Jogadores da base do Grêmio dão jeito na seleção e podem render R$100 mi
Luciano Borges
Desde que o volante Wallace e o atacante Luan foram efetivados na seleção brasileira olímpica a partir da vitória sobre a Dinamarca. Desde então, o time dirigindo por Rogério Micale ganhou estabilidade e passou a fazer o que faltou nos empates com África do Sul e Iraque: gols.
Agora, na véspera da decisão da medalha de ouro diante da Alemanha, os dois garotos estão estabelecidos e devem ganhar oportunidade na seleção adulta de Tite. E deixam os dirigentes do Grêmio com a expectativa de ter dois jovens atletas mais valorizados ainda.
Juntos, eles valem no papel, algo em torno de R$ 110 milhões.
Luan, 23 anos, tem multa contratual estabelecida em R$ 100 milhões. ''Se o Gabriel Jesus foi negociado por 32 milhões de euros e o Gabriel Gabigol já está contado em 30 milhões de euros, o Luan não pode ser negociado por mesmo'', afirmou o vice presidente de futebol Alberto Guerra.
Wallace, 21, está cotado em R$ 10 milhões. Mas há a expectativa de que passe a custar mais.
Segundo Guerra, o clube ainda não recebeu proposta ou contato de clubes interessados em Luan. Mas admitiu que o Español, de Barcelona, fez uma oferta por Wallace. A resposta gremista foi ''não''.
''Esta oferta foi rechaçada. O que eles tinham era um valor muito baixo. Para sair daqui, o clube interessado terá que fazer um proposta irrecusável. Caso contrário, queremos que ele fique pelo menos até o final do ano'', disse Guerra ao Blog do Boleiro.
O jornal Sport, da Espanha, já noticiou que o Barcelona monitora Luan. O Grêmio desmente.
Nesta Olimpíada, a defesa do Brasil ainda não sofreu um gols sequer. A entrada de Wallace deu mais liberdade para Renato Augusto sair na armação. Luan passou a alimentar os ''Gabriêis'' do ataque e ainda alivia o peso da marcação em Neymar.
Já Luan, além de assistências, ele marcou um gol em cada partida onde atuou como titular contra Dinamarca (4 a 0), Colômbia (2 a 0) e Honduras (6 a 0).
Ambos gremistas passaram pelo Projeto ''Lapidar'', criado pelo então diretor de futebol executivo Rui Costa, para detectar jogadores com potencial e trabalhar nos fundamentos específicos. A ideia é aperfeiçoar cada jovem, detectando o estádio de desenvolvimento em que o jogador se encontra. Uma equipe registra cada ação dos novos atletas em vídeos e fotos, que são estudados e repassados aos meninos.
O Grêmio tem outras jóias para expôr: Everton, Pedro Rocha, Guilherme, Erik e Tilica são alguns atletas forjados na base.
Wallace chegou ao clube em 2013, quando tinha 18 anos. Veio numa troca com o Avaí, que cedeu o volante e trouxe o meia Marquinhos.
Luan também não nasceu no Olímpico. Ele passou por equipes do interior de São Paulo (América, Catanduvense e Tanabi) até chegar com 19 anos no Grêmio. Aturaram na base e no ''time de transição'' antes de serem promovidos.
''“A insistência neste processo muda o perfil e a característica do jogador para melhor. Gradativamente, a evolução tática, técnica e comportamental são facilmente vistas. Esse processo começou lá atrás e hoje o Grêmio continua o exercendo com brilhantismo”, afirmou Rui Costa.
Beto Guerra lembra que, como homem do futebol, acha que estes ''diamantes lapidados'' não estão à venda. ''Entendo que para o clube e até para o presidente (Romildo Bolzan Jr.) exista a necessidade de vender atletas para fortalecer o caixa, mas eu quero qualificar o time. Queremos o título brasileiro deste ano.'', falou.
O dirigente ressalta que esta vontade de ver o trabalho da base funcionar em campo e trazer títulos não fazem com que o Grêmio torça contra a ascensão dos jovens na seleção brasileira. ''É bom. Torcemos por eles. A gente quer o melhor para os dois. Mas o Grêmio não está colocando dos dois à venda'', garantiu.
Pelo menos até dezembro.