Além dos jogadores, Tite vai conversar com técnicos dos futuros convocáveis
Luciano Borges
Tite acredita que os jogadores de um time de futebol precisam de três toques para apreenderem o que ele quer passar técnica e taticamente. Como o Blog do Boleiro já contou, o técnico da seleção brasileira fala com o atleta, depois manda imagens em vídeo para que ele ''veja'' a situação proposta e, por fim, treina e repassa no campo. Ele cerca com todas as possibilidades.
O treinador já está adaptando este método à realidade da seleção brasileira.
Afinal, como modificar uma equipe treinada por Dunga desde o final da Copa do Mundo de 2014 e colocar em prática um novo modo de atuar sem ter mais do que três sessões de treino antes de enfrentar cada adversário das eliminatórias da Copa do Mundo? Isso, na visão otimista. A realidade vivida pelos treinadores anteriores é de duas ou até um treinamento completo, com todos os convocados.
Tite tem pressa e vai ser intenso.
Por isso, já avisou que pretende conversar com os futuros convocados, atletas que terão chance com ele (Thiago Silva, por exemplo), que podem ganhar um papel maior (Renato Augusto, Elias e Philippe Coutinho) ou que ele vai buscar para sua gestão.
Tite vai até tentar falar com os treinadores destes atletas para saber onde eles rendem melhor em campo.
A intenção é não perder tempo e já ir falando com os futuros comandados. Afinal, ele precisa ter uma equipe treinada ou conscientizada já para o confronto contra o Equador, no dia 2 de setembro. em Quito.
Mas, junto com o auxiliar Cléber Xavier e o filho Matheus Bachi, Tite já alinhou os primeiros procedimentos:
1) Vídeos pelo whatsapp
Este é um hábito criado no Corinthians. Com este recurso, os atletas podem olhar como joga o time e seus atletas adversários. Dicas específicas de posicionamento, observações como o inimigo atua, dribla, passa e também marca. Esse material será feito pelo grupo de inteligência criado e comandado por Fernando Lázaro, que já é prestador de serviço para a CBF e comanda o CIFUT do Corinthians (Centro de Inteligência do Futebol).
2) Conversa pessoal
É onde o trabalho do novo comandante da seleção brasileira começa. Filosofia de jogo (compactação, marcação, mobilidade em triângulos e forma de compor e recompor o time), exigências individuais, comprometimento com o grupo. São alguns itens destas conversas. E Tite vai ouvir o que os atletas acham.
3) Acompanhar jogadores
Tite pretende acompanhar os jogadores tanto no exterior quanto no Brasil. Ele vai pôr o pé na estrada. Pretende assistir ao vivo várias partidas para entender melhor e avaliar o maior número possível de jogadores.
4) A opinião dos técnicos
O técnico da seleção brasileira vai procurar os treinadores das equipes onde atuam selecionáveis em potencial. Ele quer saber em detalhes como estes brasileiros são aproveitados em suas equipes. Tite acha que os colegas de profissão, no Brasil e, especialmente, no exterior, vão ajudá-lo a ver onde cada atleta atua melhor taticamente.
5) Treino de campo intenso
Nas sessões de treinamento que serão realizados a partir da primeira apresentação do time para encarar Equador e Colômbia, os convocados vão ter trabalho intenso e compartimentado. Tite já fazia isso no Corinthians, com mais tempo de trabalho. Na seleção, ele vai encontrar um ritmo. No início pode incluir coletivos. E, pelo jeito, não vai haver tempo para rachões.
5) Ver o que puder dos adversários
Na primeira tentativa, um quase tornado atrapalhou a observação de Tite que foi a Chicago, nos EUA, ver como a Colômbia encarou o Chile. O jogo teve duas caras. No primeiro tempo, a marcação da saída de bola colombiana fez o time chileno deslanchar nos primeiros 15 minutos. Depois da tempestade que paralisou a partida por duas horas, a Colômbia acertou melhor e equilibrou as ações. Este é um exemplo do que Tite quer ver: como os adversários reagem à marcação dos oponentes e como podem jogar contra o Brasil. Ele tem pressa. Fernando Lázaro já está buscando os jogos de Equador para analisar.