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Brasil x Argentina: no basquete, capitães podem trocar bandeiras pela paz

Luciano Borges

O secretário de Esporte de Alto Rendimento do Brasil, Luiz Lima, e o subsecretário de Esporte e Alto Rendimento da Argentina, Orlando ''Tato'' Moccagatta, anunciaram nesta quarta-feira o início de uma campanha para acalmar os ânimos de torcedores brasileiros e argentinos durante os Jogos Olímpicos do Rio/2016.

Os dois dirigentes conversaram e iniciaram uma campanha para que, de acordo com o ex-nadador Lima, ''o brasileiro abrace o argentino e o argentino abrace o brasileiro''.

Para isso, ''Tato'' contou que o Chancelaria da Argentina já foi procurada para que elabore mensagens de paz para os torcedores que estão em terras cariocas. Além disso, haverá uma conversa com os chefes de modalidades e os capitães das equipes. ''Queremos que cada um deles aproveite as entrevistas ou conferências de imprensa para pedir um bom comportamento de todos'', disse. Além disso, os atletas dos dois países serão estimulados a passarem recados via mídias sociais.

Depois do confronto entre Brasil e Argentina no torneio de rugby masculino, os jogadores das duas equipes se reuniram e se abraçaram. Foi o primeiro gesto do dia que mostra a disposição dos atletas olímpicos em conter o ímpeto de torcedores do futebol. Os argentinos venceram por 31 a 0. Na guerra de torcidas, vaias e até o gesto com sete dedos, lembrança da goleada que a seleção brasileira de futebol sofreu para a Alemanha no Mundial de 2014.

Neste sábado, Brasil e Argentina disputam um clássico do basquete masculino sul-americano. Os dirigentes estudam a possibilidade das equipes entrarem em quadra juntas, com cada capitão carregando a bandeira do outros país.

''É preciso neste momento a gente não trazer este mundo do futebol, onde esta rivalidade é extrema, para a Olimpíada. Temos que ter uma rivalidade positiva'', afirmou Lima. 

Desde a cerimônia de abertura da Olímpiada, os brasileiros mostram uma disposição de tornar os rivais argentinos em alvos preferenciais. Quando os atletas argentinos entraram no desfile das delegações no Maracanã, a vaia foi forte. Depois, o tenista Juan Martin Del Potro foi hostilizado no jogo em que venceu Novak Djokovic. Em outra partida de tênis reunindo Juan Martin Del Potro e o português João Sousa, dois torcedores, um brasileiro e outro argentino, brigaram e foram levados para fora da arena. A temperatura vem aumentando.

O jornal La Nación, de Buenos Aires tratou do assunto e afirmou que a história rivalidade esportiva entre Brasil e Argentina esá passando de ''festiva para perigosa''.

O clime mais ácido vem desde a Copa do Mundo no Brasil em 2014, quando o Rio de Janeiro e outras cidades conviveram com invasões argentinas e o canto provocador dos adversários, aquele ''Brasil, decime qué se siente'' (Brasil, diga-me como se sente).

A atitude hostil dos cariocas está se espalhando pelas ruas, longe dos eventos olímpicos. No texto do La Nacion, há o relato de um caso em que argentinos foram ofendidos enquanto tiravam uma foto com a bandeira do país.

Luiz Lima lembra que esta animosidade não tem sentido de existir. ''Brasileiro e argentinos têm muita coisa em comum. São dois países cercados de enormes desafios na política, economia e na estrutura esportiva. Mas sempre tive amigos atletas da Argentina que torceram por mim em Jogos Olímpicos.

Além disso, Lima chamou a atenção para um fato: em 2018, Buenos Aires será sede dos Jogos Mundiais da Juventude. ''Temos que tratar os argentinos muito bem aqui e que em Buenos Aires eles nos tratem bem''.