pernas do inimigo é sua marca registrada.

A história de Walter neste jogo, que seu ao Atlético a entrada no G4 da Série A do Campeonato Brasileiro foi feita assim: com marra, malandragem e vontade..

WALTER PEDIU PARA JOGAR

Para começar, Walter pediu para viajar até São Paulo e ficar pelo menos na reserva. Ele sofreu uma lesão muscular há três semanas. Passou sete dias sem treinar forte. Ganhou mais peso. “Eu já sofro com este problema de peso quando estou treinando. Imagine parado”, afirmou.

Ele foi liberado para treinar na semana passada. O técnico Milton Mendes estava em dúvida se levaria o atacante para ficar na reserva. “Ele está numa fase de recuperação. Ele não tinha condições de jogar os 90 minutos”, contou o treinador.

Walter, 26, pediu para acompanhar o time. “Pedi ao professor para ir ao jogo. Sem esse grupo de jogadores eu não sou nada. Precisava estar com eles. Pouca gente acreditou que eu poderia jogar”, falou o atleta que tem formas redondas. Milton Mendes decidiu levar o Walter e o deixou na reserva.

O atacante entrou em campo aos 14 da segunda etapa, no lugar de Crysan. O sol era de meio dia. “Estava calor, mas não atrapalhou. Posso estar acima do peso, mas posso correr bem”, garantiu.

COLOCAÇÃO ESTILO “MIGUÉ”

Walter fez o gol da vitória aos 31 minutos do segundo tempo. Perdeu outro, pouco antes. As duas jogadas foram parecidas: ele iniciou a jogada na direita, mandando o passe para a esquerda e buscou o segundo pau. “Eu sempre faço isso. Fico ali, meio fora da jogada e tento a conclusão. No primeiro lance eu errei e mandei a bola para o alto. Mas no segundo eu conferi”, contou.

O goleiro Fernando Prass disse que este “migué” (jargão de boleiro para fingir alguma coisa) do Walter foi fundamental. “Ele ficou ali, esperando a sobra. E ela apareceu”, falou o palmeirense.

Rafael Marques repetiu em mais de uma entrevista que o tento de Walter nasceu de uma cobrança de escanteio, jogada de bola parada. “Mas esta é minha arma forte nestes lances”, disse o atacante atleticano.

REZA E DESCANSO

Depois de mandar a bola para a rede, Walter chamou os colegas de time e falou para todo mundo ajoelhar, fazendo uma roda.

O que eles fizeram lá?

“Nós rezamos e ficamos um tempo enrolando porque correr com este calor estava matando todo mundo. Foi uma malandragem”, contou sorrindo.

Para ganhar mais tempo, Walter deixou a roda e se dirigiu até a linha de fundo, procurou um cinegrafista e fez gestos para a câmera. Aí foi trotando pela lateral direita até encontrar o técnico Milton Mendes. Ele, que tem 1m78 de altura, abraçou o professor e levantou o homem que ouviu o pedido dele de jogar. Milton ficou com os pés balançando no ar.

Só depois disso, ele voltou ao campo e o Palmeiras recomeçou o jogo. Detalhe: o gol foi marcado aos 30 minutos e a saída foi aos 31’30.

FESTA E TRABALHO DOBRADO

Depois da partida, além de comemorar com os torcedores que estavam no alto da arquibancada, no espaço reservado aos atleticanos, Walter deu entrevistas ainda no gramado.

Nelas, lembrou o episódio com Milton Mendes, repetiu mais uma vez que esta tendência a engordar é como uma praga: “Desde os 16 anos luto contra isso. Quem é gordinho sabe. Sofro com o peso. Faço tudo para jogar com o peso certo, mas é uma dificuldade”.

No vestiário, Walter foi recebido com abraços. O goleiro Weverton ganhou um agradecimento especial. “Ele me disse ainda na concentração: você vai entrar no segundo tempo e aos 32 minutos vai fazer o gol de vitória. Ele acertou a previsão”, disse o centroavante que não citou um pequeno erro: o gol saiu aos 30 minutos.

Agora, Walter sabe que vai ter uma semana daquelas até o jogo contra o Sport. “Eu vou treinar de manhã e de tarde, todos os dias até no sábado. Não vai ter jeito”, contou. “Todo mundo vai trabalhar muito”, disse o técnico Milton que garantiu: “Nós gostamos do Walter do jeito que ele é”.