Presidente do Santos quer mando fora da Vila Belmiro: “Não pode ter paúra”
Luciano Borges
''Vai chegar um momento em que vamos ter de mandar nossos jogos fora da Vila Belmiro. O clube não pode ter essa paúra de jogar fora''. Com esta frase, o presidente do Santos, Modesto Roma Junior, defende a ida do time de Dorival Junior para outras praças, quando tiver o mando de campo. O motivo é financeiro. Em seu estádio, o clube tem faturado pouco. Contra o São Paulo, nesta quarta-feira à noite, o borderô da partida indicou a presença de 5.552 pagantes e uma renda de R$ 342.290,00. Pouco para quem vem vencendo e subindo no Campeonato Brasileiro.
Na bola, o Santos está mandando bem. Ganhou so São Paulo por 3 a 0. O artilheiro do torneio nacional é santista: Ricardo Oliveira com 16 gols. Mesmo sem Lucas Lima em campo – ele serviu à seleção brasileira – a formação titular não perdeu.
Motivos de sobra para atrair a torcida, certo?
Modesto Roma Junior acha que não. E argumenta: ''A crise econômica é nacional. O dinheiro anda curto. O torcedor tem medo de brigas em clássicos. E jogo às 22 horas é problema: o cara tem que trabalhar cedo no dia seguinte''. O desempenho do time contra o rival tricolor não tirou do presidente uma observação: ''Quase que nossa torcida era minoria na Vila ontem'', afirmou.
A oferta de jogos do Santos para seu torcedor no prazo de um mês é grande. Depois de enfrentar Chapecoense (dia 03/09) e São Paulo (09/09) no estádio Urbano Caldeira, os santistas vão mandar jogos contra o Atlético Mineiro (16/09), Internacional (26/09) e ainda o Figueirense (dia 1 de outubro), em confronto válido pelas quartas de final da Copa do Brasil. Até aqui, um ingresso custa 100 reais, com desconto de 50% para sócios e estudantes. Até o final esta maratona em casa, o santista vai gastar algo em torno de R$ 500,00 se não for sócio ou estudante.
Daí a necessidade, seguindo Modesto, de levar o time para outras praças. ''Quando o Santos manda o jogo fora da Vila Belmiro, a gente vende por uma cota mínima mais 60% da bilheteria que ultrapassar o valor da conta. Ontem, não deve ter dado mais que 200 mil limpos'', calcula o dirigente.
Além disso, o dirigente defende que um rodízio de cidades pode atrair torcedores de diversos lugares. ''Nas praças diferentes é onde está o dinheiro'', argumenta.
Mas o Santos tem disputado seus mandos na Vila Belmiro. Por que?
Por que a comissão técnica, entenda-se Dorival Junior, tem argumentado que este é um momento especial, de crescimento da equipe. E ela se sente bem na Vila. ''A gente vive da parte técnica. Tem que jogar em casa. Na Vila, os jogadores se sentem mais confiantes. A realidade é que o time atua melhor quando está em casa'', explicou o treinador ao Blog do Boleiro.
O Santos já acumula 10 vitórias e está em sexto lugar no Brasileiro, com 37 pontos. Dorival Junior acha que este é o momento de fortalecer a equipe. E ele não quer deslizes nesta hora. ''Não pode dar bobeira. Futebol cobra preço alto. É difícil manter uma sequência de resultados positivos, ainda mais quando a perspectiva do time aumenta'', explicou referindo-se à sequência de dez partidas sem derrota no Campeonato Brasileiro e três na Copa do Brasil.
Dorival Junior quer o Santos mandando em casa. Já disse isso à diretoria do Santos, em mais de uma ocasião. Por enquanto, Modesto Roma Junior tem respeitado esta vontade. Mas avisa: ''A equipe vai ter que ganhar confiança para jogar fora, para ter 'punch' em outros lugares'', afirmou o presidente.
Dorival Junior disse que vai acatar qualquer decisão do presidente (''Respeito o que for decidido''). Mas até a ordem chegar, ele faz campanha para que o torcedor de Santos e do Santos encha a Vila Belmiro.