W. Peres diz que Seleção de 82 perdeu para Itália porque Batista não jogou
Luciano Borges
A seleção brasileira de 1982, considerada uma das melhores de todos os tempos, não foi eliminada na segunda fase da Copa do Mundo da Espanha, por causa de problemas entre os atletas. Esta é a opinião do ex-goleiro Waldir Peres, titular do time de Telê Santana, ao comentar sobre as recentes declarações do atacante Serginho de que “o ambiente não estava legal”.
“O Serginho não se dá bem com um zagueiro de jogava no Fluminense”, disse Waldir referindo-se a Edinho, ex- Flu e hoje comentarista da Sportv. “Ele nunca escondia que achava que deveria jogar no lugar do Luizinho”, completou ao Blog do Boleiro citando o zagueiro que, na época, pertencia ao Atlético Mineiro.
Peres acha, no entanto, que a desclassificação da seleção brasileira se deu por um motivo pontual: a falta de um volante pegador contra os italianos.
“O Batista tinha sido escalado pelo Telê Santana contra a Argentina para ir pegando entrosamento porque ele estava sendo preparado para enfrentar a Itália. Faltava um jogador de marcação para proteger a zaga. Mas o Diego Maradona acertou uma pancada nele e ele não pode jogar”, falou o goleiro do Brasil.
O Brasil encarou a Itália com Toninho Cerezo e Falcão de volantes. Zico e Sócrates completam o rodízio na armação, com ajuda de Éder, um falso ponta-esquerda. Serginho Chulapa era o centroavante de área, de referência.
O Brasil foi derrotado pelos italianos por 3 a 2. O selecionado brasileiro tinha a vantagem do empate. Começou perdendo aos 5 minutos, com um gol de Paulo Rossi, de cabeça. Aos 12, Sócrates empatou. Treze minutos depois, Toninho Cerezo tentou um passe cruzado. A bola foi interceptada por Rossi que avançou e fez: 2 a 1.
Na segunda etapa, Falcão empatou. Mas aos 39 minutos, Rossi fez o terceiro tento dele e da Itália. O goleiro italiano Dino Zoff ainda evitou um gol de cabeça de Oscar. O Brasil foi eliminado depois de quatro vitórias e uma derrota.
“A seleção tinha um ambiente bom. O Telê Santana, nas palestras, sempre pedia a opinião da gente sobre como deveríamos jogar. Os italianos sabiam que nosso time era ofensivo demais: Falcão, Zico, Sócrates e Éder iam para cima. Sem falar nos laterais Leandro e Júnior que subiam bastante. A seleção da Itália sabia disso e se aproveitou”, avaliou Peres.
Waldir Peres admitiu que a postura de Edinho não foi das melhores e que também havia uma tendência de atletas do futebol carioca se unirem. Mas afirma: “Estes dois focos não foram determinantes para nossa derrota. A falta do Batista na frente da zaga é que pesou”.
Toninho Cerezo, por causa do passe errado no segundo gol de Paolo Rossi foi tratado como o vilão da derrota. Ele mesmo sentiu o peso da falha, chegando a chorar em campo no Estádio Sarriá, em Barcelona, ainda no final do primeiro tempo. Levou bronca de alguns companheiros, como o lateral Junior.
O trauma desta derrota e eliminação durou – para o grupo – cerca de oito anos. Em 1990, depois de um jogo de ex-atletas na Itália, a turma de 1982 com Telê Santana jantou em um restaurante e lá foi feito um “mea culpa” geral.
Mais uma vez, os colegas de seleção – Serginho não estava – choraram e isentaram Cerezo. “Foi bonito. Acabou esta coisa de caça às bruxas. Jogamos bem, tinhamos um belo futebol, mas perdemos. Ponto”, disse Telê Santana, hoje falecido, numa fila para obter a credencial de comentarista do SBT em 90.