Para Zé Roberto, quem pichou muros não é torcedor de verdade do Palmeiras
Luciano Borges
“Queremos elenco campeão”. “Cadê o futebol?”. “Acabou a paz, pilantras”. Estas são algumas da frases pichadas na entrada do Palmeiras, na sede social e onde fica a Allianz Arena. Os pichadores escreveram em branco sobre o muro verde que o apoio incodicional dado ao time nos dois últimos anos acabou. Para o lateral/volante Zé Roberto, este tipo de protesto é inédito na carreira.
E o jogador disse ao Blog do Boleiro: “Quando se chega a este ponto de pichar muros, de agredir, já não considero a pessoa que faz isso como torcedor do clube”.
Para ele, o apaixonado mantém o apoio nos bons e maus momentos. O Palmeiras está numa situação delicada na Copa Libertadores da América. É o terceiro colocado do grupo 2, com quatro pontos, e está atrás do Nacional de Montevidéu (8) e Rosario Central (7 pontos). Precisa vencer o time argentino jogando em Rosario, um verdadeiro caldeirão. E necessita derrotar, em casa, o River Plate uruguaio.
No final do ano passado, logo depois da conquista do título da Copa do Brasil, Zé Roberto chegou a deixar no ar que iria se aposentar. Mudou de ideia e decidiu jogar mais um ano pelo Palmeiras. Queria disputar e ganhar a Libertadores. Agora, mesmo diante da situação difícil do time, ele garantiu que não está arrependido daquela decisão: “ainda vamos ter conquistas neste ano. Poderia sair sem emoção, mas pelo jeito vai ser com emoção”.
Blog do Boleiro – Você viu as pichações e o protesto da torcida?
Zé Roberto – Fiquei sabendo meio por cima. A gente nem comentou a respeito. Na verdade, nunca joguei em um clube onde uma coisa como essa tenha acontecido. Esta é a primeira vez. Mas acho que quando se chega a este ponto de pichar muros, de agredir, já não considero a pessoa que faz isso como torcedor do clube.
Como assim?
Eu vejo assim: não acho que esta conduta é de um torcedor apaixonado pelo clube. O torcedor que ama o clube está com ele nos tempos bons e nos momentos difíceis. Eles vão estar junto sempre.
Mas o que está acontecendo com a equipe que não consegue atuar bem?
Num momento difícil como esse é difícil pensar e ver o que está errado. É duro achar justificativas. O clube dispensou um treinador porque achou que não estava dando. Veio outro, o Cuca, que nem teve tempo de trabalhar. Ele ainda vai colocar a forma de trabalhar dele. Mas não sei porque as coisas não estão acontecendo. Se a gente for olhar o plantel do Palmeiras vai ver que ele tem muitos jogadores de qualidade. O Cuca está fazendo trocas, experimentando. A perspectiva de melhora é grande.
Dá tempo para melhorar antes de encarar o Rosario Central?
Temos a expectativa de engrenar. Serão quatro jogos antes das duas decisões na Libertadores. Vamos ter que treinar, jogar e engrenar até lá.
Na primeira partida de Cuca, contra o Nacional, ele colocou você no meio, mais como armador.
A ideia era para enfrentar o Nacional lá. O Cuca colocou três volantes, armou o time no 4-3-3. A ideia era fortalecer a marcação e quando a gente tivesse a chance de atacar, a gente sairia comigo na no lado esquerdo e o Arouca no direito. Mas no primeiro tempo, pela maneira como o Nacional Jogou, foi muito difícil. No intervalo, o Cuca decidiu mudar a forma de jogar.
Nesta terça-feira, você não participou do treino coletivo. O Egídio jogou de lateral esquerdo.
Como eu disse. O Cuca está testando. Estou aí para colaborar. Mas trabalhei fisicamente, num trabalho individualizado.
Qual a importância de vencer estes quatro jogos? Dá mesmo confiança?
Lógico. Traz a confiança de volta. Sempre é bom ganhar. Sem falar que vai nos ajudar na pontuação geral do Campeonato Paulista e pode nos dar uma vantagem no mata mata. Hoje estamos muito próximos dos clubes de cima e também dos de baixo. Por isso vencer será muito importante.
Dá para vencer o Rosario no campo dele?
Vai ser muito difícil, mas dá. Teremos que mostrar técnica, qualidade. Vamos nos preparar para jogar uma final. Mas teremos tempo para isso. E temos que jogar como jogamos no primeiro tempo da partida de ida: sem dar espaço, marcando bem e ocupando os espaços lá na frente.
No final do ano passado, você chegou a pensar em parar de jogar. Decidiu continuar para ganhar a Libertadores. Você se arrependeu?
Não, o que é isso? Se arrependimento matasse, eu teria morrido por outras decisões que tomei na vida. Esta não. Decidir continuar pela possibilidade que apareceu de brigar por mais um título, depois da conquista da Copa do Brasil. O clube conseguiu manter quase todo o elenco e trouxe peças pontuais. Acredito muito que ainda vamos ter conquistas neste ano. Poderia sair sem emoção, mas pelo jeito vai ser com emoção (risos).
Encerra a carreira quando?
No final do ano, mas antes quero ser campeão pelo Palmeiras pelo menos mais uma vez.