Saída de diretor do SPFC frustra projeto de criar “democracia são paulina”
Luciano Borges
O empresário Luiz Antonio da Cunha estava animado com a missão de modernizar o departamento de futebol profissional do São Paulo. Tão animado que abriu mão do hobby que já fez com que ele atravessasse o Oceano Atlântico de Portugal ao Brasil e comprou um apartamento em frente ao Centro de Treinamento da Barras Funda. ''Eu estava empenhado de cabeça nesta empreitada. Vendi meu barco porque não ia mais ao litoral. E comprei o imóvel para ficar perto do CT. Eu moro em Arujá (SP)'', disse ao Blog do Boleiro o ex-diretor de futebol tricolor.
A ideia de Cunha era instalar uma gestão empresarial, mais moderna. ''Tratava-se de remover barreiras de um jeito arcaico de administrar o futebol'', falou. Quando foi escolhido para o cargo pelo presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, Cunha disse ao Blog do Boleiro que não gostava de coisas pendentes. Por isso, logo puxou Michel Bastos para uma conversa. O jogador voltou a atuar bem.
Mas o grande projeto era o de criar o que Luiz chama de ''democracia são paulina''.
''Queria trazer os jogadores para participar da discussão do Futebol, sentir o que eles estão pensando, levar a opinião deles em consideração e aplicar o que for melhor'', afirmou. Ele admitiu que o processo teria que ser mais lento. ''Teríamos que aplicar devagarinho porque isso vai mexer com hábitos arraigados e iria incomodar muita gente'', falou.
Por isso, ao ver que o peruano Cueva tinha sido contratado sem que o executivo de futebol Gustavo Oliveira o consultasse ou tivesse sua aprovação, ele pediu demissão.
Gustavo se tornou uma barreira nos planos de Cunha. Em mais de uma ocaião, o dirigente diz ter perguntado sobre o andamento das negociações para a contratação do zagueiro Maicon. Nunca recebeu uma resposta que ele considerou clara.
''Se me perguntar como está a situação do Maicon, eu não sei dizer. O Gustavo é muito fechado e se incomodava quando perguntava do tema. Vai vendo o quanto minha luta era grande'', falou.
Não é mais. Luiz Cunha garante estar aliviado com a saída. Ficou com a sensação de que não conseguiu concluir o trabalho que pretendia fazer: ''Não estava conseguindo. Caminhei e depois a estrutura não me deixou ir adiante'', constatou''.