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Assis: R10 tem proposta de clube da Argentina e decide futuro nesta semana

Luciano Borges

Um clube da Argentina está interessado em contratar Ronaldinho Gaúcho. Esta é uma das revelações que o irmão e empresário do jogador fez em entrevista ao Blog do Boleiro. Assis Moreira, ex-meia canhoto e talentoso, disse ainda que R10 deve definir onde vai jogar ainda nesta semana.

Os irmãos estão no Brasil. Na última sexta-feira participaram de uma audiência na Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro. Ronaldinho move ação contra o Flamengo pedindo direito de imagem e verbas rescisórias do período entre 2011 e 2012. O caso segue em sigilo de justiça, mas sabe-se que as testemunhas do clube carioca – Vanderlei Luxemburgo e Zinho – não apareceram o que motivou o adiamento para setembro.

Antes disso, Ronaldinho deve estar treinando e jogando num novo clube. O Vasco da Gama, cujo presidente Eurico Miranda anunciou que estava 90% acertado com o jogador, saiu da jogada. Assis não confirma este negociação tão avançada.

No entanto, ele diz que o irmão tem proposta do Antalyaspor da Turquia, mas acrescentou equipes do Catar, Arábia Saudita, China, Brasil e até Argentina.

Aos 44 anos, ele se tornou um negociador que arranca críticas de quem acha que já acertou com ele e viu Ronaldinho ir para outra equipe.

Blog do Boleiro – Sua fama de negociador está ficando lendária. É difícil ser empresário do Ronaldinho Gaúcho?
Assis – Cara, vou te dizer. Eu tenho um atleta que é referência mundial. Isso facilita bastante, mas traz muita responsabilidade também.

Você se preparou para este trabalho?
Tenho 44 anos de idade. Desde os 11 estou dentro do mundo do futebol. Desde os 16 como atleta profissional. Isso me deu experiência para avaliar as circunstâncias diferentes de bastidores e o que acontece nesse ambiente. Eu cuido do Ronaldo desde pequeno. Eu era jogador e já olhava a carreira dele. Foi assim até sair de campo quando passei a cuidar dele em tempo integral. A decisão de parar de jogar foi a mais difícil.

Você tinha 32 anos.
Isso. Eu jogava no Montpellier, da França. Um clube maravilhoso numa cidade bacana. Fiz muito amigos lá e sei que gostam muito de mim. Acontece que naquela época coincidiu com o primeiro ano do Ronaldo no Paris Saint Germain e passei a cuidar da carreira dele mais de perto.

Neste tempo todo, doze anos, você cuidou da carreira de outros atletas?
Por conta do Ronaldo, nunca pude ter muitos outros atletas. A demanda dele é muito grande. Tenho que estar sempre consciente do que acontece com ela. Não daria para dar a mesma atenção a outros jogadores. Mas tem sido legal.

Na semana passada vocês foram ao Rio de Janeiro para uma adurência trabalhista na ação contra o Flamengo. Como foi?
A audiência foi legal. Nós estivemos lá, presentes, firmes e fortes. Foi bom (a audiência foi adiada porque as duas testemunhas do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo e Zinho, não compareceram).

O Flamengo foi uma aventura que não deu certo?
Eu era contra a ida do Ronaldo para o Flamengo. Sempre fui. Na época (janeiro de 2011), o Adriano Galliani (vice de futebol do Milan, na época) tinha nos garantido que iria liberar o Ronaldo parar jogar em outro clube. No dia daquela conferência de imprensa no Copacabana Palace, ele mudou o discurso. A gente vinha conversando com o Grêmio, Palmeiras e Flamengo. O Galliani soube que havia também o interesse da Internazionale de Milão. Por isso, deu uma declaração dizendo que o clube dele para o Ronaldo no Brasil era o Flamengo, rubro negro como o Milan. E disse isso faltando uns cinco minutos para a gente entrar na coletiva. O Flamengo também foi muito hábil e a porta do hotel estava lotada de torcedores, uns 1.500 com bandeiras gritando o nome do Ronaldo.

Mas você já tinha acertado com o Grêmio?
A gente tinha conversado. Mas não assinamos nada. Não estava nada acertado.Foi uma confusão danada. Agora, aquela coisa das caixas de som (o Grêmio preparou uma recepção no Estádio Olímpico) foi ridícula. Acabamos acertando com o Flamengo. Lembre-se que eu converso com todos interessados, mas quem decide é quem joga.

E a história do projeto com o Vasco. Ele existiu?
Você conhece os meandros do futebol. O Eurico Miranda, de quem gosto bastante, lançou um caso e tirou o foco do problema dele, que era o desempenho do Vasco no Brasileiro. Isso ajudou até estruturar o time outra vez, trocar de técnico e ver a equipe ganhar de novo. Ele fez o que fez porque achou certo para o time dele. Isso faz parte do futebol. Nem tudo que ele fez eu concordo.

Ou seja, ele lançou a história de trazer o Ronaldinho para criar um fato que tirasse o foco da crise do Vasco?
É. Ele é apaixonado pelo clube dele. Eu entendo. Temos uma relação cordial, de amigo.

E o recado do Ronaldinho via Twitter dizendo para o empresário Umit Akbulut que estaria em breve na Turquia?
O Umit é um amigo que recebe as estrelas do mundo na Turquia. Foi uma maldade que fizeram. Pegaram o cumprimento do Ronaldo para vender jornal, fabricaram uma notícia. Não sei porque tem tanta maldade. Ele sempre nos recebeu muito bem na Turquia e nada a ver com contratação. Fiquei triste pelo que aconteceu.

Mas ele recebeu ou não recebeu uma proposta do Antalyaspor?
Tive um compromisso no Japão e, coincidentemente, tinha uma escala em Istambul. Lá encontrei o presidente do Anatalyaspor. Ele me passou as ambições, o projeto deles e coimo o Ronaldo se encaixaria. O Ronaldinho vai descansar o tempo necessário e vai analisar esta proposta.

É a única proposta que ele recebeu?
Não. O Ronaldo tem mercado em muitos lugares: Catar, Arábia Saudita, China, Brasil e Argentina.

Argentina? Qual time?
Não posso dizer, mas é um projeto sério. Porque hoje é preciso saber qual o objetivo do clube interessado em ter o Ronaldo.  E nós precisamos saber porque vamos para lá ou para cá. Não é só grana. Porque o Ronaldo traz resultados.

Traz?
Veja o Querétaro. Pela primeira vez na história, o o time chegou à final do Campeonato Mexicano e não foi campeão por pouco. O Flamengo passou um tempo grande invicto. Foi campeão carioca invicto. No Atlético Mineiro, Ronaldinho foi campeão da Libertadores. Ele tem o poder de agregar o time, fazer um vestiário leve. Ele é um cara que consegue isso. Esse é o poder do Ronaldo. O Querétaro tem um grande elenco? Não tem, mas entrou para a história.

Quando o Ronaldinho vai decidir onde jogar?
Vamos conversar nesta semana. Deve ser por aí. 

O Palmeiras, maior comprador nesta temporada de 2015, não procurou você?
Não. Mas no ano passado – pouca gente sabe – conversamos. Tenho ótimo relacionamento com o presidente Paulo Nobre. O Palmeiras quis fazer negócio, mas não nos convinha. Agora tenho o maior respeito pelo Nobre. Eu digo que, no futebol, negócio que se fala antes, nunca sai. E o Palmeiras foi muito discreto. Agradeço a postura deles.

No final da história, você não se incomoda com a fama de homem mau? O cara que negocia, fala com clubes diferentes, deixa alguns esperançosos e acaba acertando com outro clube.
Se quiser conversar comigo, show de bola. Eu converso, escuto o projeto e as intenções do clube. Mas não se pode esquecer que tenho que discutis com quem vai a campo e jogar. Eu dou minha opinião, mas é o Ronaldo quem decide dentro de ''n'' propostas. Nunca assinei nada por ele. Ele precisa se sentir bem à vontade.