Trânsito, calor, barulho. Time de RC conhece a Índia; treinador sente dores
Luciano Borges
Roberto Carlos anda sentindo dores musculares. Tudo em nome da ISL, a Liga de Futebol da Índia, que contratou o pentacampeão mundial para ser técnico de um dos dez times do torneio, o Dehli Dynamos. No acordo com o dono da franquia, Sameer Manchanda, um empresário dono da uma rede de televisão, foi o de entrar em campo por um curto tempo e em alguns jogos, especialmente os disputados em casa. RC tem nome entre os indianos. É provavelmente o mais famoso integrante do grupo montado para esta temporada.
O time tem caras famosos como o francês Malouda e o norueguês John Riize (que jogou pelo Liverpool contra o São Paulo, no Mundial Interclubes de 2005). Possui também os brasileiros Chicão (ex-Corinthians), Gustavo dos Santos (ex-Alético Paranaense) e Vinicius (ex-Ponte Preta), além de quatro atletas da seleção da Índia. O selecionado indiano está disputando as eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo da Rússia. O time é o lanterna do Grupo D, depois de perder para Omã, Guam e Irã.
A tarefa de RC e sua comissão técnica não é das mais fáceis. Ele descobriu que os atletas locais correm atrás da bola, sem muita noção de posicionamento no campo. Nos treinos realizados na Suécia, Dinamarca e agora na Universidade de Nova Dehli, Roberto tem tentado inclusive descobrir novas posições para alguns jogadores que mostram melhor desempenho na nova função.
Fisicamente, o grupo chegou heterogêneo. O preparo dos indianos estava abaixo dos europeus e brasileiros. A exceção é o próprio Roberto Carlos que estava parado, dirigindo times na Turquia.
E estas são apenas as dificuldades do campo para dentro. Fora dos gramados, os desafios de adaptação são evidentes.
Barulho, trânsito caótico, pobreza nas ruas, calor e umidade no inverno. Para quem topou participar da ISL (Ligua de futebol da Índia) o choque de realidade no novo local de trabalho é grande. Os brasileiros que estão no Dehli Dynamos, de Nova Dehli convivem com as novidades de atuar num torneio que dura dois meses e meio, numa modalidade esportiva que sequer é a mais popular do país.
Para começar, o time foi reunido num mesmo hotel cinco estrelas. Qualquer deslocamento pela cidade que tem 250 mil habitantes que faz parte de uma área metropolitana de mais de 21 milhões, é uma tarefa árdua. Por isso, deixar todo o time num mesmo local, ajuda. Mesmo assim, o ônibus da delegação leva cerca de 40 minutos para deixar a concentração e chegar no campo de treinamento. O barulho nas ruas, com buzinas de carros, é ensurdecedor. ''É impressionante'', disse o preparador físico Walmir Cruz que, ao lado do treinador de goleiros Leandro Franco, forma a trinca da direção do time.
Os treinamentos são feitos de manhã, às 8h30, para que os atletas escapem do calor. A temperatura anda em torno dos 36 graus, podendo chegar a 38 graus. Na parte da tarde, a turma trabalha na academia do hotel. Treino à noite, nem pensar. O custo da energia elétrica é caro e o Dynamos pediu para evitar o consumo de luz nos treinamentos. ''Aqui a umidade é muito grande. O jogador mal corre e já fica todo molhado'', contou Cruz.
A alimentação também é diferente. O café da manhã segue o estilo continental dos hotéis. No almoço e jantar, o cardápio é dividido entre carboidratos (macarrão e purê de batata) e saladas. Para os indianos, pratos da culinária local, mais apimentados. Mas se um brasileiro sonhava em comer filés de carne bovina, ele descobriu que na Índia, ela terá de se contentar com peixes, frango ou porco.
No entanto, o elenco do Dehli Dynamos teve momentos de lazer. Nesta semana, o time lançou o uniforme em frente ao Taj Mahal, palácio que fica em Agra, a cerca de 200 quilômetros de Nova Dehli, considerado patrimônio da humanidade. A turma não entrou no mausoléu construído pelo príncipe Sha Jahan para a mulher Aryumand Begam. Depois, os atletas conheceram outro monumento indiano, em Nova Dehli, chamado Red Fort.
No dia 02 de outubro, Roberto Carlos e companhia estreiam na ISL jogando em Goa contra o time dirigido por Zico. RC ainda não decidiu se vai jogar ou não. Deve deixar sua estreia como técnico/jogador na primeira partida em casa. O estádio de Nova Dehli tem capacidade para 70 mil pessoas.
Veja abaixo um vídeo do Dynamos com a visita a Taj Mahal: