Blog do Boleiro

Artilheiro, Ricardo Oliveira planeja o futuro: “Vou dirigir uma igreja”

Luciano Borges

Ricardo Oliveira tem um certeza nesta vida. Integrante da Assembleia de Deus, frequentador dos cultos no templo do Brás (bairro da tegão centro-leste de São Paulo) e pregador, o artilheiro do Campeonato Brasileiro possui um projeto de vida que faz jus ao apelido dado pelo jogadores do Santos: Pastor. ''Eu vou dirigir uma igreja'', disse ao Blog do Boleiro.

Ainda vai levar tempo. Ricardo tem 35 anos de idade. Quer continuar jogando futebol por mais algumas temporadas. E, a julgar pelo desempenho que vem tendo em campo, ele vai continuar na profissão de atleta. ''Aprendi que boa alimentação e sono, descanso apropriado, eu consigo correr com velocidade e jogar em alto nível'', afirmou.

Com os treinos e jogos do Santos, o atacante tem ido pouco aos cultos. Antes de ser contratado, no início do ano, ele vinha de um período de sete meses buscando uma equipe para jogar. Neste tempo, ele treinou sozinho, correu cerca de 40 quilômetros por semana, trabalhou em academias e ia ao Brás três vezes por semana.

Ele também ministra palestras e sermões. Agora, com menos frequência. ''Faço, mas sempre agendado. As pessoas gostam bastante. Vocês estão convidados a me ver numa próxima ocasião'', disse.

O envolvimento com a igreja pentecostal vem desde o início da carreira, na Portuguesa de Desportos. De certa forma, a fé ajudou a fazer de Ricardo Oliveira um jogador focado.

Ele é quase um mentor para o grupo jovem do Santos. Sempre que pode, dá conselhos para Gabigol, Geuvânio, Lucas Lima, Zeca e outros garotos. E usa a experiência para avisar que a vida de boleeiro não é mole. ''Toda vez que o jovem joga bem, é elogiado, vira centro das atenções, eu peço calma. Porque a empolgação pode fazer perder o foco. Um jogo ruim e os elogios vão virar críticas. Dois jogos ruins, as críticas vão aumentar. É preciso calma para estas horas'', contou.

É de Ricardo Oliveira o conselho: ''Se hoje o momento é bom, lá na frente vai piorar. Depois melhora''.

Na roda gigante da bola, o Pastor está no alto. Já marcou 29 gols na temporada. É o principal artilheiro do Campeonato Brasileiro com 16 gols. Essa marca seria maior se não tivesse perdido três cobranças de pênalti.

No Brasileiro, ele cobrou quatro penalidades máximas. Contra o São Paulo, ele bateu, Rogério Ceni espalmou e o próprio Oliveira mandou para as redes. Contra o Vasco da Gama, Atlético Paranaense e Chapecoense, o atacante não enganou os goleiros. Nas quatro ocasiões ele chutou a bola no canto direito do arqueiro.

Preocupado?

''Eu sei levar muito bem esta situação. Sempre bati pênaltis e vou continuar batendo. Sem querer tirar o mérito dos goleiros, eu que bati mal. Mas vou continuar'', afirmou sem querer revelar se pretende mudar a forma da cobrança.

Esta segurança serve também para ouvir com paciência as perguntas sobre seleção brasileira. Afinal, depois de ter sido convocado por Carlos Alberto Parreira, Zagallo e o próprio Dunga, em 2007, a passagem de Ricardo pelo futebol árabe o deixou distante da amarelinha.

Ele quer voltar a jogar no time do Brasil? ''Nunca deixei de querer. Quero sim jogar na seleção''. Não fica chateado por ter ficado de fora das últimas convocações do técnico Dunga? ''De maneira alguma. A seleção não tira meu foco de fazer o meu melhor. Se vier vai ser muito bom. Mas quero estar preparado, fazendo uma excelente temporada, tentando melhorar em campo''. 

E fora dele, Ricardo vai treinando para se tornar pastor e ter sua igreja. Nos próximos três jogos de domingo, o Santos vai encarar a Ponte Preta (Campinas), Corinthians (Itaquera) e Internacional (Vila Belmiro) às 11h00. Isso vai dar a oportunidade para o centroavante visitar o tempo do Brás. ''Vou aproveitar. Tem culto sempre aos domingos no finalzinho da tarde'', falou.