MP coloca organizada do Palmeiras na mira por venda indevida de ingressos
Luciano Borges
O Ministério Público de São Paulo vai aproveitar a brecha proporcionada pelo presidente do São Paulo, Carlos Augusto Barros e Silva, que admitiu dar ajuda financeira e ingressos para as torcidas organizadas, e investigar outras uniformizadas de equipes grandes do futebol paulista. Uma delas, a Mancha Alviverde, é um destes alvos.
Motivo: a suspeita de que os integrantes da Mancha burlam as regras do programa de sócio torcedor do Palmeiras. O presidente Paulo Nobre, cortou relações com a organizada. O clube não dá ingressos. Em todos os jogos do time no Allianz Parque, o setor ''Gol Norte'' (o mais barato) é ocupado por integrantes desta torcida ocupando o lado esquerdo. Todos são Sócios Avanti, pagam o plano de R$ 110,00 mensais e têm prioridade para conseguir as entradas grátis (o preço está embutido na mensalidade) por causa de frequência cem por cento.
Aí mora a desconfiança do promotor de justiça Paulo Castilho. ''É preciso acreditar que sete mil integrantes da Mancha tenham 100% de assiduidade. Não acredito que os mesmos torcedores frequentem todos os jogos. Eles passam os ingressos. Já estamos investigando esta prática'', disse ao Blog do Boleiro.
Na final da Copa do Brasil entre Palmeiras e Santos, cerca de 100 torcedores foram pegos tentando vender os ingressos para o setor norte. Na porta do estádio, na Rua Palestra Itália, um jovem vestindo camiseta da Mancha mostrava os ingressos que ele adquiriu porque tem seis carteirinhas, com os nomes dos pais e irmãos. Ele vende os ingressos mais caro e paga R$ 660,00 por mês.
Castilho entrou com pedido para abertura de inquérito contra as torcidas uniformizadas. A entrevista de Leco, o presidente do São Paulo, deu o argumento que o MP precisava para investigar o que já era dado como certo: as organizadas recebem ingressos, não utilizam todos e ainda vendem várias unidades. ''Isto se enquadra em crime de cambismo e abre a possibilidade de descobrirmos se as torcidas fazem lavagem de dinheiro e sonegação de impostos com estes ingressos'', explicou.
No pedido de inquérito, Paulo Castilho solicitou também a participação de um promotor de justiça que já atue em casos de lavagem de dinheiro.