CBF cria força-tarefa para evitar erros do apito nas quatro rodadas finais
Luciano Borges
Quartetos de árbitros de fora. Juízes internacionais do quadro da Fifa. Cuidado para não colocar homens do apito de estados com times interessados no resultado. Estas são algumas das medidas tomadas pela Comissão de Arbitragem da CBF para, a partir da 35ª rodada, diminuir o risco de falhas nos jogos até o final do Campeonato Brasileiro.
''Queremos dar tranquilidade aos árbitros desde a logística de viagens até, e especialmente, o trabalho de campo. Hoje, todos os jogos são importantes, com disputa por vagas na Libertadores, na Sul-Americana e para fugir o rebaixamento. Isso demanda muito cuidado'', disse o presidente da comissão, Sérgio Corrêa.
Na semana passada, durante três dias, Corrêa se reuniu com os instrutores de arbitragem, representantes da Escola Nacional, da Corregedoria e da Ouvidoria para formar uma força-tarefa que estude, decida escalas e acompanhe os juízes.
Entre as medidas adotadas está a formação de quartetos de árbitros que sejam ''forasteiros''. É só olhar a escala de árbitros dos jogos do meio de semana (http://www.cbf.com.br/competicoes/brasileiro-serie-a/escala-de-arbitragem/2015#.VktPl9GFPjo) e conferir: de local só mesmo o delegado da partida.
Além disso, existe a preocupação de evitar que um juiz de fora, mas de um estado com um time diretamente interessado no resultado da partida, participe. ''Nós estamos tendo o cuidado de ver se, por exemplo, um clube do Rio de Janeiro tiver interesse numa partida entre equipes catarinenses, não escalaremos alguém do futebol carioca nem como quarto árbitro'', explicou.
Mas nem sempre será possível seguir fielmente aos princípios decididos. Um deles é colocar árbitros internacionais e experientes para comandar os jogos. Dos onze que estão no quadro do Campeonato Brasileiro, dois deles (Raphael Claus e o auxiliar Guilherme Camilo estão fazendo um curso na Colômbia). O juiz Sandro Meira Ricci, representante brasileiro na última Copa do Mundo, se recupera de uma lesão muscular e pode levar ainda duas rodadas para estar em condições de trabalhar.
Restaram oito juízes da Fifa à disposição. São dois gaúchos, dois catarinense, um carioca, um mineiro e um paulista. Dependendo da partida e dos times interessados no resultado dela, sobram muito poucas opções.
Esta ''escassez do apito'' fez com que Sérgio Corrêa coloque no sorteio dos quartetos da 36ª rodada gente que está trabalhando nesta quinta-feira. ''Corremos o risco de sortear um árbitro que possa cometer um erro num jogo importante. Mas vamos ter que correr este risco'', disse o chefe do apito nacional.
Os árbitros também terão um reforço didático. Foi criado um Portal do Árbitro. Cada juiz recebeu uma senha para acessar na internet um site com vídeos esclarecendo jogadas como bola na mão e outros lances duvidosos, de interpretação. Este Portal será utilizado a partir de agora e estendido a árbitros de todo o Brasil.
Além disso, a Comissão de arbitragem divulgou a comparação dos números entre as edições de 2015 e 2014 do Campeonato Brasileiro. Aumentaram os cartões amarelos e vermelhos. Diminuiu o índice de faltas por jogo. A ocorrência de faltas diminuiu. As advertências por reclamação dobraram. O tempo médio de bola rolando aumentou em dois minutos.
Veja os números:
Jogos: 340
Cartões amarelos:
2014 – 1481 ( 4,36 )
2015 – 1632 ( 4,80 )
Cartões vermelhos:
2014 – 65 ( 0,19 )
2015 – 98 ( 0,29 )
Faltas:
2014 – 11152 ( 32,80 )
2015 – 9686 ( 28,49 )
Cartões amarelos por reclamação
2014 – 158
2015 – 308
Rodada – 8
Tempo médio de bola em jogo
2014 – 52 min 21 seg
2015 – 54 min 21 seg
Jogos acima de 60 minutos de bola rolando
2014 – 23
2015 – 55